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Governo atrasa contratos do Fies e culpa gestão Dilma

26/09/2016 | Por: Jornal Metro | 1187
Estudantes de universidades privadas com apoio do Fies ainda não sentem efeitos, mas situação pode se agravar

Os pouco mais de 183 mil estudantes universitários que atualmente têm os estudos em entidades privadas financiados pelo governo federal via Fies já estão indo para o terceiro mês de aulas no segundo semestre de 2016, mas, até agora, as empresas não receberam nada do repasse devido pela União. O chamado aditamento dos contratos, feito a cada início de semestre, ainda não aconteceu, porque o Projeto de Lei que prevê verbas para a quitação de dívidas ainda do primeiro semestre com as instituições financiadoras do programa – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal – não foi votado pelo Congresso.

Os estudantes estão matriculados normalmente, mas a situação impacta fortemente as faculdades e universidades, reclama a Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), que representa 350 instituições no país. Segundo a entidade, as empresas estão apelando a empréstimos bancários para cobrir os custos operacionais.

O Ministério da Educação, que gere o Fies, informou, em nota, que a previsão de votação é “ainda este mês ou no início do próximo” e que “a partir da aprovação, poderá assinar os contratos com os agentes financeiros e, com isso, resolver os repasses para os contratos com saldo devedor”.

Este mês, porém, a aprovação é impossível, pois o Congresso Nacional está em recesso branco até a próxima semana, devidos às eleições municipais, cujo 1º turno ocorre no próximo domingo, 2 de outubro.

O PL que garante o pagamento de R$ 702 milhões que estão em atraso chegou a entrar na pauta do Congresso na terça-feira passada, mas já havia poucos parlamentares em Brasília e não houve quórum para votação, frustrando as instituições que compõem a Abmes. A entidade teme que o dinheiro só seja liberado em novembro e estima que algumas instituições de ensino não têm condições de aguentar até lá.

MEC culpa Dilma

Na nota enviada ao Metro Jornal, a nova gestão do Ministério da Educação informou que encontrou o Fies “sem orçamento para o pagamento da taxa de administração dos agentes financeiros. Para cobrir esses custos, eram necessário mais de R$ 800 milhões. No entanto, o Governo Dilma/Mercadante cortou o orçamento desta operação para R$ 267 milhões, valor suficiente para cobrir as despesas apenas até abril”.

A solução encontrada pelo governo foi a edição de uma Medida Provisória que repassou às instituições de ensino a responsabilidade pelo pagamento de taxas de 2% de cada contrato aos bancos financiadores. “A mudança vai gerar uma economia de cerca de R$ 400 milhões com o programa este ano”, alega o governo. A Abmes reclamou do repasse da responsabilidade, informou que não foi consultada pelo MEC e que os custos poderão ser repassados para as mensalidades (tanto as dos beneficiários do Fies quanto as dos demais estudantes).