Com mais de uma década de experiência na área comercial, Renata Formiga, de 38 anos, sentia falta de um diploma em seu currículo. Ela chegou a iniciar os cursos de Direito e Administração, mas o cansaço e a falta de tempo a fizeram adiar o sonho. Há três anos, Renata decidiu voltar às salas de aula, não numa faculdade, mas no ambiente virtual. Com disciplina e persistência, formou-se neste mês e já conseguiu um emprego na área.
— Eu posso dizer que o ensino a distância revolucionou a minha vida — agradece a recém-formada. — Hoje sou supervisora de novos negócios numa administradora de condomínios. Eu tinha a bagagem na área comercial, mas o fato de eu ter uma graduação foi determinante.
Assim como Renata, milhares de outros brasileiros encontraram no ensino a distância uma forma de conquistar o diploma universitário. De acordo com o Censo da Educação Superior, existiam em 2016 (último dado disponível) 1.494.418 matrículas em 1.662 cursos de graduação a distância, contra apenas 207.206 estudantes em 349 cursos uma década antes.
O diploma tem a mesma validade, o material didático é produzido pelos mesmos professores, mas a educação a distância ainda precisa superar a desconfiança de parte do público. Contudo, essa barreira está sendo vencida de forma acelerada, afirma Carlos Eduardo Nunes-Ferreira, pró-reitor de Graduação na Universidade Veiga de Almeida.
— A barreira entre o presencial e o on-line tende a cair. Os alunos de disciplinas presenciais, hoje, também criam grupos no WhatsApp ou no Facebook, algo que já é dado na educação a distância. O mundo caminha para isso — diz o pró-reitor.
A massificação dos smartphones deu ao ensino a distância uma enorme vantagem competitiva em relação aos cursos presenciais. Antes, os cursos a distância não exigiam presença nas salas de aula, mas requeriam um computador conectado à internet. Agora, os alunos podem estudar em qualquer lugar, a qualquer hora com o celular.
— O aluno com pouco tempo para o estudo não tinha como cursar uma faculdade ou levaria muito tempo. Agora, ele pode aproveitar o trajeto entre a casa e o trabalho para estudar — aponta Fernanda Guimarães, coordenadora de atendimento em EAD da UniCarioca.
O preço é outro atrativo. Com menos custos e mais alunos, as graduações a distância, em geral, são mais baratas que as presenciais e os estudantes economizam em transporte e alimentação.
Existem diferentes modelos de curso, sendo que uns exigem mais e outros menos a presença do estudante. De acordo com a regulamentação do Ministério da Educação, são considerados a distância cursos que tenham até 30% da carga horária presencial. Na outra ponta, são considerados presenciais cursos com até 20% da carga horária a distância. No ensino a distância, as aulas costumam ser virtuais, mas as avaliações, presenciais. Os estudantes também têm acesso à biblioteca e outras atividades oferecidas aos alunos dos cursos presenciais.
Os cursos oferecem conteúdo em vídeo, áudio e textos, além de exercícios e outras tarefas que são acompanhados por professores monitores. Em algumas instituições são oferecidas aulas ao vivo. Em fóruns, alunos e professores conversam e trocam experiências. Um cronograma é oferecido para evitar o acúmulo de material. Normalmente, o andamento dos estudos é acompanhado pelos professores, que entram em contato com os alunos que passam muito tempo sem acessar a plataforma de ensino.
RAIO-X
- Quem faz: As graduações a distância são voltadas, principalmente, para jovens adultos que já estão no mercado de trabalho e não têm tempo de frequentar uma universidade no modo presencial.
- Como escolher: A primeira sugestão é seguir a mesma lógica dos cursos presenciais: avaliar o peso do diploma no mercado de trabalho e se o custo das mensalidades cabe no seu bolso. Para avaliar a qualidade do ensino, o Ministério da Educação mantém um banco de dados sobre as faculdades credenciadas que pode ser acessado pela internet (emec.mec.gov.br).
- Vantagens: A flexibilidade é a maior vantagem da graduação feita a distância, mas ela requer disciplina e determinação dos estudantes.