A seleção feita, ainda que sob a orientação do autor, não constituiu tarefa para iniciados, considerando a complexidade, a relevância e a importância do conteúdo dos textos. Buscou-se voltar os olhos para aqueles que tratassem dos temas mais recorrentes no discurso e nas ações de Gabriel, como forma de demonstrar as ideias, os valores, as propostas e as preocupações deste educador, na verdadeira acepção da palavra, com toda uma vida dedicada à educação. Nesta área ele “nada de braçadas” ou, em outras palavras, parafraseando a poetisa mineira Adélia Prado, poder-se-ia dizer: Gabriel “sabe sabendo que, se for preciso, na hora H, nadará com desenvoltura, pois guarda sabedorias no almoxarifado”.
Ao compor o seu quadro de referências, tanto para os seus escritos e projetos quanto para os embates na arena política — na qual é grande articulador, vocacionado visceralmente para o diálogo —, Gabriel tem como pontos fundamentais, entre outros, a representatividade do ensino 1 Professora aposentada da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e diretora acadêmica da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) superior particular no sistema federal de ensino, a preocupação constante com a busca da valorização do setor privado pelo Estado e pela sociedade, a segurança jurídica das instituições como condição fundamental para o cumprimento das normas legais em vigor e a avaliação da qualidade do ensino, em consonância com a realidade e especificidades das escolas.
Nesse universo amplo, como um grande mosaico, seus artigos se abrem para as mais diversas abordagens. Sem especificar e esgotar todos os temas abordados — até porque se pretende reservar ao leitor o elemento surpresa —, Gabriel analisa com rigor a educação tomada nos seus aspectos políticos e nas suas relações com o Estado; a educação como formadora de recursos humanos para atender ao desenvolvimento do país e como fator de inclusão social; a educação como espaço de produção e transmissão de conhecimentos; a educação como veiculadora de valores, atitudes e de formação para a cidadania; e a educação como conhecedora e viabilizadora do uso das novas tecnologias, da inovação, da criatividade para permitir que a humanidade realize o seu sonho milenar de uma convivência harmoniosa e feliz. Preocupa-se Gabriel com a formação do indivíduo forte e de um novo profissional para uma nova vida e para um novo mundo.
Com isso, ele ombreia o mestre Milton Santos, que diz: o indivíduo forte é aquele que resiste, e o faz exatamente como Homem, palavra que precisa urgentemente voltar à moda; (...) é aquele que diante do futuro é capaz de escolher por si mesmo; de elaborar a sua visão do mundo, do seu país, do seu lugar, da sociedade e dele próprio como ser atuante. Para Gabriel é essa a fortaleza do homem e a base da cidadania e esta, por sua vez, é para ele igualmente fundamental na produção de uma nação.
Embora saiba dos problemas que assolam a sociedade brasileira — crise econômica, política e moral, explosão social, pobreza, desemprego, entre outros —, Gabriel mantém a fé e a esperança no Brasil, com base na crença de que é preciso reorientar o rumo do país.
O leitor atento verificará que, em alguns artigos os dados estatísticos referentes ao ensino superior não foram alterados, considerando que este livro quer também preservar o momento histórico em que Gabriel elaborou as suas ideias. As referências contêm também todos os links indicados nos artigos, caso os interessados queiram se aprofundar nos temas abordados. Esta “Apresentação” se completa com o belíssimo “Prefácio” de Édson Raymundo Pinheiro de Sousa Franco, renomado educador, ex-presidente da ABMES e amigo fraterno de Gabriel.
Finalmente, a Equipe ABMES, que esteve envolvida em todas as etapas deste trabalho, agradece ao Professor Gabriel Mario Rodrigues pelo aprendizado constante na edição de seus textos, originais e inovadores, e pela possibilidade de, sob a sua firme, séria, ética e competente gestão, colaborar para o reconhecimento da Associação como entidade ímpar na representação das instituições particulares de ensino superior do país.
Cecília Eugênia Horta
Brasília, 3 de maio de 2016.