Faltando menos de um mês para o primeiro turno das eleições que definirão o próximo presidente da República, a ABMES reuniu hoje (11), em Brasília/DF, representantes dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto realizadas em agosto de 2018. O objetivo foi conhecer as propostas de cada partido para pontos considerados estratégicos pelo setor particular de educação superior.
O evento Eleições 2018 – Debate da educação superior com os presidenciáveis contou com a participação de Washington Bonfim, representante do PSDB, Stavros Xanthopoylos, pelo PSL, e André Stábile, da REDE. Também estavam confirmadas as presenças de Veveu Arruda (PDT) e Ana Paula Oliveira (PODE) que, de última hora, não puderam comparecer. Por fim, vale registrar que o espaço também foi aberto ao PT, que não indicou representante.
Sob coordenação do diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, os participantes responderam perguntas elaboradas a partir de cada um dos eixos que compõem o documento Eleições 2018 – 10 propostas relevantes para a educação superior brasileira, produzido pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular.
“A realização deste encontro se tornou marco no calendário eleitoral dos que buscam ascender ao cargo de presidente, porque a educação é sabidamente fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil. E, infelizmente, o governo ainda não consegue prover, de forma adequada, acesso aos bancos escolares a todos os brasileiros”, ressaltou Diniz.
Entre propostas convergentes em alguns pontos e outras bastante divergentes, os representantes dos presidenciáveis responderam a questionamentos sobre aspectos como analfabetismo, PNE, formação de professores, inovação, avaliação, programas de inclusão social, EAD e a participação do setor privado na elaboração de políticas públicas para a área.
Panorama geral das propostas
Logo no início do evento, cada representante teve espaço para suas considerações iniciais, onde foram apresentados os principais eixos de cada uma das candidaturas.
Washington Bonfim, representante do candidato Geraldo Alckmin (PSDB), ressaltou a convergência entre o plano de governo da legenda e o decálogo elaborado pelo Fórum. “Temos discutido a prioridade da educação e vemos apenas duas coisas que talvez não estejam totalmente alinhadas. Uma é a precedência da candidatura de trabalho com relação à primeira infância. Não se trata de uma prioridade apenas do ponto educacional, mas da integração das políticas de educação, saúde e assistência social. O outro ponto consiste na reestruturação da educação básica”.
Ao pontuar os eixos convergentes, Bonfim destacou a preocupação com a erradicação do analfabetismo e a formação dos professores. “Não podemos aceitar os índices atuais de analfabetismo e analfabetismo funcional, elemento que funciona como perpetuador da desigualdade. Sobre a formação dos professores, temos convicção de que não se trata de uma das profissões mais desejadas, mas todos nós somos professores e sabemos da centralidade que ela tem. Também sabemos do papel da educação superior privada na reestruturação da formação docente”.
O representante da presidenciável Marina Silva (REDE) chamou a atenção para o que, segundo ele, consiste na recepção e na compreensão das pessoas que fazem a educação superior para a construção de uma visão sistêmica da educação. Nessa linha, André Stábile evidenciou a construção do programa de governo a partir de sete dimensões: políticas públicas; formação e captação de professores; renovação das boas práticas pedagógicas; administração dos ambientes educacionais; gestão democrática e participativa; articulação de parcerias intersetoriais e sistemas de monitoramento e avaliação de indicadores.
Para Stábile, a prioridade da candidatura à pauta da educação está, em grande parte, fundamentada na vivência da presidenciável. “Marina está colocando a educação como eixo central do desenvolvimento. Pela história de vida dela, esse é o campo que precisa de maior ênfase”. Ele também sublinhou a necessidade de maior participação do setor particular de educação no processo de discussão da base comum curricular, bem como a maior integração entre a educação superior e a básica. “Esse é o futuro para melhorar os dois setores. Não teremos como avançar se não caminharmos nessa direção”.
Por fim, Stravos Xanthopoylos, representante do candidato Jair Bolsonaro (PSL), também enfatizou a convergência de ideias entre o plano de governo da legenda e o documento elaborado pelo Fórum e acrescentou a relevância da atenção que deve ser conferida pelo governo à primeira infância. “Hoje temos 11 milhões de crianças de 0 a 4 anos que estão desamparadas educacionalmente. Como elas vão se desenvolver para que se tornem cidadãos produtivos e efetivos dessa nação?”, questionou.
Xanthopoylos chamou a atenção ainda para a precariedade da formação ofertada no ensino básico: “´é interessante ver o quanto vocês recebem alunos que não tiveram o privilégio de serem formados adequadamente”. Ele também ressaltou a necessidade de mudanças de paradigmas com relação à inovação e ao diploma. “É preciso não segmentar a educação em modalidades, mas pensar em como entregar, o objetivo da aprendizagem e a melhor forma de fazer isso. Também é necessário rasgar o paradigma do diploma e substituí-lo pela cultura do saber. É preciso flexibilizar elementos em um mundo onde as pessoas necessitam de informações rápidas para atuar”.
Programas de governo
Durante o evento foi disponibilizado o documento Eleições 2018 - Propostas dos presidenciáveis para a educação brasileira. Elaborado pela ABMES, o material consolida as propostas dos presidenciáveis para a educação, além de apresentar estatísticas sobre o contexto educacional e os resultados de pesquisa inédita sobre o que pensam estudantes e prospects sobre as políticas públicas para a área.