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Faculdades abrem as portas para a terceira idade

10/09/2019 | Por: Correio Braziliense | 7717

Instituições de ensino superior da capital do país prestam um rico serviço à terceira idade, oferecendo, gratuitamente, diversas atividades que beneficiam o corpo, a mente e as emoções. Capacitação para inclusão digital, atividade física, roda de conversa com apoio psicológico e alfabetização são apenas alguns exemplos de tarefas que estudantes de faculdades, centros universitários e universidades colocam em prática para proveito de idosos.

 

 

Conheça algumas das atividades promovidas no DF por instituições de ensino superior

Vários dos projetos são promovidos há bastante tempo, mas, nem sempre, são de amplo conhecimento da população que poderia aproveitar essa oferta. De acordo com Thiago Póvoa, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Distrito Federal (SBGG-DF), esse tipo de iniciativa é fundamental. “São serviços muito necessários. Do ponto de vista de quem envelhece, esse estímulo é muito importante”, avalia.

O professor Thalisson Lopes (de terno, em pé) em turmo de curso de inclusão digital para idosos do UDF: turma majoritariamente feminina. 

O valor de iniciativas do tipo tem base em duas principais necessidades de todo ser humano, incluindo os idosos: a de manter a mente ativa, aprendendo, e a de socializar.“O cérebro é um órgão que, assim como os músculos, sofre atrofia, perde capacidades se não for muito usado”, destaca. Segundo o médico geriatra, que trabalha em instituições como Hospital Brasília e Hospital Sírio-Libanês, a convivência comunitária é ingrediente indispensável para a qualidade de vida dos idosos.

“Diversos estudos mostram que as pessoas com mais longevidade têm em comum a vida em comunidade”, diz. “O acesso a essa vivência pode se dar pela família, por instituições religiosas ou outras, até por projetos em grupo desenvolvidos em faculdades e universidades para promover saúde, ludicidade, atividade física, formação e disseminação de conhecimento”, comenta.

 

É preciso querer

Thiago Póvoa, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do DF. Arquivo pessoal

Muitos idosos procuram serviços em instituições universitárias, mas a oferta é insuficiente para atender toda a demanda — na maioria dos casos, há lista de espera para as turmas. Além disso, há várias pessoas acima dos 60 anos que acabam por não procurar atividades que poderiam beneficiá-las. Thalisson Lopes, coordenador dos cursos de análise e desenvolvimento de sistemas, de jogos digitais e sistemas de informações do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), coordena projeto que, desde 2012, oferece curso de inclusão digital para idosos.

Ao longo do tempo, notou que uma parcela da população da terceira idade se isola e prefere não se engajar em atividades, mesmo tendo a chance. “Por exemplo, tem um casal que a senhora vem participar do curso quase todo semestre. E o marido, da mesma idade, leva a esposa para a aula e fica do lado de fora, sem fazer nada, esperando durante o tempo do curso”, relata. “Eu já tentei convencê-lo a participar e experimentar diversas vezes, sem sucesso”, completa. 

Na avaliação do professor Thalisson, exemplos assim são mais comum entre os homens. “As nossas turmas são majoritariamente femininas. Acho que as mulheres são mais desinibidas de correr atrás do que querem, são mais determinadas e agitadas, têm um espírito de ‘vamos fazer acontecer’. A resistência a ter de aprender algo é o maior problema”, aponta.


Confira a evolução da pirâmide etária no Brasil e no DF. Fonte: IGBE

 

O médico Thiago Póvoa reitera a importância da iniciativa do próprio idoso no sentido de se esforçar e permanecer ativo. “Sair da zona de conforto é mais complicado para o idoso. Mas exatamente sair da zona de conforto é uma ginástica cerebral”, compara. O envolvimento em cursos, grupos, hobbies e a busca por conhecimento, explica o geriatra, melhora as conexões cerebrais.

Ele avalia que alguns dos motivos para existir resistência na velhice a começar uma atividade ou retomar uma antiga é o preconceito. “Os próprios idosos têm a ideia de que ‘velhinho’ tem que ficar em casa, de que o lugar deles é no quarto, indo, no máximo, até a igreja. E é um preconceito recorrente”, destaca. Outro problema é a rejeição à velhice. “Tem muito velho que não gosta de velho. Esse é o ponto. O preconceito dificulta o acesso”, argumenta.

“Às vezes, até existe a oferta de serviços, mas essa oferta não encontra o público porque o público não se educou a pensar que está envelhecendo”, repara. “Isso acontece porque não estamos conscientes do nosso envelhecimento. Então, quando você diz que aquela pessoa está idosa, ela se sente afrontada”, ressalta. “Se você oferecer um curso para a terceira idade, ela não vai querer ir, como se não se enquadrasse”, observa.


Em 2060, a expectativa de vida média será de 81 anos no país. Fonte: IBGE

 

A recomendação é aceitar a própria idade
O aumento da longevidade humana é uma das maiores conquistas dos avanços científicos. A expectativa de vida do brasileiro é de 76 anos; enquanto a dos brasilienses é de 78 anos. E esses números só devem crescer à medida que o país se desenvolve e aumentam os cuidados com saúde e bem-estar.


