Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou o Plano de Partilha da Palestina, que daria origem ao Estado de Israel. Na sessão, presidida pelo embaixador brasileiro Oswaldo Aranha, foi decidido que a região seria dividia em oito partes, que formariam um Estado árabe e outro judaico.
Em 14 de maio de 1948, há 70 anos, Israel proclamou sua independência. Menos de 24 horas depois, os exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram o país, forçando Israel a defender a soberania que acabara de reconquistar em sua pátria ancestral. Na chamada Guerra de Independência de Israel, as forças de defesa de Israel expulsaram os invasores em um período que durou aproximadamente 15 meses e custou a vida de seis mil israelenses (quase 1% da população judaica do país na época).
Durante os primeiros meses de 1949, negociações diretas foram realizadas com o apoio da ONU entre Israel e cada um dos países invasores (exceto o Iraque, que se recusou a negociar com Israel), resultando em acordos de armistício que refletiam a situação ao final das disputas. Assim, a Planície Costeira, a Galileia e todo o Neguev ficaram sob a soberania israelense, a Judeia e a Samaria (Cisjordânia) ficaram sob o domínio da Jordânia, a Faixa de Gaza ficou sob a administração egípcia, e a cidade de Jerusalém ficou dividida, com a Jordânia controlando a parte leste, incluindo a Cidade Velha, e Israel, o setor ocidental.
Construção do Estado
Com o fim da guerra, Israel concentrou-se na construção do Estado. Os primeiros 120 assentos do Knesset (parlamento israelense) entraram em funcionamento após as eleições nacionais (em 25 de janeiro de 1949) em que quase 85% de todos os eleitores votaram. Duas das pessoas que haviam conduzido Israel à independência tornaram-se líderes do país: David Ben-Gurion, líder da agência judaica, foi escolhido como primeiro primeiro-ministro, e Chaim Weizmann, presidente da Organização Sionista Mundial, foi eleito pelo Knesset como primeiro presidente. Em 11 de maio de 1949, Israel tornou-se o 59º membro das Nações Unidas.
De acordo com o conceito de "reunir os exilados", que está no cerne da razão de ser de Israel, os portões do país foram abertos, afirmando o direito de cada judeu de vir para o país e, ao entrar, adquirir cidadania. Nos primeiros quatro meses de independência, aproximadamente 50.000 recém-chegados, principalmente sobreviventes do Holocausto, chegaram às praias de Israel. Até o final de 1951, um total de 687.000 homens, mulheres e crianças chegaram, mais de 300.000 deles refugiados de países árabes, duplicando assim a população judaica.
A crise econômica causada pela Guerra da Independência e a necessidade de sustentar uma população em rápido crescimento exigiram austeridade no país e ajuda financeira do exterior. A assistência prestada pelo governo dos Estados Unidos, empréstimos de bancos americanos, as contribuições dos judeus da Diáspora e reparações alemãs após a guerra foram usados para construir casas, mecanizar a agricultura, estabelecer uma frota mercante e uma companhia aérea nacional, explorar minerais disponíveis, desenvolver indústrias e expandir rodovias, telecomunicações e redes elétricas.
No final da primeira década, a produção da indústria dobrou, assim como o número de pessoas empregadas, com as exportações industriais aumentando quatro vezes. A vasta expansão das áreas cultivadas trouxe autossuficiência no fornecimento de todos os produtos alimentares básicos, exceto carne e grãos, enquanto aproximadamente 50.000 hectares de terra árida foram arborizados e árvores foram plantadas ao longo de quase 500 milhas (800 km) de rodovias.
O sistema educacional, desenvolvido pela comunidade judaica no período pré-estatal e que agora incluía o setor árabe, expandiu-se consideravelmente. Frequentar as escolas tornou-se gratuito e obrigatório para todas as crianças com idades entre 5 e 14 anos (em 1978 tornou-se obrigatório até os 16 anos e gratuito até os 18). Atividades culturais e artísticas floresceram, misturando elementos do Oriente Médio, do Norte Africano e ocidentais, pois os judeus chegando de todas as partes do mundo trouxeram consigo as tradições específicas de suas comunidades e aspectos da cultura dominante dos países onde tinham vivido por gerações. Quando Israel comemorou seu décimo aniversário, a população ultrapassava dois milhões.