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Um ano após MEC mudar regra, polos de ensino a distância aumentam 133%

28/05/2018 | Por: Estadão | 4229
Foto: Gabriela Boló/Estadão

Mariane Gouveia, de 51 anos, estuda até nas brechas do trabalho. Entre uma reunião e outra como mediadora de conflitos em um centro judiciário de Praia Grande, na Baixada Santista, ela aproveita para assistir a aulas ou rever explicações na tela do celular. Mariane cursa uma graduação a distância – modalidade que cresce no País. 

Um ano após a publicação de um decreto que regulamenta a modalidade, o número de polos de ensino a distância (EAD) autorizados no Brasil cresceu 133%. Antes da regra, eram 6.583. Hoje já chegam a 15.394, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). O resultado é a capilarização do EAD no País. Entidades de classe, a maior parte ligada a carreiras da área de saúde, porém, criticam o modelo, enquanto especialistas veem risco de que a expansão resulte em queda na qualidade e falta de fiscalização.

O decreto eliminou a exigência de que o governo fizesse visitas prévias aos câmpus e deu autonomia às instituições para a criação dos próprios polos, desde que elas cumpram parâmetros de qualidade definidos pelo governo. O número de polos que podem ser criados hoje é calculado com base no Conceito Institucional (CI) da escola, obtido em avaliações feitas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep). Quanto maior o conceito, maior a qualidade. Instituições com CI igual a 3 (o mínimo satisfatório) podem ter até 50 polos; se o CI é igual a 4, o número aumenta para 150 e, se o CI é 5, a instituição pode criar até 250 polos. 

A regra também regulamentou o surgimento de centros exclusivos para educação a distância. Mas, desde maio do ano passado, isso não ocorreu. As quatro instituições credenciadas no País para oferecer apenas cursos a distância já existiam antes do decreto. 

Logística
Para Mariane, veterana de graduações presenciais, a instalação de um polo da Estácio em Praia Grande pesou na decisão pelo curso de Mediação, um tecnólogo focado na solução de conflitos judiciais. Ela trabalha e mora na cidade e, no início do curso, teve de ir mais vezes ao polo para tirar dúvidas sobre a plataforma. Hoje, elogia a possibilidade de estudar e continuar trabalhando. “Não preciso esperar terminar a faculdade para aí sim entender a prática.” 

A unidade foi uma das 171 que passaram a funcionar a partir do segundo semestre do ano passado. Segundo Aroldo Alves, vice-presidente de EAD da Estácio, a quantidade de municípios com unidades quase dobrou no período. “Vamos aos menores, para dar acesso ao ensino superior onde não seria viável a instalação de um câmpus.” 

Diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Luciano Sathler diz que as regras para a modalidade no Brasil facilitam o acesso ao ensino superior. “Antes, tínhamos um número muito grande de polos com poucas instituições.” 

Estudo. O ensino a distância não é a primeira opção de brasileiros. É o que mostra estudo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), que entrevistou 1.012 pessoas. 56% disseram preferir a graduação presencial, contra 27% que preferem o EAD.

Para Celso Niskier, vice-presidente da ABMES, porém, cresce o número de adeptos do ensino a distância, especialmente entre os mais novos. “O jovem tem compreensão maior de como a tecnologia pode ser usada no ensino.” Cursos online na área de Educação são os que registram mais matrículas.


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Áudio: Programa Brasil Notícias - Celso Niskier

Data:05/06/2018

Descrição:

Em entrevista à Rádio Record AM, o vice-presidente da ABMES Celso Niskier comenta os resultados da pesquisa "Um ano do Decreto da EAD - O impacto da educação a distância expansão do ensino superior brasileiro". A participação dele se dá entre os minutos 1'35" e 4'23".

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Legislação

DECRETO Nº 9.057, DE 25 DE MAIO DE 2017

Regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.


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