O Ministério da Educação (MEC) liberou, ontem, pelo menos 10 mil novos polos de ensino a distância, ou seja, praticamente o dobro do que existe hoje. No entanto, é pouco provável que todas essas unidades entrem em operação no curto prazo devido à falta de demanda de alunos e capacidade de investimento das instituições de ensino. Especialistas do setor acreditam mais na tese de que o aumento da concorrência levará ao surgimento de novos modelos de cursos on-line.
Hoje, cerca de 200 instituições de ensino estão autorizadas a oferecer cursos online de graduação. As novas regras do governo determinam que as escolas que obtiveram do MEC o conceito 5 podem abrir 250 polos, aquelas com nota 4 têm direito a 150 unidades e as instituições classificadas com 3, que representam a maioria, podem ter 50 novos polos a cada ano.
"A tendência agora é a diversificação nos formatos dos cursos. As instituições podem, por exemplo, fazer parcerias entre elas porque nem todas têm capacidade para oferecer ensino a distância. É preciso ter recursos para investir em tecnologia e marketing. No interior, muitas escolas conseguiram o credenciamento do MEC, mas não levaram o projeto adiante por falta de escala", disse Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, sindicato do setor.
Para Luiz Trivelato, sócio da consultoria Educa Insights, as atenções do setor estavam focadas em quantidade de polos, "mas essa estratégia se quebrou com a liberação do MEC. Agora, faz mais sentido olhar o produto, conteúdo e a marca da instituição para se diferenciar", disse Trivelato. Ele pontua que esse é um caminho para concorrer com os grandes grupos que têm a seu favor a escala e dinheiro em caixa.
O analista do Santander, Bruno Giardino, também aposta que a principal tendência é a diferenciação no mercado de ensino a distância, mas lembra que há grandes companhias já preparadas para investir na abertura de polos e que vão por esse caminho. Esse é o caso da Ser Educacional que informou ontem a abertura de 100 novas unidades neste segundo semestre e a partir de 2018 usará toda a cota à qual tem direito, ou seja, 300 polos por ano.
A Kroton, autorizada a abrir 200 polos, também deve colocar em prática seu projeto de expansão, uma vez que já havia solicitado ao MEC a abertura de 232 unidades. A Estácio informou que analisará a possibilidade de abrir os polos autorizados no momento oportuno.
No entanto, essa é uma realidade para um grupo pequeno de escolas. "Não haverá uma abertura desenfreada de polos. As escolas vão analisar a viabilidade e demanda devido ao cenário econômico atual. É preciso ter pé no chão", disse Sólon Caldas, diretor executivo do ABMES, entidade das mantenedoras de ensino.
Segundo levantamento do Santander, entre as quatro companhias listadas em bolsa, a mais beneficiada com a portaria do MEC é a Anima que poderá abrir entre 350 e 450 novos polos por ano. Hoje, o grupo tem 52 unidades para essa modalidade de aprendizado para essa modalidade de aprendizado.