Em 2060, os brasilienses viverão, em média, 82 anos. Fonte: IBGE

 

Apesar do aumento da expectativa de vida e do número de idosos no DF, Brasília tem muito a melhorar no sentido de se tornar, de fato, uma cidade adaptada e aberta à velhice. Essa é a avaliação do médico Thiago Póvoa. “A capital federal não foi especialmente pensada para o envelhecimento. Agora, isso está mudando. Mas a própria manutenção do Plano Piloto mostra como a acessibilidade está longe de ser realidade”, critica. “Ao caminhar pelas superquadras, é um desafio para o idoso não cair ou conseguir circular de cadeira de rodas.”

 

As diferentes faixas de idade da população ao longo do tempo em Brasília. Fonte: IBGE

 

Uma série de obstáculos atrapalham o caminhar e aumentam o risco de quedas. “Uma paciente minha caiu cinco vezes no mesmo local entre a 307 e a 308 Sul. A filha dela até apelidou o lugar de buraco da Benedita. E são quadras onde vivem centenas de idosos”, exemplifica. “Então, é preciso executar a manutenção de uma cidade nova que seja voltada para uma população que envelhece a passos largos”, aconselha. 


A adaptação não deve ser apenas física. “A nossa educação tem que ser emergencialmente alterada para as pessoas aprenderam a melhor lidar com o idoso, em termos de respeito, de acessibilidade e de assistência”, aponta. “Apesar de ter algumas ofertas da comunidade aos idosos, não há mecanismos sistemáticos. Não foi colocada como política pública a questão de Brasília ser uma cidade amiga do idoso”, queixa-se.


As diferentes faixas de idade da população ao longo do tempo nacionalmente. Fonte: IBGE

 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que existam cerca de 30 milhões de idosos no país — equivalente a toda a população de nações como Angola e Gana. Em 2000, o montante de seniores no Brasil era de 14,5 milhões; e, em 1991, de 10,7 milhões. Em 2016, o Brasil tinha a quinta maior população idosa do mundo de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2030, o montante de cidadãos acima dos 60 ultrapassará o de crianças e adolescentes de até 14 anos.

Em 2032, o Brasil será considerado um país envelhecido, termo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) usa para quando 14% da população tem mais de 65 anos. A estimativa é de que, daqui a 13 anos, 32,5 milhões dos mais de 226 milhões de brasileiros terão 65 anos ou mais. Em 2060, espera-se que haja 73 milhões de idosos no Brasil. A quantidade de pessoas na terceira idade avança a passos largos tanto aqui quanto no mundo.


As taxas de envelhecimento locais e nacionais. Fonte: IBGE

 

A OMS estima que, até 2050, os idosos chegarão a ser 2 bilhões de pessoas em todo o mundo, equivalente a um quinto da população mundial. Apesar de o avanço do envelhecimento no Brasil ser perceptível, o médico geriatra Thiago Póvoa observa que muita gente ainda se recusa a aceitar a quantidade de anos vividos. “Na verdade, o Brasil, e o DF especialmente, estão tardiamente tomando consciência do nível de envelhecimento da população”, afirma Thiago Póvoa.

“É preciso se preparar para o envelhecimento tanto do ponto de vista pessoal quanto da perspectiva da sociedade e das entidades. É necessário preparar nossas instituições para isso, adaptar órgãos públicos, empresas, universidades, academias e o comércio para a população idosa”, reforça. “O que é importante até para garantir maior desempenho econômico.” E as instituições de ensino da capital federal provam estar se preparando para isso pela quantidade de projetos voltados a idosos que criam.

Reflexões sobre o envelhecer

Ana Lúcia de Castro Teixeira, conhecida como Ana Castro, tem 63 anos, dois filhos e dois netos. A jornalista aposentada participa de projetos oferecidos pela Universidade de Brasília (UnB) a idosos e está atrás de mais atividades. Em áudio, ela faz reflexões sobre envelhecer e a vida após os 60 em Brasília. Confira:

Ana Castro (à direita) com os filhos gêmeos Pedro Martins e João Martins, 39 anos; e o neto Erak von Daudt Martins, 5 anos. 

 

 

 

Os riscos do isolamento
De acordo com o IBGE, a depressão é um dos males emocionais que mais atinge os idosos: os brasileiros de 60 a 64 anos representam a faixa etária com maior proporção de pessoas acometidas pela doença (11,1%), entre os 11,2 milhões de brasileiros diagnosticados com depressão. Trata-se da parcela da população com maior índice do problema. A taxa de idosos deprimidos tem aumentado ao longo dos anos.


Envolvimento com atividades e convivência em grupos evita problemas de saúde mental, como a depressão. Arte: Thiago Fagundes/CB/D.A Press

O que reforça a importância de que a população pós 60 se engaje em atividades que permitam convívio social — caso das oferecidas por instituições de ensino. Nesses projetos e grupos, a interação, inclusive, não é somente com outros idosos, mas também com jovens, adultos e pessoas de todas as faixas etárias, pois quem organiza e ministra as atividades são estudantes, professores e profissionais.


O geriatra Thiago Póvoa analisa que o maior prejuízo aos idosos que se negam a participar de atividades do tipo é o isolamento social. “A pessoa acaba se distanciando, seja de familiares, seja de amigos. Ao não buscar o contato com outros, as pessoas deixam de ser amáveis, se isolam, se retraem e ficam sem estímulo”, pondera. “E isso abre portas para doenças como depressão, déficit de memória, mal de Alzheimer...” 

