Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) aponta que, mantido o ritmo atual de ingressantes no Ensino a Distância (EaD), a modalidade superará o formato tradicional em cinco anos. O movimento, no entanto, depende da melhor percepção do aluno sobre a qualidade do ensino dado pela internet.
O levantamento foi divulgado ontem, data em que foi comemorado um ano do Decreto nº 9.057/2017, que estabeleceu o novo marco regulatório da educação a distância. Segundo o diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, o resultado aponta para um cenário bastante otimista. “Este primeiro levantamento é um importante passo no sentido de aferir como está o processo de desenvolvimento da educação superior no Brasil. O que pudemos observar foi que a resistência ao EaD praticamente se desfaz quando o aluno sabe que a parte prática do curso é oferecida de modo presencial.”
O executivo, que também é fundador Faculdade Maurício de Nassau, faz menção à percepção de parte da população que ainda tem resistência sobre a modalidade de ensino. Segundo o estudo, 62% dos entrevistados acreditam que o EaD não é bem avaliada no mercado de trabalho e 56% dizem preferir presencial.
A pesquisa mostra ainda desconforto por parte dos alunos com a ideia de ter apenas aula virtual: 62% dizem acreditar que o EaD não oferece suporte para tirar dúvida na hora e 37% têm dificuldade com sistema de aula online.
Na contra partida, a pesquisa identificou que quando os entrevistados são informados de que o curso oferece toda a parte prática presencialmente, a resistência a fazer educação à distância cai bastante, já que 93% dos participantes ingressariam nessa modalidade se a parte prática fosse ministrada presencialmente. “Isso demonstra que boa parte da resistência que ainda notamos em relação à EAD se dá por falta de informação sobre as características da modalidade”, observa Diniz.
Entre os alunos que fariam EaD predomina o público de maior faixa (38% possui de 31 a 40 anos de idade, e 29% está acima dos 40 anos); a maioria são de classe C (58%) e provenientes de escola pública (75%). Também é predominante a parcela de pessoas que trabalham (83%) e que são casadas (62%). Outro aspecto que chama a atenção é que apenas 23% prestaram a última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
De acordo com o Censo da Educação Superior, a diferença entre o número de matrículas em cursos presenciais e EAD tem caído a cada ano, passando, respectivamente, de 80% contra 20%, em 2010, para 67% contra 33% em 2016.