Detalhe

Preconceito cai e capacitação online avança

25/02/2018 | Por: Estadão | 2973

O avanço da tecnologia permite que, cada vez mais, trabalhadores corporativos, profissionais autônomos e jovens em busca de uma graduação utilizem métodos de educação à distância para se manterem atualizados e em sintonia com as necessidades do mercado. Entretanto, o aumento da oferta de instituições que trabalham com esse formato faz com que os cuidados precisem ser redobrados para que o currículo não acabe sendo prejudicado.

A artista de marmorização Tarsila Soares é uma das pessoas que usam os cursos online como forma de aumentar seu conhecimento. Ela gosta da possibilidade de poder assistir às aulas várias vezes para assimilar o conteúdo antes de passar para a próxima lição disponível. “Eu me disperso um pouco em aulas teóricas”, confessa Tarsila, que já fez quatro cursos e tenta aliá-los ao seus interesses profissionais.

“Ao longo dos anos, pararam de olhar para onde a pessoa se formou e qual curso ela fez, para entender o que esse profissional aprendeu e o que ele pode desempenhar”, diz o gerente da recrutadora Page Personnel, Renato Trindade. No passado, os cursos à distância eram vistos com certo preconceito por parte de empregadores ou até mesmo de clientes, quando o profissional era um prestador de serviço, mas a evolução do mercado favoreceu o curso online.

É o caso de Mariana Fago. Ela, que trabalhava com estética, se interessou pelos cursos online após ter uma filha e, para ficar mais tempo com ela e não parar no mercado, começou a estudar de casa. E não parou mais. “Fiz curso de gestão da produção, formação de vendas, pesquisa de mercado, marketing, assistente administrativo, atendimento ao cliente… aprendi muitas coisas novas e me atualizei nas informações”, diz. Hoje, ela é autônoma e não pensa em voltar para uma empresa, porque trabalhando por conta própria consegue obter mais renda.

“Havia uma espécie de demérito com relação ao online, mas agora as empresas já sabem que assim como existem os bons e os maus cursos presenciais, existem os bons e os maus online”, afirma o diretor de Programas e Processos Acadêmicos do FGV-IDE e responsável pelo FGV Online, Gerson Lachtermacher. Para ele, é preciso que as pessoas busquem não passar muito tempo sem ter novas capacitações. E com o curso online, diz, é uma das melhores formas de se atingir esse objetivo.

Eduardo Fadul é consultor de negócios e fez um curso de MBA em Marketing pela FGV Online. Ele não tem uma rotina definida por causa das solicitações do cliente e não faz a própria agenda. “Eu vivo em função deles. Não conseguiria fazer o curso presencial porque não poderia me comprometer. Então, optei pelo online, porque eu posso estudar quando fico livre”, diz.

Ele reconhece que teve que se esforçar para aprender e a se autodisciplinar. “Uma pessoa descompromissada não tem facilidade em um curso online.”

O vice-presidente de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Cássio Matos, acredita que as consultorias valorizam quem mantém uma sequência de estudos, seja presencial ou à distância.

“É uma questão de análise crítica do comportamento da pessoa frente a uma necessidade de atualização constante. Se essa pessoa tem feito alternadamente cursos presenciais e cursos EAD, ela está ganhando pontos sim”, acrescenta.

Com a evolução da tecnologia, há a possibilidade de ter acesso ao conhecimento oferecido por instituições de fora do Brasil, como universidades dos Estados Unidos que oferecem cursos gratuitos.

“O mercado valoriza ainda uma formação básica sólida, mas você pode ter acesso à mesma base de dados que uma elite detentora de fato tem. É muito importante na minha cabeça esse mix de uma formação básica sólida com uma atualização constante que o online proporciona”, diz o diretor da recrutadora Hays Response e Experts, Raphael Falcão.

A coordenadora do curso de Gestão da Educação Corporativa da Fundação Instituto de Administração (FIA), Marisa Eboli, diz que há áreas que podem aproveitar melhor o ensino à distância. “Cursos de matemática financeira, cursos mais técnicos, eles funcionam maravilhosamente à distância. Os bancos que digam”, afirma.

O barista Hiram Moyano optou por esse método de ensino há três anos por uma série de razões, como a flexibilidade de horários e a própria dinâmica de estudos. “Há opção de poder assistir a mesma aula quantas vezes forem necessárias até a fixação do conhecimento”, exemplifica. Ele não sente falta do professor presencial e estuda de acordo com as possibilidades do trabalho. “Isso é porque eu estabeleci uma cobrança mais leve nesse sentido. Preciso ser flexível”, comenta Moyano, que estuda na área de gastronomia, fotografia e administração de empresas.

Cuidados. Entretanto, alguns cuidados precisam ser adotados por quem pretende fazer um curso online. Matos ressalta que a instituição escolhida para estudar não pode ser “qualquer uma”. Preço, histórico da instituição, reputação frente a profissionais que se formaram lá e que posições eles ocupam nas empresas são alguns dos itens que o vice-presidente da ABRH recomenda serem observados. De acordo com ele, o mercado já sabe quais são as boas empresas que prestam bons cursos.

