Detalhe

Após críticas, MEC recua e adia para março volta das aulas presencias nas universidade

08/12/2020 | Por: Folha de S.Paulo | 2164
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

No alvo de críticas de reitores, professores e alunos, o MEC (ministério da Educação) recuou da decisão de retornar as atividades presenciais na rede federal de ensino superior em 4 de janeiro.

Em portaria publicada em edição extra do DOU (Diário Oficial da União), na noite desta segunda-feira (7), a pasta comandada por Milton Ribeiro estipulou uma nova data: 1º de março.

O ministro não apresentou nenhuma explicação que justifique a nova data, como alguma projeção de diminuição de casos de coronavírus no país ou plano de vacinação da comunidade acadêmica.

"As atividades letivas realizadas por instituição de educação superior integrante do sistema federal de ensino, de que trata o art. 2º do Decreto nº 9.235, de 15 de dezembro de 2017, deverão ocorrer de forma presencial a partir de 1º de março de 2021, recomendada a observância de protocolos de biossegurança para o enfrentamento da pandemia de Covid-19", diz a portaria.

Até lá, faculdades privadas, institutos e universidades federais poderão continuar os trabalhos de forma remota.

Em suas redes sociais, Ribeiro disse que a medida reafirma a disposição do governo Bolsonaro (sem partido) pela “retomada das aulas presenciais, observadas as devidas condições sanitárias e medidas de segurança”, escreveu ele no Twitter.

O retorno dos trabalhos presenciais em 4 de janeiro foi considerada impraticável, já que dava cerca de um mês para que as instituições de ensino se organizassem.

A primeira portaria, publicada no dia 2 deste mês, também foi criticada porque não ouviu os gestores das instituições, o que só ocorreu dois dias depois, na última sexta-feira (4).

Na reunião, os dirigentes das universidades pediram para que a autorização do ensino remoto fosse estendida até dezembro de 2021, conforme já aprovado pelo CNE (Conselho Nacional de Educação).

A resolução, que alongava o prazo, foi aprovada pelo CNE no início de outubro e ainda aguarda a homologação do ministro, que pressionado por aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não quer a extensão das atividades remotas.

Reitores ouvidos pela Folha consideram que, mesmo a prorrogação por dois meses, ainda é pouco praticável, já que muitas universidades ainda não terão concluído o segundo semestre letivo de 2020 nessa data. Mas, principalmente, por não haver garantias de que a situação epidemiológica no país permitirá o retorno presencial seguro.

Há anos com redução orçamentária, as universidades têm pouco recurso para as reformas necessárias nos prédios para aumentar o número de salas ou ter mais ventilação.

A avaliação é de que o ministro, isolado e criticado pela inação desde que assumiu o comando do MEC, tenta mostrar ao presidente ações para forçar o retorno às aulas presenciais no país. No entanto, o faz sem de fato adotar medidas que possam ajudar as instituições de ensino para as adequações necessárias, como a garantia de mais recursos.

"Nós somos defensores do ensino presencial, a vida na universidade é presencial. Mas precisamos ser responsáveis com nossos alunos, professores e funcionários, não colocaremoa vida de ninguém em risco", diz João Carlos Salles, reitor da UFBA (Universidade Federal da Bahia).

Para Edward Madureira, reitor da UFG (Universidade Federal de Goiás) e presidente da Andifes (associação que reúne os reitores), a portaria atual traz avanços, especialmente, por permitir que as universidades continuem com atividades remotas após o dia 1º de março caso avaliem que as "condições sanitárias locais trazem riscos".

"A portaria não obriga o retorno pleno, o que nos permite continuar com nosso planejamento cuidadoso e criterioso. A maioria das universidades já planeja, e coloca em prática, um retorno parcial e seguro", diz.

A possibilidade de continuar com atividades remotas, mesmo após a data estabelecida pelo MEC, também é vista como positiva pela Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superio). Em nota, a entidade diz que a portaria traz mais "clareza, flexibilidade e autonomia para as instituições planejarem a volta às aulas, com segurança."


Conteúdo Relacionado

Notícias

Crise econômica e sanitária põe universidades em compasso de espera

O objetivo agora é não pagar para ver o resultado da perigosa mistura de incertezas quanto à pandemia, cenário econômico desfavorável: o adiamento do Enem

Projeto suspende decisão do MEC sobre retorno das aulas presenciais nas universidades

Portaria prevê início do calendário em março nas instituições de ensino superior

MEC autoriza aulas não presenciais até dezembro de 2021

Ministro homologou parecer do Conselho Nacional de Educação

Escolas recebem aval para manter o ensino remoto no ano que vem

Parecer homologado pelo MEC permite atividades a distância em instituições de todas as redes até o fim de 2021. Aula presencial depende das cidades

MEC autoriza ensino remoto enquanto durar pandemia

Depois de recusa inicial, ministro Milton Ribeiro voltou atrás e acabou homologando resolução do conselho que permite que as escolas deem aulas online também em 2021

Após nova portaria do MEC, Ufes diz que retorno das atividades presenciais será "gradual e seguro"

MEC estabeleceu que as instituições de ensino superior deverão retomar as aulas presenciais a partir de 1º de março de 2021, desde que sigam os protocolos de prevenção da Covid-19.

MEC adia retomada de aulas presenciais em universidades para 1º de março

Nova data foi definida em portaria publicada em edição extra do Diário Oficial da União dessa segunda-feira

MEC anuncia nova data para retorno das aulas no Ensino Superior

MEC voltou atrás e estabeleceu retorno das aulas presenciais a partir de 1º de março para instituições de ensino superior públicas e privadas. A nova portaria ainda determina que o ensino remoto integral só deve ser adotado quando governos locais suspenderem as aulas presenciais ou quando houver risco para alunos e professores.

Ministério da Educação adia para 1° de março a retomada das aulas presenciais nas universidades federais

Nova portaria foi publicada nesta segunda-feira (07/12) e define adia retorno de janeiro para março nas instituições de ensino superior

Universidades e associações ainda analisam retorno de aulas presenciais

Ministro da Educação divulgou que volta aos campus está marcado para o dia 1° de março de 2021. Entidades veem dificuldades

MEC muda previsão e adia volta às aulas presenciais em universidades para 1º de março

Portaria anterior previa retorno em 4 de janeiro. Substituição de atividades por meios digitais ocorrerá até 28 de fevereiro - mas, dependendo da situação sanitária, prazo poderá ser modificado pelo gestor local.

Mais de 80% das instituições de ensino superior têm autorização para retorno das atividades presenciais

ABMES monitora decisões em todas as unidades federativas para volta às aulas

CNE edita normas educacionais a serem adotadas durante a pandemia da Covid-19

Deliberação do Conselho regulamentou a Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020

Conselho de Educação permite aula remota até fim de 2021 no ensino básico e no superior

Flexibilização valerá em instituições públicas e particulares

Com veto articulado pelo Fórum, Governo Federal sanciona MP que flexibiliza ano letivo

A ABMES, em articulação com o Fórum, atuou ativamente para evitar que o ProUni fosse impactado por uma normatização que em muito prejudicaria todo o setor

Adiamento do Enem prejudica sonho de 3,5 milhões de alunos no país

Esse é o número de estudantes que devem buscar vaga em universidades privadas, mas precisam de resultado do exame, previsto para março de 2021