Detalhe

Adiamento do Enem prejudica sonho de 3,5 milhões de alunos no país

29/07/2020 | Por: Estado de Minas | 4437
Foto: Reprodução/ Estado de Minas

O Brasil poderá ter, em 2021, queda exponencial no número de novas matrículas no ensino superior, numa situação inversa àquela dos últimos tempos e provocada, ironicamente, pela porta de entrada na graduação: o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por causa do adiamento das provas, a liberação do resultado, prevista para março do próximo ano, compromete o ingresso de 76% dos alunos, segundo pesquisa do setor privado. Esse é o percentual de futuros universitários que precisam do amparo do Programa Universidade para Todos (Prouni), Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ou de bolsas e financiamentos adotados pelas próprias faculdades, todos vinculados à nota do Enem, para dar prosseguimento ao sonho do ensino superior.

Para driblar o baque que esse cenário  causaria no setor privado, instituições pressionam o Congresso Nacional para desvincular os programas do resultado do exame. A estimativa é de que pelo menos 3,5 milhões de um total de 5,8 milhões de inscritos devam buscar vaga nos cursos das instituições privadas de ensino superior e eles vão depender da divulgação do resultado do Enem para cursar a graduação.

O Censo da Educação Superior mostra que 80% das matrículas da graduação no país estão nas instituições particulares, já que o ensino público não comporta a demanda. O Sistema de Seleção Unificada (Sisu) oferece atualmente cerca de 237 mil vagas nas instituições públicas brasileiras.

Em Minas, segundo estado com o maior número de inscritos para o Enem (577.227), aproximadamente 346 mil estudantes devem pleitear uma cadeira em universidades particulares. Os dados fazem parte da quarta fase do estudo “Coronavírus e ensino superior: o que os alunos pensam”, elaborado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights e divulgado ontem em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

A pesquisa mostra que para 76% dos entrevistados o principal motivo para fazer o Enem este ano é conseguir o melhor desconto possível ou bolsa de estudo. A aplicação das avaliações foram adiadas de 22 e 29 de novembro para 17 e 24 de janeiro de 2021, com anúncio das notas finais marcado para 29 de março. Só então poderão ser abertos os prazos para os processos de seleção dos programas de acesso, bolsas e financiamentos, o que pode comprometer toda a programação acadêmica do primeiro semestre.

Apagão
Não só os alunos, mas também universidades, faculdades e centros universitários privados, que em Minas somam mais de 300, ficam na corda bamba. Em média, 64% do total de matrículas no primeiro semestre ocorrem entre a divulgação dos resultados e o início do ano letivo e 80% dos estudantes efetivam a matrícula depois de conhecer a nota obtida, segundo o levantamento.

A complexa situação começou com a Medida Provisória 934, transformada em Projeto de Lei de Conversão (PLV) 22/2020, que vincula o calendário de divulgação da nota do Enem ao Prouni. O texto foi aprovado no Senado no fim da semana passada e encaminhado para sanção presidencial. A expectativa das mantenedoras é de que o presidente Jair Bolsonaro vete essa parte do texto, fazendo valer a lei do Prouni, que usa obrigatoriamente a nota do Enem, mas permite que os processos seletivos ao programa sejam feitos pelas próprias instituições, com edital publicado e conduzido pelo Ministério da Educação (MEC). “Esse condicionamento era natural, porque, antes da COVID-19, a nota era disponível a tempo”, afirma o diretor-presidente da ABMES, Celso Niskier.

Ele ressalta que um ano de captação de alunos representa hoje 25% de toda a base de estudantes. “Se tivermos ingresso mínimo ou nulo durante dois semestres, estimamos que a base total pode cair 20%”, afirma o presidente da ABMES, Celso Niskier. “Para a saúde financeira das instituições será dramático, com possibilidade de redução de pessoal, de docentes e isso é sempre lamentável. Para o país, representa um sério apagão de mão de obra em setores estratégicos do país”, completa.

A prova de fogo já começou, com cenário incerto de matrículas já para este segundo semestre. O levantamento da Educa Insights mostra que 70% do volume de alunos que ainda podem se matricular só tomarão a decisão nos próximos 30 dias. Para as instituições particulares de ensino superior, mudanças no calendário letivo só serão consideradas se perderem a batalha no Congresso e for preciso pôr em prática um plano de emergência. “As instituições terão de se adequar e conseguir mecanismos que garantam antecipar essa decisão dos alunos e, consequentemente, a matrícula, sem a necessidade de mudança de calendário acadêmico”, acrescenta o fundador e diretor da Educa Insights, Daniel Infante.