Na avaliação do médico, para que os idosos passem a ser mais abertos, é importante que a sociedade se conscientize do valor deles. “Existe uma série de limitações que são inerentes ao estado clínico do idoso. Os velhinhos até dizem que quem inventou o conceito de ‘melhor idade’ é um canalha. A verdade é que, sim, existem restrições, mas o que a família, os amigos, o grupo social e a sociedade devem deixar claro é que ser velho é legal”, defende.

“Tem muita atividade legal que a gente pode fazer. E o estímulo da comunidade é fundamental para isso. É preciso ter uma comunidade que goste de receber o idoso.” Thiago Póvoa argumenta que essa boa recepção deve ser encontrada em todos os ambientes, das calçadas aos restaurantes, das igrejas às instituições de ensino. “Inclusive, no que diz respeito às universidades, elas precisam ser mais abertas ao saber da terceira idade. Eles têm muito o que passar, muito a dividir.” 

O mercado de trabalho está começando a perceber isso e, hoje em dia, já há empresas que têm programas específicos para contratar profissionais mais seniores. “Eles carregam uma série de habilidades, como aceitação, resiliência, capacidade de lidar com pessoas, experiência de vida que são de grande valor”, defende Thiago Póvoa.

“A gente não deve partir do princípio de que a pessoa idosa está velha e não é apta a conviver sem dificuldades no nível social. Por estar idosa, ela carrega uma carga de informações e vivências que a aproxima das outras pessoas. Assim, a pessoa idosa deve ser o centro das atenções”, sugere.

 

Evento de geriatria e gerontologia 

Em 1º de outubro, celebra-se nacionalmente o Dia do Idoso, e no mesmo mês, o Estatuto do Idoso completa 16 anos. Para marcar a data, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia promove o 10º Congresso Centro-Oeste de Geriatria e Gerontologia (Coger 2019) entre 19 e 21 de setembro. As atividades serão na Associação Médica de Brasília. Confira informações no link.

 

Conheça iniciativas de destaque
Professores, alunos e funcionários de diversas instituições de ensino do Distrito Federal voltaram seus olhos e seus cuidados para a terceira idade. Thalisson Lopes, professor do UDF, avalia que serviços oferecidos por instituições de ensino à velhice são mais do que necessários, até essenciais, e a oferta deve aumentar. 

“Daqui a 20 anos, mais ou menos um quarto de Brasília vai ser idoso. Então, sempre brincamos que mantemos projetos para os idosos e queremos que isso continue até porque, daqui um tempo, vai ser para nós mesmos”, diz Thalissn Lopes, professor do UDF.

“É um trabalho que precisa ter continuidade e que precisa ser mais divulgado para que os idosos tenham acesso a mais conhecimento e até aos direitos deles”, defende. A educadora física Juliana Nunes de Almeida Costa, mestra na mesma área e doutora em ciências da saúde, dá aulas para idosos em circuito de equilíbrio que visa a prevenção de quedas na UnB.

Para ela, esse tipo de iniciativa “não é só importante: é fundamental”. Juliana defende que universidades, faculdades e instituições que se debruçam sobre a literatura científica passam maior credibilidade. 

“Os idosos chegam aqui com outro olhar. Dizem: ‘ah, estou treinando na UnB’. Aqui é um grande laboratório e nós temos a responsabilidade de passar o mais atual e o mais relevante para eles. Por isso, eles nos escutam”, observa a educadora física Juliana Nunes de Almeida Costa.

Durante as atividades físicas, Juliana faz questão de explicar aos alunos o porquê de cada movimento. Esse tipo de explicação baseada na ciência é muito mais facilmente encontrada no ambiente acadêmico do que seria numa academia de musculação, por exemplo.

“Quanto mais educação você passa, mais responsáveis por eles mesmos os idosos se sentem. Eles são convencidos tecnicamente e cientificamente da importância daquilo.” A professora de psicologia do Centro Universitário Iesb Hannya Herrera detecta que o impacto de projetos universitários vai além dos muros das instituições de ensino.

“Podem pensar, poxa, são 40 pessoas por semestre. Podem pensar que é pouco numa comunidade tão grande quanto Ceilândia, onde atuamos. Mas o impacto vai além, pois uma iniciativa dessas impacta não só o idoso, mas também as famílias, os vizinhos, os amigos dele”, elenca.

“A mudança de atitude e de pensar dos idosos faz com que eles possam passar isso para outras pessoas.” Ela reconhece o valor e a necessidade de que mais projetos voltados à terceira idade sejam implementados.

“É a realidade do Brasil agora. Cada vez mais, temos mais idosos e menos jovens. E a maioria das coisas que a gente vê, em qualquer lugar, são para adultos, crianças ou adolescentes, mas quase não há adaptação para idosos”, diz Hannya Herrera, professora de psicologia do Iesb. 

Conheça atividades gratuitas que fazem a diferença para a população idosa do DF e saiba como participar:

 

Circuito promove equilíbrio e previne quedas na UnB

Encontros são duas vezes por semana no Centro Olímpico, no câmpus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Quem avista a quadra esportiva do Centro Olímpico da Universidade de Brasília (CO/UnB) durante o horário em que são ministradas as turmas de circuito de equilíbrio pode não se dar conta, num primeiro olhar, de que os alunos que se movimentam ali com o maior vigor já passaram dos 60 anos.


