Educação Superior Comentada | Políticas, diretrizes, legislação e normas do ensino superior

Ano 2 • Nº 42 • 31 de janeiro a 6 de fevereiro de 2012

06/02/2012 | Por: Celso Frauches | 2368

CENSO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR: ONDE ESTÃO OS RESULTADOS DE 2010?

O ex-ministro Fernando Haddad, em novembro de 2011, anunciou alguns resultados do Censo da Educação Superior de 2010. Os que lhe interessavam. Com bastante atraso, porque esses resultados, prometidos por ele mesmo, deveriam ter sido divulgados no mês de julho. Até hoje, 6 de fevereiro de 2012, tais resultados ainda não foram disponibilizados pelo Inep, conforme qualquer um pode conferir acessando http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior/resumos-tecnicos. E já foi aberta a coleta de dados do Censo de 2011. O ministro deve ter sido afoito para poder mostrar serviço ao final de sua gestão. Mas o serviço estava – e está – incompleto, como quase tudo na capitania petista do MEC.

Espero que o novo ou a nova dirigente do Inep tome imediatas providências para a divulgação dos resultados completos do Censo da Educação Superior de 2010. Ou declare que esse Censo não foi concluído. É o mínimo que se espera de um agente público responsável.

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ACADEMIA KHAN: EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO 21

Com quase um ano de atraso, assisti a uma apresentação do prof. Salman Khan em Long Beach, na Califórnia, com a participação de Bill Gates, estimulado por reportagem da revista Veja (Edição 2254, ano 45, nº 5, 1º/2/2012, p. 65). O evento – TED (www.ted.com) – reuniu exploradores, contadores de histórias, pioneiros científicos, visionários e “provocadores” de várias partes do mundo. Salman Khan é um desses pioneiros, provocadores.

Salman Khan é um ex-consultor de finanças que se transformou em professor virtual. Fundou e dirige a Academia Khan uma plataforma gratuita on-line, que tem, hoje, mais de 2.800 aulas em vídeos, abordando todas as áreas do conhecimento, com foco em matemática e ciências. As aulas da Khan Academy começaram, em janeiro último, a ser divulgadas em português pela Fundação Lemann.

Em sua apresentação, o prof. Salman Khan, com a participação de Bill Gates, dá-nos uma aula de como ensinar para a aprendizagem descontraída, natural, com prazer. Você aprende o que quiser, quando quiser, no seu próprio ritmo, repetidas vezes. Todas as lições são curtas, com dez minutos de duração. Uma didática inovadora, revolucionária.

Khan revela que o seu sonho é fazer uma escola em que as crianças fiquem vinte por cento tendo aulas gratuitas na internet. As atividades presenciais teriam professores orientadores, tirando dúvidas, participando de experimentos.

Mas o professor Khan faz revelações que devem servir de reflexão para educadores, gestores e autoridades educacionais. Não são propriamente revolucionárias, mas ganham força quando ditas por uma personalidade que está inovando, com criatividade, o processo da aprendizagem. Para o sucesso da aprendizagem, em todos os níveis, Salman Khan dá-nos uma receita simples. Destaco: respeitar o ritmo de cada aluno ou aprendizagem autoritmada e humanizar a sala de aula, investindo na relação aluno/professor. São conceitos simples, mas que vão exigir mudanças gigantescas em educadores e educandos. Bill Gates diz que é o vislumbre da educação do futuro.

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E-MEC: A INCOMPETÊNCIA CONTINUA

É impressionante o descaso e o desprezo dos administradores do Ministério da Educação por um sistema que pretende ser o único meio de comunicação entre administrados e administradores da coisa pública – o e-MEC. Lançado em 2007, pela famigerada Portaria Normativa 40, está em construção ainda hoje. Cinco anos são passados e o e-MEC continua o mesmo, sem contemplar as abas necessárias para as comunicações administrados/administradores e, pior, com dados que desaparecem ou são alterados sem qualquer ato ou decisão legal. O e-MEC chega a revogar dispositivos legais ou alterar as diretrizes curriculares nacionais, não permitindo ações legítimas por parte de seus usuários, nós, pobres mortais ou administrados, na linguagem da Lei de Processo Administrativo.

O ministro Aloízio Mercadante não é responsável por essa generalizada incompetência em relação ao e-MEC, criação “genial” de seu antecessor, mas não pode ficar imune às críticas, a partir de agora, quando efetivamente assume o Ministério da Educação. O ministro da Educação tem a obrigação, com a responsabilidade do cargo que passou a ocupar dia 24 de janeiro último, de mandar fazer uma rigorosa auditoria no sistema e-MEC, esse monstro informatizado que inferniza a vida de milhares de gestores acadêmicos, desde janeiro de 2007. Essa auditoria vai revelar que o sistema está incompleto, não é seguro e é manipulado de forma irresponsável por pessoas incompetentes, prejudicando irremediavelmente milhares de cursos e de IES. Ou o e-MEC “sai do ar”, e voltamos à comunicação impressa, ou deve funcionar de forma segura e transparente, sendo administrado por uma equipe que domine sistemas de informação e, ao mesmo tempo, a legislação que rege a educação superior brasileira.

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