A Educação a Distância (EaD) é uma grande aliada para melhorar o nível de escolaridade do brasileiro. Em quatro anos, graduações e tecnólogos da modalidade devem ter mais matrículas do que os presenciais. Pesquisa da Associação Brasileira dos Mantenedores de Ensino Superior (ABMES) mostra que a opção será a preferência de mais de 2,2 milhões de estudantes em 2023, chegando a 51% das inscrições. Hoje, são 36%.
Para especialistas, esse é um caminho para reverter os números divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na última semana. Conforme o levantamento, apenas 21% das pessoas, de 25 a 34 anos, concluíram os estudos universitários – o menor índice da América Latina.
Diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Luciano Sathler afirma ser preciso formar mais profissionais, sem deixar de lado a qualidade, e nas áreas que precisam de mão de obra. Nesse cenário, ele aponta a metodologia on-line, inclusive para quem não tem facilidade para se deslocar até uma faculdade.
Sem disponibilidade para assistir às aulas em uma universidade, Jonatan Felipe da Silva, de 21 anos, decidiu pela EaD. Matriculado em Gestão de Recursos Humanos, o auxiliar de estamparia também revela que o preço pesou na escolha. “Eu não teria como pagar o curso presencial”.
Além disso, ele conta com uma bolsa de estudos que reduz a mensalidade pela metade. Atualmente, investe 20% do salário na qualificação. “Essa é a chance de prestar o concurso público (para a Polícia Civil) e melhorar minha renda”.
De acordo com a Associação Brasileira de Educação a Distância, os cursos on-line são até um terço mais em conta do que os presenciais.
Democratização
Segundo o diretor-executivo da ABMES, Sólon Caldas, a modalidade on-line é acessível a todas as classes sociais. “Ela é de extrema importância para a democratização da educação superior no país”.
Além de melhorar os índices educacionais, a EaD é uma possibilidade de ascensão, acrescenta o Cláudio Vieira de Lima, das Faculdades Kennedy e Promove. “Trabalhadores estão retomando os estudos para ter melhores colocações no mercado de trabalho”.
“E com dedicação, prática e o auxílio ideal de tutores, os estudantes que se formam na educação a distância têm o mesmo padrão de qualidade e conhecimento que aqueles que frequentam as aulas no ambiente físico”, destaca Eliane Novato Silva, coordenadora do curso a distância de Ciências Biológicas da UFMG.
Plano Nacional de Educação
Em vigor desde 2014, o Plano Nacional de Educação (PNE) conta com 20 metas e cerca de 250 estratégias que devem ser cumpridas até 2024. O principal objetivo é universalizar o atendimento escolar em todos os níveis, modalidades e etapas educacionais.
Uma das diretrizes prevê 33% da população de 18 a 24 anos matriculada em graduações. Porém, até agora, conforme pesquisa da Associação Brasileira dos Mantenedores de Ensino Superior (Abmes), divulgada em julho, apenas 18% dos jovens estão nesse grau de instrução.
No atual ritmo, a meta será cumprida apenas em 2029, com o ingresso de mais de 3 milhões de estudantes. Diretor-presidente da Abmes, Celso Niskier afirma que políticas públicas são essenciais para atingir a meta. “É necessário uma reestruturação, com mecanismos efetivos de ampliação do acesso das pessoas ao ensino superior público e privado”.