À frente do grupo, está a professora Juliana Nunes de Almeida Costa, que iniciou essas aulas gratuitas em 2008. O objetivo dos encontros é aumentar a confiança e reduzir o risco de quedas.

Participantes como Paulo Romano, 89 anos, e Nilza Castro, 76 anos, são só elogios para a atividade. Nenhum dos dois usa bengala — nem pretendem, até por isso fazem exercícios a fim de manter a boa postura. E os resultados são visíveis. “Eu sinto a diferença. Antes, eu ficava sem confiança em movimentos que exigem maior equilíbrio, como subir ou descer uma escada, apanhar alguma coisa no chão ou no alto, ou até caminhar”, comemora Paulo.

Paulo (de verde) é engajado com as atividades. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Ele percebe que a melhora não se deve a apenas praticar durante a aula, mas também ao fato de ouvir explicações da professora Juliana sobre como proceder para manter o equilíbrio. Nilza e Paulo souberam do programa por meio da mídia. “O Correio Braziliense publicou e eu vim fazer parte pela primeira vez. Estou gostando muito. Então, volto para cada aula com entusiasmo”, conta Paulo, que tem três filhos, cinco netos, um bisneto e está prestes a ganhar mais uma bisneta.

“Não acho os exercícios difíceis. O nível está bem compatível com a idade. Os movimentos de equilíbrio são aqueles que, na vida normal, nós precisamos ter e vamos perdendo com a idade”, descreve ele, que joga tênis no Brasília Country Club. Viúvo, ele conta que não está namorando, mas “tem beliscado de vez em quando”. Paulo é carioca e chegou a Brasília em 1976. “Eu era garotão de praia e vim para cá trazido pelo governo federal. Sou engenheiro aposentado pelo Ministério dos Transportes”, relata.


Nilza participa da atividade pela terceira vez. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Nilza é veterana na atividade do CO/UnB. “Esta é a terceira vez de que participo. Eu sempre me sinto muito bem nas aulas. Prefiro o circuito do que academia, por ser ao ar livre, ter mais interação com outras pessoas e muita alegria. Eu sou fã número 1 da professora Juliana”, declara a paulista que tem um filho e três netos. Ela é viúva e está namorando. Professora de matemática aposentada, ela usa o tempo livre ainda para fazer dança de salão e jogar tranca na internet. 

“Vejo muita diferença em mim ao participar do projeto. Consigo subir numa cadeira, trocar uma lâmpada... Meu equilíbrio melhorou muito, mas ainda preciso melhorar mais um pouquinho”, conta. “A queda é um dos maiores motivos de morte entre os idosos. Sou a favor da prevenção.” Tanto ela quanto Paulo são alunos assíduos, algo muito importante para se manter na atividade, que ocorre duas vezes por semana, pela manhã.


Idosos são estimulados a desafiarem os próprios limites. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

“Tem fila de espera, quem falta e não justifica pode perder a vaga” observa Juliana. O sucesso da turma, explica ela, se dá pelo fato de o circuito envolver as três esferas necessárias ao se trabalhar com idosos. “É preciso atuar nos aspectos bio, psico e social. Se você disser para o idoso vir aqui treinar só o físico, ele vai sair correndo”, brinca. “Ele se engaja porque aqui tem a chance de conversar, ver algo diferente, ter contato com a natureza porque a atividade é ao ar livre...” 

Acompanhamento profissional marca as atividades. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Durante as aulas, a professora, inclusive, convida os participantes a andar entre as árvores. O feedback não só de participantes, mas também de familiares é bastante positivo. “Os filhos chegam e contam como a mãe melhorou, por exemplo.” Juliana destaca que a maior parte dos participantes mora no Plano Piloto, mas há exceções — como uma senhora que vem de Águas Lindas (GO) e, mesmo demorando duas horas para chegar, faz questão de participar pelo benefício sentido.


A educadora física Juliana é professora voluntária da UnB e responsável pela atividade. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Educadora física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em educação física e doutora em ciências da saúde pela UnB, Juliana criou o projeto durante a pesquisa de mestrado. A iniciativa é englobada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividade Física para Idosos (Gepafi), iniciado há 22 anos. Foi da coordenadora do Gepafi, Marisete Safons, que veio o primeiro estímulo para o projeto.

“Eu trabalho com idoso desde a graduação. Então, quando cheguei a Brasília, em 2005, queria continuar com esse tema. Por isso, procurei a professora Marisete. Ela expressou o desejo de treinar o equilíbrio do idoso. Percebeu, já naquela época, que isso estava em defasagem”, relembra Juliana. “Então, propus um projeto para treinar isso e fui para a literatura pesquisar bases para criar algo num formato de jogo”, descreve. 


Em quadra no CO, participantes se revezam em diversas estações do circuito. Quando soa o apito, é hora de mudar de estação. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press


Muitos exercícios têm interações em duplas. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Desde 2008, mais de 1 mil participantes passaram pelo circuito. Durante o doutorado, Juliana ajudou instituições, como o Serviço Social do Comércio (Sesc) e a Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, a replicar o circuito de equilíbrio. “A gente dá treinamentos e reciclagens, mas essas entidades mantém, hoje, o projeto sozinhas”, explica. Na UnB, as turmas são abertas para pessoas acima dos 60 anos que não tenham comprometimento cognitivo ou físico que impeça os exercícios — como mal de Parkinson grave e mal de Alzheimer. 