Só 14% devem iniciar graduação neste ano
O estudo “Coronavírus e ensino superior: o que os alunos pensam”, elaborado pela Educa Insights e divulgado ontem em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), ouviu pessoas que planejam iniciar um curso superior, presencial ou a distância, nos próximos 12 meses. Preocupados com os impactos da COVID-19 no atual momento do país, apenas 14% dos entrevistados declararam planejar o início do curso de graduação neste segundo semestre. Significa queda de 8 pontos percentuais em relação à primeira apuração da pesquisa, em março.

Esse público adiou os planos, em grande parte, para o início de 2021. Eram 30%, no início da pandemia, e se tornaram 39% na pesquisa de julho. Entre os interessados em se matricular agora nos cursos na modalidade a distância, houve um aumento de 30% (registrados na terceira fase da pesquisa) para 34%. Os cursos presenciais tiveram movimento contrário e mais acentuado: se em março a intenção de começar em agosto era de 16%; em julho, só 5% confirmaram que pretendem se matricular. Para essa modalidade de ensino, 45% deixarão para decidir só depois do fim da pandemia.

A preocupação com os impactos financeiros e com as ameaças à saúde provocados pela pandemia do novo coronavírus é a principal razão para deixar para depois a formação superior. Não ter condições para pagar as mensalidades é o receio de 36% das pessoas ouvidas, a garantia da segurança sanitária foi apontada por 35% e 29% responderam que os dois motivos são temidos.

Na corrida para não perder alunos, as instituições particulares têm feito movimento contrário. Elas vão até os alunos para negociar. De acordo com o estudo, em julho, ao menos 71% delas procuraram os estudantes para fazer a rematrícula e 53% ofereceram condições diferenciadas para ajudar no pagamento das mensalidades. Em 47% dos casos, foi concedido desconto por até três meses; 15% receberam redução dos valores por até seis meses e 9% por mais de seis meses.

Emergência
Ainda tentando conter os efeitos da pandemia, tramita no Senado o Projeto de Lei 3.372/2020, conhecido como Fies Emergencial, que amplia a cobertura do Fundo de Financiamento Estudantil para os estudantes matriculados que tiveram a renda pessoal ou familiar reduzida durante a crise provocada pela COVID-19 e estejam com dificuldades no pagamento das mensalidades. A proposta inclui a autorização para que a União participe com até R$ 3 bilhões em fundo privado criado para garantir o crédito da política pública.

O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.


Conteúdo Relacionado

Vídeos

Coronavírus e educação superior: 5ª fase do estudo sobre o que pensam os alunos

Confira a íntegra do seminário "Coronavírus e educação superior: 5ª fase do estudo sobre o que pensam os alunos". O evento foi realizado na terça-feira (17/11), pelo YouTube da ABMES

 

Jornal da Band | Adiamento do Enem pode prejudicar ingresso no ensino privado

Matéria veiculada pelo Jornal da Band no dia 29 de julho de 2020 traz dados da 4ª fase da pesquisa "Coronavírus e educação superior: o que pensam os alunos", apontando que o adiamento do Enem prejudica muita gente que pensava em usar a nota para entrar em uma instituição de educação superior particular. Por isso, algumas IES poderão até reprogramar o ano letivo.

Seminário Virtual ABMES | Coronavírus e educação superior: 4ª onda do estudo

Confira a íntegra do seminário virtual da ABMES "Coronavírus e educação superior: 4ª fase do estudo sobre o que pensam os alunos". Coordenação: Celso Niskier, diretor presidente da ABMES Participação: Daniel Infante, sócio-fundador Educa Insights Sólon Caldas, diretor executivo da ABMES

CNN | Estudo aponta apagão de matrículas em universidades

Matéria veiculada pela CNN Brasil no dia 28 de julho de 2020 traz dados da 4ª fase da pesquisa "Coronavírus e educação superior: o que pensam os alunos", realizada pela Educa Insights e divulgada pela ABMES

Seminário Virtual ABMES | Coronavírus e educação superior

Confira a íntegra do Seminário Virtual ABMES, realizado no dia 2 de abril de 2020, que apresentou dados do estudo sobre o impacto do novo coronavírus na educação superior, feito pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights. Coordenado por Celso Niskier, diretor presidente da ABMES, o evento contou com a participação de Daniel Infante, sócio-fundador Educa Insights, e Sólon Caldas, diretor executivo da ABMES

Notícias

Crise econômica e sanitária põe universidades em compasso de espera

O objetivo agora é não pagar para ver o resultado da perigosa mistura de incertezas quanto à pandemia, cenário econômico desfavorável: o adiamento do Enem

Projeto suspende decisão do MEC sobre retorno das aulas presenciais nas universidades

Portaria prevê início do calendário em março nas instituições de ensino superior

Escolas recebem aval para manter o ensino remoto no ano que vem

Parecer homologado pelo MEC permite atividades a distância em instituições de todas as redes até o fim de 2021. Aula presencial depende das cidades

MEC adia retomada de aulas presenciais em universidades para 1º de março

Nova data foi definida em portaria publicada em edição extra do Diário Oficial da União dessa segunda-feira

