A junção da inovação com o empreendedorismo certamente está entre os fatores que projetaram Israel aos atuais patamares de desenvolvimento socioeconômico, mesmo sendo uma nação com apenas 70 anos de existência. Esta foi uma das constatações da 2ª Delegação ABMES Internacional – Israel Experience, que visitou o país entre os dias 11 e 21 de outubro de 2018.
A percepção ganhou força no terceiro dia de visitas às instituições de educação superior israelenses (16/10). Tanto o Interdisciplinary Center Herzliya (IDC) quanto o Israel Institute of Technology (Technion) enxergam na junção desses dois fatores oportunidades de sustentabilidade institucional e de progresso do país, que tem na inovação sua principal fonte de recursos financeiros.
Escola de empreendedorismo
Um dos projetos de destaque do IDC Herzliya é a The Adelson School of Entrepreneurship (ASE). A iniciativa oferta aos alunos a experiência e os recursos necessários para que sejam capazes de desenvolver a próxima geração de empreendimentos israelenses de sucesso enquanto fortalece e cultiva o ecossistema de startups do país.
A escola e os resultados alcançados pelo IDC fazem parte de uma concepção diferenciada de ensino. “Alguns cursos têm provas, mas todos os cursos têm projetos. Nosso objetivo é dar para nossos alunos instrumentos para que eles possam se reinventar e correr atrás dos novos empregos, que possam começar a se adaptar”, conta a profa. Dafna Schwartz, chefe da especialização em gestão empresarial da ASE.
Os cursos ofertados escola vão desde a criação de empreendimentos e inovação como vantagem competitiva até o treinamento para a construção de protótipos tecnológicos e geralmente envolvem parcerias com empresas já consolidadas no setor. “Todos os nossos projetos têm que se conectar com a indústria. Às vezes mandamos a pessoa para a empresa, mas também acontece de a empresa vir aqui”, explica Dafna.
Membro da delegação, o gerente de projetos da União Brasileira de Educação Católica (Ubec), Luiz Cesar Córdoba, viu no IDC a instituição de maior aderência com as IES privadas do Brasil. “Não tem o enfoque acadêmico de Nobel, de publicação de artigos, mas tem o viés comercial de retorno para o investidor que aplica o dinheiro nos projetos da instituição, o que não é demérito algum”.
Da medicina ao espaço sideral
Erguido dentro da mesma concepção do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), localizado nos Estados Unidos, o Israel Institute of Technology (Technion) está entre as principais instituições do mundo com relação aos quesitos inovação e tecnologia.
Única instituição israelense com um departamento de engenharia aeroespacial, o Technion também se orgulha de ter formado o fundador da Intel, companhia que hoje emprega 12 mil pessoas apenas em Israel, e de ter na sua trajetória dois prêmios Nobel de Medicina.
Seus maiores programas e centros de estudo estão voltados para questões como água, energia, espaço, cyber segurança, nanotecnologia, sistemas autônomos, câncer e células-tronco. Além da Intel já mencionada, a instituição também possui parceria com empresas como a Microsoft, a IBM, o Google, a Cisco, a Dell e a Phillips.
O volume de produção científica e os alcances da Technion em termos de pesquisa chamaram a atenção. “É um desafio enorme para o Brasil chegar a esse padrão de resultado, de impacto na sociedade. O que vimos aqui foi um padrão muito mais alto do que a realidade do dia a dia das instituições de ensino que representamos. Serve como benchmarking de onde se pode chegar quando há política pública voltada para inovação e desenvolvimento científico e tecnológico”, avalia o vice-presidente da ABMES Celso Niskier.
Outro fator que chamou a atenção da delegação foi como a questão militar incentiva esse tipo de desenvolvimento, já que a indústria aeronáutica foi um grande impulsionador do instituto no início. “O exemplo nosso que mais se parece com a Technion seria o ITA, que também surgiu como um instituto tecnológico voltado para a aeronáutica que adquiriu excelência mundial e impulsionou a indústria aeronáutica brasileira por meio da Embraer”, compara Niskier.
Sobre a Delegação ABMES Internacional
Composta por 40 pessoas de 17 instituições particulares de educação superior (IES) de todo o país, a missão internacional foi a Israel com o objetivo de conhecer as experiências locais, trocar conhecimento e estabelecer parcerias para a ampliação dos programas de internacionalização das instituições.