Nos últimos 45 dias, representante do Ministério da Educação (MEC) e das instituições privadas de ensino superior já realizaram três reuniões para discutir um novo modelo de financiamento estudantil - chamado de "Fies turbo" pelo ministro Mendonça Filho. Na verdade, trata-se do Fies 2.0 - modelo de crédito estudantil desenhado pelos sete maiores grupos de ensino do país, Anima, DeVry, Estácio, Laureate, Kroton e Ser Educacional no ano passado, quando eclodiu a crise do Fies.
Segundo fontes do mercado, o governo da presidente afastada Dilma Roussef não estava aberto a negociações com o setor privado. Mas o governo interino aceitou trabalhar em parceria com as instituições privadas de ensino superior para lançar um novo Fies em janeiro do próximo ano.
O ministro da Educação já sinalizou que o novo Fies teria também recursos de bancos privados. No ano passado, a Abraes - entidade que representa os sete maiores grupos educacionais do país - estudava a criação de uma linha de financiamento estudantil em que governo suprisse no máximo 75% da mensalidade - o restante viria de crédito privado. As instituições de ensino, por sua vez, concedem descontos ou financiamento estudantil próprio.
Outros mecanismos vislumbrados pelo setor para financiar o modelo são a criação de fundos específicos para educação ou a emissão de letras de crédito estudantil semelhantes às letras de crédito agrícola e imobiliária.
Em entrevista concedida ao Valor em maio de 2015, a presidente da Abraes, Elizabeth Guedes, defendeu um modelo de financiamento em que amortização da dívida seja atrelada à renda do aluno. "Precisa ser um modelo de financiamento sustentável porque não dá para o aluno se formar devendo R$ 40 mil ou R$ 50 mil. O sujeito nunca vai pagar isso. Não dá para ter um jovem formado, empregado e infeliz porque não consegue casar, comprar carro ou casa porque está devendo para a escola e governo", disse Elizabeth na época.