As redes sociais são uma boa forma para saber se a instituição escolhida é adequada. A página do LinkedIn da empresa pode apontar onde estão trabalhando algumas das pessoas que já foram alunas e as mudanças que aconteceram na carreira após o curso. Fóruns com pessoas que estão assistindo às aulas podem ajudar a decidir se o curso também é indicado.

Professores creem que métodos de ensino devem evoluir

“Nós precisamos reaprender a forma como aprendemos. Acredito que este seja um novo modelo de ensino, que vai se propagar cada vez mais nos próximos anos”, acredita Hiram Moyano.

Seu pensamento é similar ao do professor Gerson Lachtermacher, da FGV. Ele prevê que haverá um meio termo entre o ensino presencial e à distância. “O ser humano precisa se relacionar e ter o ponto de vista de outra pessoa sobre materiais diferentes”, diz. Para ele, a mistura entre cursos online e presencial é necessária, pois ambos os métodos não são “metodologias vencedoras ”.

Para a professora da FIA Marisa Eboli, o formato blended, que mescla aulas presenciais com online, já é o ideal. “Hoje existem ferramentas para dar aula somente à distância, mas com todos os alunos conectados ao mesmo tempo e tudo o que você pode fazer em sala de aula você faz numa aula pelo computador”, analisa.

Lachtermacher salienta a importância de ter autodisciplina para fazer um curso online. “É preciso aprender a ter rigidez em seus horários. Há a flexibilidade, mas é necessário er rígido com seus horários”, diz o diretor da FGV.

Também é imperativo se esforçar e se dedicar mais ao conteúdo, já que não há a presença do professor para explicar o que está sendo ensinado. Marisa aponta que um dos problemas da falta de disciplina é o acúmulo do que tem que ser estudado.

“Nós reparamos que as pessoas precisam de uma de orientação, então criamos uma espécie de guia de aprendizado. As pessoas, às vezes, precisam disso pra conseguir manter o foco, porque estudar é sempre essa questão de você se organizar”, afirma Melanie Siqueira, cofundadora da plataforma de cursos Caeli TV.

Esse é um desafios que Paulo Silveira, um dos fundadores da Alura, empresa que oferece cursos online com foco no mercado tecnológico, tenta superar. “Nossos cursos se baseiam na troca entre alunos, professores e monitores, com alunos seniores até ganhando pontos por isso. É como quando saímos da aula em um curso presencial e discutimos uma matéria no bar. Precisamos replicar isso.”

Os métodos de ensino online ainda estão em evolução e o mercado se adapta continuamente. “Existem vários modelos e ainda estamos na infância disso”, diz Silveira.


Conteúdo Relacionado

Vídeos

ABMES defende EAD na área da saúde em audiência pública na Câmara dos Deputados

A ABMES participou, nesta terça-feira (12), de audiência pública da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados que debateu o PL 5414/16, que proíbe educação a distância para cursos da área de saúde.

Expansão de cursos a distância em saúde é debatido na Câmara

A expansão da EAD para cursos da área de saúde foi debatida na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados no último dia 8. A ABMES participou da audiência pública e defendeu um modelo híbrido de formação que junte a educação a distância com uma etapa presencial.

Legislação

PORTARIA MEC Nº 370, DE 20 DE ABRIL DE 2018

Fica homologado o Parecer nº 128/2018, da Câmara de Educação Superior - CES do Conselho Nacional de Educação - CNE, referente aos processos e-MEC relacionados no Anexo desta Portaria.


PARECER CES-CNE Nº 128, DE 07 DE MARÇO DE 2018

Consulta sobre credenciamento em caráter provisório para oferta de cursos superiores na modalidade a distância.


RESOLUÇÃO MS/CNS Nº 569, DE 08 DE DEZEMBRO DE 2017

Dispõe sobre os cursos da modalidade educação a distância na área da saúde.


PORTARIA MEC 1.224, DE 22 DE SETEMBRO DE 2017

Fica nomeados, para compor a Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação - CTAA, os seguintes membros. 


PORTARIA NORMATIVA Nº 11, DE 20 DE JUNHO DE 2017

Estabelece normas para o credenciamento de instituições e a oferta de cursos superiores a distância, em conformidade com o Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017. 


DECRETO Nº 9.057, DE 25 DE MAIO DE 2017

Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.


REPUBLICADO DECRETO Nº 9.057, DE 25 DE MAIO DE 2017

Republicação do art. 9º do Decreto nº 9.057, de 25 de maio de 2017, por ter constado incorreção, quanto ao original, na Edição do Diário Oficial da União de 26 de maio de 2017, Seção 1.


PORTARIA SERES Nº 347, DE 24 DE ABRIL DE 2017

A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) poderá expedir atos autorizativos em caráter provisório, para credenciamento de polos de apoio presencial, em processos de aditamento ao ato de credenciamento EAD. 


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1, DE 14 DE JANEIRO DE 2013

Dispõe sobre os procedimentos do fluxo dos processos de regulação de reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos na modalidade EAD.