Após críticas, MEC recua e adia para março volta das aulas presencias nas universidade

Sem ouvir dirigentes das instituições, ministro Milton Ribeiro queria retorno das atividades para o dia 4 de janeiro

Ministério da Educação adia para 1° de março a retomada das aulas presenciais nas universidades federais

Nova portaria foi publicada nesta segunda-feira (07/12) e define adia retorno de janeiro para março nas instituições de ensino superior

CNE edita normas educacionais a serem adotadas durante a pandemia da Covid-19

Deliberação do Conselho regulamentou a Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020

Conselho de Educação permite aula remota até fim de 2021 no ensino básico e no superior

Flexibilização valerá em instituições públicas e particulares

Mais do que nunca, EAD

Educação em Revista: Em crescimento antes da pandemia, atividades remotas podem avançar ainda mais durante a retomada da economia

Com veto articulado pelo Fórum, Governo Federal sanciona MP que flexibiliza ano letivo

A ABMES, em articulação com o Fórum, atuou ativamente para evitar que o ProUni fosse impactado por uma normatização que em muito prejudicaria todo o setor

Faculdades oferecem descontos nas mensalidades para evitar a evasão de alunos

Bom Dia Brasil: Pesquisa feita pela ABMES aponta que 39% dos estudantes adiaram o plano de entrar no ensino superior

Estudantes temem atraso na divulgação do resultado do ENEM

SBT Brasil : Com o adiamento da prova para janeiro, a nota só deve sair em março, depois do período de matrícula

O adiamento do Enem poderá tirar mais de 3 milhões de estudantes do ensino superior privado

O Sul: As informações fazem parte da 4ª fase do estudo “Coronavírus e Ensino Superior: o que os alunos pensam”, elaborado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights e divulgado em parceria com a ABMES

Adiamento do Enem pode agravar "apagão" de mão de obra no país, alerta associação

Zero Hora: ABMES indica que mudança nas datas do exame inviabiliza o ingresso de estudantes em universidades privadas no primeiro semestre de 2021

Adiamento do Enem pode criar 'apagão' de novos profissionais qualificados

Mudança na data do exame para janeiro de 2021 poderá provocar uma postergação de matrículas nas faculdades do País

Cresce número de estudantes que adiam planos da graduação para 2021, revela pesquisa

Pesquisa divulgada pela ABMES, nesta terça-feira (28), aponta que o estudante adiou os planos da graduação, em grande parte, para o início de 2021

Para 53% dos universitários qualidade caiu, aponta estudo

R7: Jovens já matriculados no ensino superior devem continuar a estudar, mas aqueles que vão prestar o Enem podem ficar fora do ensino privado

Atraso do Enem afeta 2,5 milhões de alunos

Estudantes usam notas das provas para conseguir descontos e bolsas do ProUni

Adiamento do Enem pode gerar 'apagão' de mão de obra qualificada, diz pesquisa

Uma pesquisa da Educa Insights, divulgada em parceria com a ABMES, aponta que o adiamento do calendário do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) pode levar a um "apagão" na mão de obra qualificada nos próximos anos

Adiamento do Enem afeta ingresso de alunos em faculdades particulares

Correio Braziliense: Mudança nas datas da prova compromete a entrada de novos alunos no primeiro semestre de 2021, segundo levantamento da ABMES divulgado nesta terça-feira (28)

Atraso no Enem compromete ingresso de 3,5 mi de alunos no ensino privado em 2021

Esse é o volume de estudantes que usam nota do exame, que só será divulgada no fim de março, para buscar bolsa do ProUni e desconto de mensalidade

Estudos analisam comportamento dos universitários na pandemia

Jovens já matriculados no ensino superior devem continuar a estudar, mas aqueles que vão prestar o Enem podem ficar fora do ensino privado

Mudança nas datas do Enem pode piorar apagão de mão-de-obra nos próximos anos

Pesquisa divulgada pela ABMES e Educa Insights revela que liberação do resultado em março de 2021 compromete ingresso de 76% dos alunos

Inscrições para vestibular em universidades privadas de SC cai 58%

Com redução de renda e dificuldades logísticas, evasão no Brasil inteiro foi 32% maior do que em 2019; 82% dos estudantes alegam dificuldades econômicas

Adiamento do Enem pode atrasar ingresso de 3,5 milhões de participantes no ensino privado, aponta levantamento

O número se refere a estudantes que se inscreveram no Enem de olho na nota de desempenho para concorrer a bolsas de estudo. Impacto da pandemia também leva estudantes a adiarem a entrada nas universidades, previstas para o segundo semestre de 2020

Faculdades na Pandemia

Boa Vontade TV: Em entrevista, o diretor executivo da ABMES, Sólon Caldas, comenta sobre o retorno das atividades presenciais nas instituições de ensino