Sorriso no rosto é marca registrada dos integrantes. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

“Mais para a frente, queremos levar esse circuito para particularidades como essas. Não é ainda para quem já usa andador ou órtese. Atualmente, treinamos o idoso como prevenção”, explica. Em todos os casos, a participação no circuito de equilíbrio é gratuita. “Na UnB, não há nenhum critério, além do de idade e da questão cognitiva e física. Já no Sesc, critério de baixa renda é aplicado, eles passam por triagem com assistente social”, afirma Juliana.

Na UnB, 15 voluntários ajudam nas atividades do projeto, dos quais sete são alunos de graduação (que ganham créditos pela participação) e sete já se formaram. Os monitores não precisam ser exclusivamente da área de educação física: podem participar também estudantes e profissionais de cursos como fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, medicina, enfermagem e serviço social.

“Se há um lugar para chegar e experimentar é aqui. A maioria dos voluntários se apaixona porque tem um retorno muito legal. O idoso tem paciência e acredita que você vai ensiná-lo. O idoso agradece, coisa que muitas vezes o jovem não faz”, compara a educadora física. “Além disso, há um mercado de trabalho muito grande para trabalhar com idosos. Então, até quem não gosta dá um jeito de gostar pela questão financeira mesmo.”

Interessados no circuito de equilíbrio podem entrar em contato pelo telefone do Gepafi: (61) 3107-2557, pelo Facebook ou pelo site. Turmas são abertas semestralmente no CO/UnB.

Juliana mantém o projeto por pura paixão. Após terminar o doutorado, voltou para a UnB, como professora voluntária, sem ganhar um centavo, a fim de dar continuidade ao circuito de equilíbrio. Para se manter, trabalha como personal trainer, dá palestras e ministra treinamentos para implantar o circuito em outros espaços, como academias. Atualmente, ela treina profissionais para ampliar o projeto. Os interessados em participar como voluntários precisam passar por um curso semipresencial ao longo de um semestre. 


Roda de conversa e assistência psicológica no Centro Universitário Iesb

Idosos (ao centro) acompanhados de quatro monitoras, que são alunas de psicologia. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

 

A goiana Suely Pedro Veras, 65 anos, está entre as participantes de roda de conversa entre idosos promovida por alunos e professores de psicologia do Centro Universitário Iesb. A atividade ocorre no Câmpus Oeste, em Ceilândia. “Eu vim encaminhada por psiquiatra por estar sofrendo de depressão. Eu tenho uma luta constante entre a razão e a emoção. Era um conflito dentro de mim. E eu me negava a tomar o remédio”, conta Suely. Há três anos, ela começou a ter sessões de atendimento individual com estudantes de psicologia da instituição. 

“Depois de dois semestres, eu pensei: ‘estou bem, vou dar oportunidade para outros’. Então, vim para o grupo, que é muito bom”, elogia. “O mais bacana é a experiência de vida de cada um. Tem dias em que chego aqui e penso que meu problema é o maior do mundo, mas, ouvindo os outros, vejo que não é, aprendo com os outros. A gente costuma aumentar muito as coisas da gente”, admite. Dona de casa e artesã, ela preenche o tempo fazendo trabalhos manuais diversos, como crochê e sandálias bordadas; e com caminhadas. 


Suely é atendida por alunos do Iesb há três anos. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Casada e mãe de três filhos, Suely tem sete netos e duas bisnetas. Ela deixa um recado para quem, porventura poderia se beneficiar de atividades como a de que participa no Iesb, mas têm resistência de procurar ajuda: “Não se recolha com os problemas. Deus é grande, e o mundo é largo. Tem solução para tudo, basta a gente querer e procurar”. A moradora de Ceilândia frequenta o grupo uma vez por semana. A atividade de que ela mais gosta é a conversa em si.

“A gente aborda temas muito complexos, como a própria depressão e problemas da vida diária. É muito livre e a gente tem uma confiança muito grande um no outro”, diz. “Aqui, a gente se abre, sem culpa, sem ofensas e sem ninguém julgar ninguém.” Ela conta que, quando traz um problema para a roda, cada um dá uma sugestão. A convivência acaba formando amizades.

“Todo mundo está aqui com a mesma intenção, que é curar a cuca. Então, dei o nome ao nosso grupo de Cura Cuca.” Atualmente, há duas turmas em funcionamento, cada uma com idealmente 20 participantes, mas, quando há lista de espera, até 25 por turma. Um grupo funciona às terças pela manhã; o outro, nas sextas, também pela manhã. A atividade dura duas horas.


Dinâmicas e conversas animadas e reflexivas integram a programação. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

A professora de psicologia Greici Cerqueira observa que “o objetivo do grupo é promover a saúde a partir da sociabilidade, da formação de vínculos e do encontro desses idosos que, muitas vezes, se sentem inúteis e incapazes”. Ela destaca que há muitas situações de vida que essas pessoas não têm com quem compartilhar e encontram no grupo um lugar seguro para trocar ideias e desabafar. 

