Educação Superior Comentada | Homenagem ao Dia do Professor

Ano 3 • Nº 35 • 14 de outubro de 2015

A Coluna Educação Superior Comentada desta semana faz uma homenagem ao Dia do Professor

14/10/2015 | Por: Gustavo Fagundes | 2723

HOMENAGEM AO DIA DO PROFESSOR

Esta semana, a coluna não vai tratar de questões regulatórias, legais ou temas afins.

Nada mais justo que aproveite o ensejo para prestar uma homenagem aos docentes, cidadãos que, certamente, desempenham uma das mais relevantes profissões em qualquer sociedade, determinante para a boa formação de todos os demais profissionais.

Em apertada síntese, registro que minha vida escolar começou na rede lassalista, passou pelo Colégio Militar de Brasília (em sua Turma Pioneira) e, depois de uma breve passagem pelo curso de Engenharia Florestal da UnB, foi concluída no curso de Direito do Centro de Ensino Superior de Brasília, atual UNICEUB.

Posso registrar, com indisfarçável orgulho, que tive a sorte de, na maior parte dessa caminhada, contar com professores que ganhavam mal.

Calma! A coluna desta semana não é um libelo acusatório contra as políticas de gestão do corpo docente de todas as instituições de ensino, indiscriminadamente.

Permitam-me esclarecer a alegoria acima e, com isso, a extensão da minha admiração pelos profissionais do magistério.

Nos longínquos anos 90, quando frequentava os bancos do curso de Direito, tive um professor que atuava na magistratura do Distrito Federal e que lecionava Direito Processual Civil.

Meu interesse pela disciplina, que me levava ao empenho nas atividades, trabalhos e avaliações, culminou com um convite para realizar estágio não-remunerado na Vara Cível onde o magistrado-professor, ou professor-magistrado, exercia suas atividades.

Infelizmente, por se tratar de estágio não-remunerado, fui obrigado a, agradecido e honrado pelo convite, declinar do mesmo.

Naquela ocasião, o docente fez questão de fazer a indicação para que eu pudesse realizar o estágio, desta feita remunerado, para escritórios de advogados que conhecia e, no primeiro que fiz entrevista, fui aceito e acabei permanecendo por vários anos, consolidando a minha formação acadêmica e sedimentando meus passos iniciais na carreira jurídica.

Na mesma oportunidade, considerando a possibilidade de ingressar na magistratura, indaguei ao mesmo professor se os magistrados eram bem remunerados.

A resposta, na ocasião, me deixou confuso: “Depende”, respondeu o professor.

Pedi que explicasse a resposta, e veio a explicação:

“Depende do magistrado. Para o mau magistrado, aquele que não cumpre prazos, permite o acúmulo excessivo de processos e não desempenha a contento seu ofício, a remuneração é excelente. Por outro lado, para o bom magistrado, aquele que procura cumprir fielmente os prazos e assegurar a celeridade da prestação jurisdicional, a remuneração é pouca, pois, com esse mesmo grau de esforço e dedicação, poderia ganhar mais atuando em um bom escritório de advocacia.”

Nunca esqueci dessa lição e, hoje, acredito que possa ser perfeitamente aplicada a todas as profissões, mas, especialmente, aos profissionais do magistério.

Com efeito, os maus professores, aqueles que não mostram comprometimento com seu sagrado mister, que se limitam a despejar conteúdos sobre os estudantes, que não estão efetivamente comprometidos com a educação, qualquer salário que recebam se mostra uma remuneração generosa.

Por outro lado, para os bons (e verdadeiros) professores, aqueles que se entregam plenamente à educação, estimulando os estudantes a assumir o seu real papel de protagonista no processo de ensino-aprendizagem, que estão sempre preocupados com sua qualificação e com a sua postura de educadores, qualquer remuneração será insuficiente para retribuir, ao menos no aspecto pecuniário, a grandeza da missão que cumprem.

Acho que, agora, ficou claro o porquê de minha assertiva, no sentido de haver sido aquinhoado, durante minha vida escolar, com a parceria, indispensável, de professores efetivamente comprometidos com o verdadeiro sentido da educação, com educadores que, diante da importância de sua participação na minha formação, foram, inquestionavelmente, remunerados aquém da relevância de sua atuação.

Pena que, em alguns momentos da minha caminhada, não tenha tido a maturidade de perceber o quanto sempre fui favorecido com a presença de verdadeiros educadores.

Mas nunca é tarde para ser justo e prestar a mais sincera homenagem a todos os professores, especialmente àqueles que estiveram presentes durante a minha vida escolar, desde os momentos iniciais.

Obrigado, Professores!

 

?

Qualquer crítica, dúvida ou correções, por favor, entre em contato com a Coluna Educação Superior Comentada, por Gustavo Fagundes, que também está à disposição para sugestão de temas a serem tratados nas próximas edições.

A ABMES presta também atendimento presencial nas áreas jurídica e acadêmica. Saiba mais sobre o serviço e verifique as datas disponíveis.