PORTARIA MEC Nº 19, DE 11 DE JANEIRO DE 2013

Ficam reconduzidos os seguintes membros da Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação - CTAA, nomeados pela Portaria MEC nº 747, de 27 de julho de 2009, publicada no Diário Oficial da União de 28 de julho de 2009:


PORTARIA INEP Nº 224, DE 28 DE JUNHO DE 2012

Designar os seguintes docentes para composição da Comissão de Revisão dos Instrumentos de Avaliação Institucional, presencial e EAD, e de Pólo de apoio presencial na Modalidade a Distância, no âmbito do Sistema Nacional de Avaliação de Educação Superior - SINAES:


PORTARIA NORMATIVA Nº 21, DE 13 DE OUTUBRO DE 2011

Fixa critérios para a revalidação de diplomas concedidos por instituições estrangeiros, nos casos específicos de cursos oferecidos na modalidade de educação a distância (EAD).


Notícias

Cursos a distância crescem 127% em um ano

Jornal da Band: o vice-presidente da ABMES, Celso Niskier, fala sobre o resultado da pesquisa "Um ano do Decreto EAD - O impacto da educação a distância na expansão do ensino superior brasileiro"

Faculdades do futuro: em 5 anos, modalidade de estudo online deve superar educação presencial no Brasil

Pesquisa também revela que "presencialidade" das aulas práticas praticamente extingue a resistência à EAD

Faculdades do futuro: em 5 anos, modalidade de estudo online deve superar educação presencial no Brasil

Pesquisa também revela que “presencialidade” das aulas práticas praticamente extingue a resistência à EAD

Número de contratos do Fies cai para o menor patamar em seis anos

Bom Dia Brasil: Sólon Caldas, diretor executivo da ABMES, fala sobre as alterações no Fies que dificultaram o acesso dos estudantes ao financiamento estudantil

Os reflexos da crise nas faculdades particulares

Correio Braziliense: "Os alunos são um público cada vez mais exigente que não aceitará pagar para não ter algo satisfatório", observa Solon Caldas

Cortes reduzem em 80% número de alunos beneficiados pelo Fies

Correio do Estado: A redução ocorreu depois de mudanças no programa, iniciadas em 2015 e que endureceram as regras para liberação do financiamento; o cenário deve piorar

Estudantes de carreiras clássicas, com até 25 anos, predominam na graduação presencial

O estudo Educação superior em Minas Gerais: contexto e perspectivas, mostra que engenharia e TI são as áreas que mais absorvem alunos

Ensino a distância dribla a crise, ganha prestígio e cresce 11% em Minas

Números estão no estudo Educação superior em Minas Gerais: contexto e perspectivas, feito pela ABMES em parceria com a Educa Insights. O levantamento usou dados do Censo da Educação Superior, feito anualmente pelo Inep, e do Enade com o objetivo de fazer um diagnóstico da educação superior no estado

EAD impulsiona educação superior em Minas Gerais

Modalidade registrou crescimento quatro vezes superior ao verificado para graduações presenciais em instituições particulares de ensino

CMN regulamenta Fies 2, que usa fundos constitucionais

Segundo o Ministério da Fazenda, as taxas de financiamento do Fies com recursos dos dois fundos terão como referência a Taxa de Longo Prazo

Prazo para inscrições no novo Fies termina hoje

A expectativa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior é que haverá uma sobra de cerca de 20% das vagas devido às dificuldade de adaptação dos alunos às regras

O EAD nas graduações de saúde

Ensino Superior a distância tem crescido e pode ser um forte instrumento para o desenvolvimento do país

Fies abre inscrições nesta segunda; saiba quem tem direito ao financiamento

Terra: Prazo vai até as 23h59 do dia 28 de fevereiro. Para o primeiro semestre deste ano, são oferecidas 155 mil vagas

Instituições de educação superior proporão ajustes nos novos instrumentos de avaliação

Anúncio foi feito durante seminário promovido pela ABMES, em Brasília, que reuniu representantes das instituições e especialistas em avaliação educacional

Polos de EAD quase dobram após nova regra do MEC

No 2º semestre de 2017, total de cadastrados subiu 85%, saltando de 7,1 mil para 13,2 mil. Alunos de fora dos grandes centros foram beneficiados

Projeto pede suspensão de portaria que regulamenta cursos a distância

O Projeto de Decreto Legislativo 733/17 foi apresentado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP)

Imagem do ensino a distância melhora

O tempo cada vez mais escasso e a sofisticação das escolas ajudam a moldar uma nova imagem para o ensino on-line

Associação e Sinep/MG fecham parceria para mais um ABMES Regional

Primeiro encontro de 2018 será realizado no mês de março em Belo Horizonte/MG

Relator defende limites ao ensino a distância na área de saúde

O texto de Átila Lira fixa, nas diretrizes curriculares nacionais, o limite para o ensino de saúde a distância

Presidente sanciona lei que cria Dia Nacional do Ensino a Distância

A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) da última segunda-feira, 15

Instituições são credenciadas para iniciar oferta de cursos

Além dos credenciamentos, o MEC autorizou a abertura de polos de apoio presencial para o ensino a distância em instituições já em funcionamento

#CARTAASSOCIADOS