“A gente tenta trabalhar com a comunidade em diferentes faixas etárias. Temos também projetos com adolescentes e adultos. No momento, só não temos ainda com crianças, mas temos oferta para pais”, afirma a coordenadora Hannya Herrera. “O grupo de idosos foi pensado, principalmente, para o desenvolvimento de vínculos e pensando em atividades que eles possam desenvolver depois da aposentadoria, continuar ativos e, assim, ter mais qualidade de vida”, diz.

A atividade é para idosos, mas acaba beneficiando toda a família indiretamente. O Iesb recebe encaminhamentos de participantes de centros olímpicos, do Serviço Social do Comércio (Sesc) e de médicos. Há também procura espontânea da comunidade. Alguns interessados acabam ficando em lista de espera pelo tamanho da procura e pelo fato de as turmas não serem tão grandes. Porém, o formato é pensado assim até mesmo para dar melhor atendimento aos idosos.

“São quatro alunas de psicologia que ficam acompanhando cada turma. Às vezes, elas precisam acompanhar alguém ao banheiro, pegar água, dar uma assistência”, esclarece Greici. A cada semestre, alunos formandos do Iesb conduzem a atividade. “A gente começa os encontros fazendo uma dinâmica para eles ficarem mais livres, se soltarem. Depois, a gente sugere um assunto de discussão e, às vezes, o assunto surge naturalmente no meio da turma porque é na troca e na conversação que acontece aprendizagem, crescimento, desenvolvimento”, explica Maria Genuína Oliveira Batista, 57 anos, aluna do 10º semestre de psicologia. 

O tema do encontro da última terça-feira (3), por exemplo, foi dinamismo nas relações e resiliência. Outra sessão abordou a solidão. Para a aluna Lúbia Pedrosa Pereira, 40 anos, também do 10º semestre de psicologia, o maior desafio da atividade é agir em grupo. “Eu nunca tinha trabalhado assim. E o que eu mais gosto é a troca de experiência. Fica bem claro que aqui não há hierarquia, aqui tem uma troca de conhecimento. Nós passamos um pouco do que nós sabemos para eles, e eles passam a vivência deles”, descreve. 


As professoras Hannya Herrera e Greici Cerqueira com as alunas de psicologia Ketlen, Maria Genuína, Lúbia e Marinalva. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Dessa maneira, até mesmo os mais retraídos acabam se soltando em algum momento, até porque as estudantes buscam entender o que cada um gosta para deixá-los à vontade. A graduanda do 10º período de psicologia Ketlen Alves da Silva, 23, informa ainda que as monitoras respeitam o espaço de cada idoso. “A gente não fica forçando. Alguns são mais tímidos, vêm mais para ficar ali do lado de um amigo, observando. A gente faz uma pergunta, se a pessoa quiser responder, bem. Se não quiser, a gente não força”, diz.

Ficou interessado na roda de conversa para idosos promovida por alunos e professores de psicologia do Iesb? As turmas são abertas a cada semestre. Confira mais informações pelo telefone (61) 3340-3747, pelo e-mail atendimento@iesb.br, pessoalmente no Câmpus Oeste (QNN 31 - Áreas Especiais B/C/D/E, Ceilândia Norte) ou pelo site.

A solidão, percebem as universitárias, é um dos maiores motivos de sofrimento na velhice. “E a modernidade tem feito com que eles fiquem mais sós. Eles reclamam muito que os filhos e os netos ficam no celular e não falam com eles. O diálogo faz muita falta aos idosos”, pondera Maria Genuína. Segundo a professora Greici, a sensação de inutilidade é outro fator de sofrimento. “A fase da produção já acabou na cabeça deles”, afirma a docente. E a convivência em grupo ajuda nesse sentido.

“Eles chegam tímidos, mas a presença do grupo faz com que eles saiam do não movimento para o movimento. Isso faz com que eles passem a ter um propósito.” Para a estudante do 10º semestre de psicologia Marinalva Viana, 37, trabalhar com o grupo de idosos é uma experiência rica e interessante. “Foi uma escolha minha, pois os alunos podem optar por projetos com outras faixas etárias. Eu observo muito o sofrimento da população idosa, a falta de carinho, de cuidado e de atenção. Tem muitos idosos que só precisam ser ouvidos, eles não querem mais nada do que um abraço e uma escuta”, percebe.


Claldeci procurou o programa antes mesmo da terceira idade. Foto: Ana Paula Lisboa/CB/D.A Press

Apesar de o foco da iniciativa estar em pessoas acima dos 60 anos, a iniciativa abre exceções para participantes se aproximando da velhice. É o caso do mineiro de Monte Azul (MG) Claldeci de Souza, que participa do grupo mesmo antes de chegar à terceira idade. Aos 53 anos, ele se prepara para envelhecer com saúde física e mental.

Sofrendo com depressão, o motorista aposentado procurou o serviço do Iesb por recomendação médica. Primeiramente, fez sessões individuais, concomitantemente com o grupo e, após sentir melhora, manteve apenas o segundo atendimento.

“Muitos enxergam a depressão como uma safadeza, como onda, mas só quem sofre sabe o que é. É uma doença profunda e muita séria. Ela leva à morte, ao suicídio e a muitas coisas que fazem a família chorar”, reflete o pai de cinco filhos e avô de dois netos. “Tenho amigos que já se foram pela depressão, que tiraram a própria vida. Eu agradeço a Deus por me dar forças de lutar contra isso. E vi que aqui era o lugar onde eu conseguiria dar a volta por cima”, explica.


