Detalhe

Conselho adia prazo para adaptar cursos de formação de professor

04/07/2018 | Por: Estadão | 5859

As mudanças nos cursos de ensino superior que formam professores no País foram adiadas mais uma vez, nesta terça-feira, 3, por decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE). A pedido do Ministério da Educação (MEC), o órgão aprovou a prorrogação do cumprimento de uma nova regra que aumenta de três para quatro anos a duração das licenciaturas. Agora, as instituições têm mais um ano para se adaptarem. A norma é de 2015 e essa foi a segunda vez que o prazo foi prorrogado. 

Segundo dados do MEC, apenas 23% dos cursos de licenciaturas em universidades federais já finalizaram as mudanças em seus currículos. Outros 42% ainda estão discutindo e o restante está em fase inicial de elaboração do projeto. Só 47 das 63 federais responderam à pesquisa feita pelo governo. 

Em nota, o ministériodisse que pediu a prorrogação do prazo porque os cursos precisam de tempo para se adaptar à Base Nacional Comum Curricular, aprovada no fim de 2017. Esse documento, pela primeira vez no País, prevê os objetivos de aprendizagem para todos os anos da educação infantil e fundamental. A base para o ensino médio ainda está em discussão. 

Além da duração do curso, a resolução aumenta as horas de estágio obrigatório de 300 para 400 horas e pede foco em disciplinas práticas. Tanto os dirigentes das universidades federais quanto das privadas haviam defendido prorrogar o prazo. O argumento seria os maiores gastos para as instituições, principalmente com a contratação de novos professores.

“Nas particulares, o aumento de custo vai ser exorbitante e pode ficar inviável para a população menos favorecida”, disse o conselheiro Antonio Carbonari Netto, que foi fundador da Anhanguera Educacional, grupo vendido para a Kroton. Ele se posicionou a favor da prorrogação do prazo. Foram 7 votos contrários e 11 favoráveis. 

A nova norma pede que as licenciaturas aumentem de 2,8 mil para 3,2 mil horas sua carga horária. Outros cursos superiores, como Medicina Veterinária e Enfermagem por exemplo, exigem 4 mil horas. 

Para a professora de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Márcia Ângela da Silva Aguiar, a resolução representa um esforço coletivo de anos. “Já teve uma prorrogação, fazer isso de novo significa ser contrário a que se tenha qualquer possibilidade de melhora na formação de professores no País.” Segundo ela, que vou contra, isso pode também desanimar instituições que já começaram a implementar mudanças em seus currículos. “Sucessivos adiamentos sinalizam que é melhor não fazer nada porque essa lei não vai pegar. Perde a educação”, complementou outro conselheiro, Cesar Callegari, que também votou contra.

Pesquisas mostram que os cursos de formação docente no País se dedicam muito mais aos fundamentos teóricos do que nos países com bom desempenho educacional, onde há estágios longos e bem supervisionados. No Brasil, o treinamento raramente é bem feito e falta acompanhamento de profissionais experientes. Entre os matriculados na área de Educação em 2016, cerca de 800 mil eram de cursos presenciais e 640 mil, a distância. A modalidade não presencial é considerada precária por parte dos especialistas. 

Base
Eduardo Deschamps é o novo presidente da comissão que discute a base curricular do ensino médio no CNE. Callegari deixou o cargo nesta segunda-feira, 2, após defender a devolução da proposta ao MEC, por “defeitos insanáveis”. A proposta de enviar a base de volta para a pasta será discutida em agosto. A expectativa do ministério era aprovar o texto até dezembro. 


Conteúdo Relacionado

Legislação

RETIFICAÇÃO SÚMULA DO PARECER Nº 10, DE 24 DE MAIO DE 2017

Onde se lê:"Câmara de Educação Superior ", leia-se: "Conselho Pleno ".


PARECER CES-CNE Nº 355, DE 08 DE JUNHO DE 2016

Revisão do Parecer CNE/CES nº 224/2012, que trata das Diretrizes Curriculares Nacional para os cursos de graduação em Oceanografia, bacharelado.


RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 01 DE JULHO DE 2015

Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada.


Notícias

Presidente e novos conselheiros do CNE tomam posse em Brasília

Luiz Roberto Liza Curi assume a presidência do órgão em solenidade que contou com a presença da ABMES

Ampliação carga horária do curso de formação de professores é adiado por um ano pelo CNE

Decisão do Conselho Nacional de Educação causou divergências entre conselheiros. Universidades federais alegam precisar de mais tempo para implementar mudanças

MEC anuncia o Dia D para a Base Nacional Comum Curricular

Em 2 de agosto, quase 30 mil escolas públicas de todo o país debaterão o novo currículo do ensino médio

MEC estende prazo para inscrições de bolsas remanescentes do ProUni

Ao todo, serão ofertadas 112.800 bolsas remanescentes. O período de inscrição para os alunos matriculados nas IES, no entanto, permanece até o dia 30 de abril

Pibid e Residência Pedagógica incluem instituições privadas com fins lucrativos

Para participar do Pibid e do Residência Pedagógica, as IES privadas com fins lucrativos precisam ter ao menos um curso de licenciatura vinculado ao Programa Universidade para Todos

Artigo - Sistema educacional brasileiro: uma análise crítica

Diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz, fala sobre a sustentabilidade do sistema educacional brasileiro e a necessidade de se cobrar no ensino superior mensalidades nas IES federais

Mapa do Ensino Superior no Brasil mostra queda nas matrículas em licenciaturas

Especialista alerta para risco de "apagão" de professores e sugere medidas para incentivar bacharéis a lecionar. Graduação tecnológica voltada para o mercado também tem pouca procura, segundo o estudo

Governo adia ampliação de cursos que formam professores

Esse atraso gerou críticas porque retarda o início de uma das principais ferramentas pensadas para aprimorar a formação docente

Professora alerta para apagão na formação de profissionais de ensino

A avaliação é da diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) Amábile Pacios

Diretrizes curriculares para licenciaturas: adiadas para julho de 2018

A pedido da Secretaria de Educação Básica do MEC, Conselho Nacional prorroga prazo de entrada em vigor do documento que remodela a formação docente

Coluna

Educação Superior Comentada | O papel da avaliação institucional como ferramenta de gestão pedagógica

Ano 5 - Nº 33 - 4 de outubro de 2017

Na edição desta semana, o consultor jurídico da ABMES, Gustavo Fagundes, ressalta o papel imprescindível da avaliação para o regular funcionamento das instituições de educação superior. Para ele, sendo a atuação pedagógica a atividade primordial de qualquer instituição de ensino, é inequívoca a premissa de que os procedimentos de avaliação institucional possuem como escopo suscitar a atuação das instituições para a implantação de melhorias em todos os aspectos de sua atuação, como meio necessário para o aprimoramento de sua atividade pedagógica

Educação Superior Comentada | A realização de processo seletivo diferenciado para professores das redes públicas de educação básica

Ano 5 - Nº 37 - 1º de novembro de 2017

Na edição desta semana, o consultor jurídico da ABMES, Gustavo Fagundes analisa algumas possibilidades para a formatação do processo seletivo diferenciado para professores das redes públicas de educação básica, como preconiza a Lei nº 13.478/2017

Educação Superior Comentada | Os cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados

A Coluna Educação Superior Comentada desta semana fala sobre programas genericamente chamados de cursos de complementação pedagógica que, segundo Gustavo Fagundes, têm o objetivo de ofertar aos portadores de diplomas de curso superior formados com sólida base de conhecimentos em suas respectivas áreas de estudos a habilitação para exercício do magistério

Educação Superior Comentada | Os cursos de segunda licenciatura

Na edição desta semana, o consultor jurídico da ABMES, Gustavo Fagundes, trata sobre a Resolução n °2/2015, do CNE, que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial e continuada de profissionais para a educação básica. Ele analisa, em especial, os cursos de segunda licenciatura e sua regulamentação. "É fundamental que a valorização dos profissionais do magistério saia, definitivamente, do papel e se transforme em política pública efetiva, no interesse das gerações vindouras"