Entre 2010 e 2016, Minas Gerais registrou o crescimento de 17,85% nas matrículas da educação superior, quase o dobro do percentual verificado no mesmo período para o país (9,07%). Parte desse desempenho pode ser explicado pelo crescimento da oferta de vagas na modalidade a distância: embora ainda represente um percentual bem menor em relação ao total de matrículas (23%), a EAD não só tem crescido na oferta como tem ampliado continuamente a sua participação no setor educacional mineiro.
Essa é uma das constatações da análise de cenário Educação Superior em Minas Gerais: contexto e perspectivas, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights. O levantamento utilizou dados do Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) com o objetivo de fazer um diagnóstico da educação superior no estado.
Crescimento presencial x EAD
No período analisado, a evolução das matrículas presenciais em instituições particulares foi de 11,58% ante 45,33% verificado na educação a distância. Em números absolutos, isso significa um salto de 425.341 matrículas presenciais em 2010 e para 474.610 em 2016. Na modalidade à distância, os números são 97.009 e 140.989, respectivamente. “Constatamos uma taxa de crescimento na modalidade EAD quatro vezes maior do que a verificada na modalidade presencial. Caso essa tendência permaneça, a expectativa é de que nos próximos anos diminua consideravelmente a distância entre o número de matrículas em cada uma das modalidades”, avalia o diretor executivo da ABMES, Sólon Caldas.
Outra tendência verificada pelo levantamento é a queda no número de matrículas em cursos de tecnólogos na modalidade presencial. Entre 2010 e 2016, foi constatada uma redução anual de 4,6%, em média, na quantidade de interessados. Por outro lado, esses mesmos cursos cresceram, em média, 4,9% ao ano na modalidade a distância, ou seja, houve migração de estudantes entre as duas modalidades.
Evolução de matrículas por área
O interesse por cursos na área de engenharias e TI cresceu em uma proporção de 7,2% ao ano, alcançando 26,7% do total de matrículas presenciais em 2016. Esse índice é seguido de perto por cursos na área da saúde com 3,2% de crescimento médio anual e 26,2% das matrículas em instituições particulares de educação superior mineiras. Vale registrar que o curso de Direito é o que possui isoladamente a maior presença em Minas Gerais sendo responsável por 19,5% das matrículas.
Na outra ponta está a redução significativa de interesse por cursos presenciais das áreas de educação (média de 9,6% ao ano) e negócios (3,3%), embora esta última área do conhecimento ainda seja responsável por 16,1% do total de matrículas em instituições particulares mineiras. Ao analisarmos os dados destas áreas na modalidade a distância vemos que são exatamente elas quem absorveram a maior parte do volume de novas matrículas EAD entre 2010 e 2016, o que nos indica uma migração da oferta para esta modalidade.
Outras constatações
Com relação à distribuição de matrículas por grau acadêmico, o levantamento constatou que o estado segue o comportamento nacional: há grande concentração de matrículas presenciais nos cursos de bacharelado (89%) enquanto na modalidade EAD predominam as matrículas em graduações de licenciatura (49%). Isso mostra o quanto ainda predomina na cultura do país a preferência por cursos de bacharelado vinculados a carreiras tradicionais.
A análise realizada pela ABMES em parceria com a Educa Insights também mapeou aspectos como valor médio das mensalidades dos vinte cursos com o maior volume de matrículas nas modalidades presencial e à distância e o perfil do estudante de graduação mineiro (por exemplo, 57% são mulheres; 59% trabalham; e 60% pertencem às classes C, D e E).