Idosos são alfabetizados por alunos de pedagogia. Crédito: Arquivo pessoal

Assim como Suely, ele formou vínculos ali. “Você constrói uma amizade saudável e vê que essas pessoas aqui querem lhe ajudar.” Além do atendimento no Iesb, Claldeci mantém um canal de vídeos humorísticos no YouTube. Outro hobby tem um propósito sustentável e social: ele faz mudas e planta nas ruas, especialmente de árvores frutíferas, pensando em ajudar a alimentar moradores de rua.

Letrar Cidadania: alfabetização para idosos e adultos
Outro projeto do Centro Universitário Iesb, também no câmpus localizado em Ceilândia, é o Letrar Cidadania. 

O programa oferta aulas de alfabetização baseadas na metodologia de Paulo Freire, para pessoas da comunidade local que nunca foram alfabetizadas ou que, apesar de terem frequentado a escola, não aprenderam efetivamente. 


O método utilizado é o de Paulo Freire. Foto: Arquivo pessoal

O programa é desenvolvido com alunos do curso de pedagogia. Os encontros do projeto Letrar Cidadania ocorrem às sextas, das 18h às 19h, e, aos sábados, das 8h30 às 10h. A coordenadora é a professora de pedagogia Marli Vieira Lins de Assis.

Mais informações pelo telefone (61) 3340-3747, pelo e-mail atendimento@iesb.br, pessoalmente no Câmpus Oeste (QNN 31 - Áreas Especiais B/C/D/E, Ceilândia Norte) ou pelo site.

 

Curso para aprender a envelhecer na UnB

Turma da Universidade do Envelhecer de Taguatinga. Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press 

 

A Universidade do Envelhecer (Uniser) está com inscrições abertas para o curso de educador político-social em gerontologia, com duração de um ano e meio. As aulas ocorrerão no câmpus Estrutural do Instituto Federal de Brasília (IFB), de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h30.

Para participar, é necessário ter, no mínimo, 40 anos e comparecer à secretaria do IFB Estrutural, desta segunda (9/9) até quarta (11/9), com três fotos 3x4 e cópias do comprovante de residência, CPF e RG. Mais informações pelo telefone (61) 3301-9337, pelo e-mail uniserunb@gmail.com ou pelo site.
 

UDF ensina idosos a usar o smpartphone

Há cerca de um ano e meio, curso parou de ter foco em computadores para priorizar celulares. Foto: Arquivo pessoal


Aulas são ministradas por estudantes de cursos da área de tecnologia. Foto: Arquivo pessoal

A primeira edição do curso de inclusão digital para a terceira idade oferecido pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) foi em 2012. De lá para cá, foram mais de 3.500 idosos beneficiados. A capacitação começou tendo como foco ensinar os idosos a mexerem no computador. Há cerca de um ano e meio, as aulas passaram a priorizar o smartphone. As turmas mais recentes, cada uma com 50 alunos (uma no turno matutino, outra no vespertino) se iniciaram na última quarta-feira (4).


Apesar de o foco estar em smartphones, ainda há uma “pincelada” em desktop. Foto: Arquivo pessoal

As aulas são duas vezes por semana ao longo de quase três meses. Mesmo com um número considerável de beneficiados, a iniciativa não atende toda a demanda: tradicionalmente, há lista de espera. Os monitores da iniciativa são 13 estudantes dos cursos de análise e desenvolvimento de sistemas, jogos digitais, sistemas de informações, engenharia mecânica, enfermagem e pedagogia. “Os de tecnologia direcionam as aulas, mas sempre tentamos trazer alunos de outros cursos para ser o pessoal de suporte”, explica o professor Thalisson Lopes, coordenador do projeto.


Aulas são marcadas por interação em grupo. Foto: Arquivo pessoal

Em algumas ocasiões, o projeto chegou a ter, entre os voluntários, universitários de outras instituições de ensino. “A gente tem um processo seletivo de monitores. Não são quaisquer alunos que podem participar, precisamente porque o público idoso precisa de uma atenção diferenciada”, afirma. A rigidez na seleção é para escolher pessoas que tenham perfil para ensinar gente acima dos 60 e vencer possíveis resistências. 


Ao aprender a usar aplicativos de mensagens e carona compartilhada, idosos ganham autonomia. Foto: Arquivo pessoal

“O limitante, para muitos idosos, é o próprio medo. A gente tenta quebrar esse paradigma e mostrar que a tecnologia está aí a favor deles e não contra”, diz. “Parte das turmas começa com resistência, mas a grande maioria chega ao fim maravilhada, querendo fazer de novo”, comemora. “Volta e meia, filhos, maridos, dão esse feedback positivo de que a pessoa passou a se relacionar on-line de forma mais fácil e se isolar menos”, afirma.

“A gente percebe que uma das grandes dificuldades deles é interagir, não só na internet, mas presencialmente também. E o mundo virtual acaba sendo uma ferramenta para evitar a solidão”, complementa. “O próprio curso vira um espaço de convivência para eles, onde podem conhecer gente, fazer amigos…” Graduado, especialista e mestre em tecnologia da informação, Thalisson observa que o grande objetivo ao treinar pessoas acima dos 60 anos para usar bem o celular é garantir independência.


