O Ensino Superior a distância será a opção da maior parte dos estudantes que decidirem fazer uma graduação. De acordo com pesquisa realizada pela Sagah com a Educa Insights, o EAD responderá por 51% do mercado até 2023. Flexibilidade e preço são alguns dos fatores que levam o candidato ao Ensino Superior a optar por essa modalidade, nos mais diversos cursos e áreas.
Entre 2015 e 2016, enquanto o número de matrículas em cursos de graduação presencial diminuiu 1,2%, na modalidade a distância houve um aumento de 7,2%, segundo dados do Censo da Educação Superior 2016.
Na ocasião, havia aproximadamente 1,5 milhão de alunos matriculados na graduação a distância. Com a expansão crescente da modalidade de ensino, há quem aponte que o EAD poderá ser o caminho para mudar a realidade do nível superior no País. Em 2014, por exemplo, uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 79% dos brasileiros entrevistados concordavam total ou parcialmente que os cursos a distância são uma solução para levar a educação para mais pessoas. Alguns profissionais e especialistas têm destacado até mesmo que o EAD é importante para que se cumpra a meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50%, e a taxa líquida, para 33% da população de 18 a 24 anos.
Mas, apesar de todo esse crescimento, o EAD ainda encontra resistência e sofre questionamentos quanto a sua qualidade, especialmente em áreas como a da Saúde. Dentre as principais preocupações dos que são contrários ao ensino a distância está o argumento de que a modalidade não consegue atender às necessidades que o exercício da profissão requer. Outro ponto levantado é de que a área de Saúde demanda contato e cuidados diários e diretos com pessoas enfermas, o que obriga à formação teórico-prática, além de grande carga de estágios curriculares, impossíveis de serem, todos, cumpridos a distância e mediados tecnologicamente.
Nesse sentido, os contrários à medida explicam que a segurança no trato à saúde das pessoas poderia ser prejudicada, uma vez que conhecimentos teóricos e técnicos talvez não fossem garantidos devido à metodologia. Eles ainda acreditam que não se pode realizar a formação adequada de um profissional de saúde sem o contato e a integração com a sua comunidade.
Assessor jurídico da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Bruno Coimbra faz importantes ressalvas com relação aos argumentos contrários a tal oferta. Para o assessor, dentre algumas premissas equivocadas sobre o EAD nos cursos de Saúde estão a ideia de que não há atividades presenciais e de que nenhuma disciplina da área de Saúde, como por exemplo as do curso de enfermagem, pode ser ofertada a distância.
Sobre esse aspecto, Coimbra esclarece que, atualmente, os cursos de enfermagem existentes na modalidade EAD, por exemplo, têm atividades presenciais. Esses cursos são avaliados pelo MEC, o que, para o assessor, garante a eficiência do processo de ensino-aprendizagem. “Ouvir que não podemos ampliar e modernizar a educação brasileira por falta de fiscalização do Ministério da Educação nos causa enorme incômodo, pois, seguramente, a Educação Superior é hoje um dos setores mais regulados da nossa sociedade”, completa Coimbra.
O assessor ainda defende que qualquer curso EAD, especialmente os da área de Saúde, em determinadas situações podem ser favorecidos, e não prejudicados, pela utilização da tecnologia. "A depender do conteúdo a ser ministrado, a aplicação de tecnologias para transmissão do conhecimento não é simplesmente possível, mas por vezes desejável e mais eficiente", afirma.
Outro ponto que desperta preocupação quanto à oferta do EAD tem relação direta com sua eficácia e eficiência, havendo o receio de que os cursos a distância tenham qualidade inferior aos presenciais. Mas, para o assessor, é possível observar, pelo bom desempenho obtido por estudantes no Enade, que não há desvantagem entre os alunos do EAD e do ensino presencial.
Potencializando o acesso ao ensino superior na área de saúde
Para Bruno Coimbra, o EAD é eficiente como mecanismo de transmissão de conhecimento nos conteúdos que permitem o uso de tecnologias. E é uma ferramenta essencial para suprir a carência de profissionais graduados na área da Saúde, como é o caso da enfermagem. Como mostrou a pesquisa Perfil da enfermagem no Brasil, realizada em 2015 pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz), por encomenda do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), 77% dos profissionais de enfermagem no Brasil são técnicos e auxiliares.
Somente 23% são enfermeiros formados, com curso superior. O Norte e Nordeste do País têm carência de outros profissionais ligados à saúde, além de enfermeiros, farmacêuticos, odontólogos e médicos. "Ao analisar todos esses dados, percebemos que a educação a distância é importante tanto para os estudantes, que têm aumentadas as possibilidades de ingresso na Educação Superior, quanto para o desenvolvimento do País", conclui o assessor.