Foi-se a época em que pesava negativamente na mesa do gestor de pessoas a contratação de um profissional que tivesse feito cursos a distância. O tempo cada vez mais escasso e a sofisticação das escolas ajudam a moldar uma nova imagem para o ensino on-line. E apesar de identificarem diferenças na capacitação entre quem frequentou a sala de aula e quem se especializou pela
web, os gestores reconhecem que a qualidade e interação da educação a distância (EAD) vem se aprimorando e lhes conferindo maior credibilidade.
"Acho que para fazer uma análise e julgar se o EAD foi bom, o profissional tem sempre que se perguntar: sai diferente da formação? Foi importante? Fez sentido?", diz Rosana Daniele Marques, gerente de gestão de pessoas da Crowe Horwath. "O executivo tem que se conhecer para fazer a escolha. E a empresa também tem que observar onde o executivo se adapta e dá melhor
resultado. A reflexão tem que ser feita entre empresa e profissional", afirma.
Na Crowe, onde há incentivo financeiro para executivos que queiram se especializar, cerca de 30% dos profissionais optam em algum momento por fazer cursos a distância e a principal justificativa para esta escolha é a facilidade. "A gente sempre dá suporte aos líderes e tenta ajudá-los na escolha dos cursos. Não decidimos qual o curso, mas ajudamos a entender qual é o melhor e o mais recomendado para a sua carreira", diz a gestora.
Para a Robert Half, empresa global de recrutamento, o que pesa para o executivo é que os cursos de pós-graduação e especialização sejam feitos em escolas de primeira linha. "E se há compatibilidade do curso com a carreira do profissional. Tem que fazer sentido", diz Fernando Mantovani, diretor geral da empresa no Brasil. Ele afirma que as empresas que contratam a Half
para seleção não impõem restrições com relação a formação on-line, mas diz, no entanto, que as aulas presenciais têm riqueza na interação e o valor agregado da troca de experiências pode se mostrar na prática.
Para Mantovani, o que pesa mais na contratação de uma liderança é o seu desempenho e a trajetória profissional. "Agora, se tiver que desempatar, enquanto o mercado não conseguir validar as especializações a distância, que são relativamente novas, talvez fique a sensação que estão um degrau abaixo do presencial. E isso pode se dar pelo desconhecimento."
A Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Brasil) alerta que instituições que têm mais histórico e reputação dão mais segurança ao recrutador em termos de qualidade dos cursos. "Na questão da especialização on-line, a observação do engajamento fica prejudicada" afirma Elaine Saad, presidente da entidade. Mas é preciso reconhecer, em sua opinião, que a educação virtual democratizou o ensino.