Turma chegou a ser homenageada na Câmara dos Deputados no ano passado. Foto: Arquivo pessoal

Os únicos requisitos para participar do curso de inclusão digital do UDF, segundo o professor, são ter mais de 60 anos e vontade de aprender. “O resto a gente desenvolve dentro de sala de aula com os celulares deles.” A atividade é totalmente gratuita. O idoso só precisa comparecer às aulas e levar o próprio celular. No fim, há emissão de certificado.

“Eles aprendem a tirar selfie e postar nos stories do Instagram, mandar para familiares pelo WhatsApp. Passam a saber como pedir Uber para se locomover sem depender de ninguém.” Os ganhos, garante Thalisson, não são só para os idosos. Os universitários se beneficiam também, pois podem colocar em prática o que aprenderam no curso. Os ganhos também vão além da técnica. “A gente tinha aluno que, quando começou, não conseguia nem falar em público e, hoje, é uma das pessoas que está à frente, ensinando”, exemplifica. “Com o projeto, a gente desenvolve o que, hoje, o mercado exige e chama de soft skills: empatia, relacionamento interpessoal…”

 

Centro de convivência da UCB

Instituição oferece série de atividades para o corpo. Foto: UCB/Divulgação

A Universidade Católica de Brasília conta com o Centro de Convivência do Idoso (CCI), projeto de extensão integrado à Escola de Saúde e Medicina. Criado em 2010, o CCI atende à comunidade idosa do Distrito Federal e é um espaço de convivência com atividades recreativas, de aprendizagem, artísticas e culturais.

Atualmente, são mais de 230 idosos cadastrados em atividades como ginástica oriental, ginástica de academia, hidroginástica, espanhol, inclusão digital, oficina de crochê, oficina de educação ambiental e dança de salão. Para mais informações e inscrição nas oficinas, ligue para o telefone (61) 3356-9084. Saiba mais no site.

Dança de salão está entre as modalidades oferecidas. Foto: UCB/Divulgação

 

 

 

 

 

Geriatria, fisioterapia e outros serviços no Uniceplac

Foto: Uniceplac/Divulgação


Foto: Uniceplac/Divulgação

O Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac), antiga Faciplac, no Gama, oferece serviços de fisioterapia, geriatria, ortopedia, saúde da mulher, neurologia adulto e pilates. Os interessados devem ligar no Centro de Práticas Acadêmicas e marcar atendimento na área pretendida: (61) 3035-3940. Confira mais informações no site.

 

 

Serviços do IFB
O câmpus Taguatinga do Instituto Federal de Brasília (IFB) oferece curso de inclusão digital para a terceira idade. As inscrições podem ser feitas nesta segunda (9/9) na recepção do câmpus, por ordem de chegada, das 9h às 12h e das 13h às 18h. Podem participar pessoas acima dos 50 anos com ensino fundamental completo. 


Foto: Adauto Cruz/CB/D.A Press

As aulas serão aos sábados, das 8h às 12h, com previsão de início em 14 de setembro. São ofertadas 20 vagas. Informações podem ser obtidas pelo telefone (61) 2103-2200 e na recepção do IFB Taguatinga, localizado na QNM 40, Área Especial nº 1. Saiba mais no site.

Já o câmpus Recanto das Emas do IFB disponibiliza curso de alfabetização e letramento para terceira idade. As inscrições para a última turma foram encerradas em 2 de agosto. A seleção é feita por meio de sorteio. Mais informações podem ser obtidas na secretaria do câmpus, que fica na avenida Monjolo, Chácara 22, Núcleo Rural Monjolo, e pelo telefone (61) 2103-2190 ou pelo site.

 

 

UniCeub convida a comunidade
O Centro Universitário de Brasília (Uniceub) tem aulas de informática básica gratuitas voltadas para idosos e pessoas que desejam aprender noções básicas de tecnologia digital e uso de aplicativos. A última turma encerrou as inscrições em 17 de agosto.


Foto: UniCeub/Divulgação

As aulas são aos sábados, das 9h às 12h, nos câmpus Asa Norte e Taguatinga. São ofertadas 30 vagas por turma. Informações pelo e-mail santana1204@gmail.com, pelo telefone (61) 3966-1201 ou pelo site.

 

Semana de Responsabilidade Social
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) promove, anualmente, a Semana Nacional de Responsabilidade no Ensino Superior. Este ano, a programação está marcada para ocorrer entre 23 e 28 de setembro.

 

Durante esses dias, faculdades particulares oferecem diversos serviços à comunidade, incluindo a idosa. No DF, a ABMES prevê que a UCB e o Centro Universitário Euro-Americano (Unieuro) desenvolvam atividades.

Foto: Arquivo/ABMES

Na UCB, está marcada sessão de atendimento médico a idosos no dia 27, às 8h. No Unieuro, no dia 28, mais de 500 idosos serão atendidos em diversos serviços, como orientação e consultas em higiene bucal, prevenção a diabetes, hipertensão, oftalmologia e odontologia; circuito de condicionamento físico; corte de cabelo; massagem corporal; e orientações em inclusão digital.

 

Conhece outros serviços?
Se você sabe de outras atividades desenvolvidas por faculdades e instituições de ensino de Brasília voltadas a idosos, envie e-mail para euestudantecb@gmail.com. A sua sugestão pode ser acrescentada aqui.


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Editora

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