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Pandemia pode adiar o sonho do diploma universitário na Baixada Santista

19/07/2020 | Por: A Tribuna | 2910
Foto: Reprodução/ A Tribuna

As condições econômicas dos universitários são um fator que gera preocupação em meio à possibilidade de retomada das atividades presenciais do Ensino Superior privado. Uma pesquisa nacional aponta que 42% deles admitem haver o risco de desistir do curso por problemas nanceiros. Com isso, existem mais fatores em jogo para o retorno às salas de aula do que as datas programadas pelo Governo do Estado e um deles é o bolso das famílias.

Na última semana, o governador João Doria (PSDB) anunciou que, nas regiões que permanecerem ao menos 15 dias na fase amarela do Plano São Paulo (a Baixada Santista está há nove dias nessa faixa), serão restabelecidas as atividades presenciais de cursos está á o e d as essa a a), se ão estabe ec das as at dades p ese c a s de cu sos cujas tarefas laboratoriais não são feitas a distância ou que têm estágio curricular obrigatório. Nos demais casos, a ideia é retornar em 8 de setembro, caso todo o Estado esteja na fase amarela por 28 dias.

Contudo, o aspecto nanceiro terá peso nessa balança. Levantamento da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e da empresa de pesquisas educacionais Educa Insights indica que quase a totalidade dos entrevistados matriculados no Ensino Superior privado quer continuar os estudos. No entanto, 42% armam que, pela diculdade em pagar as mensalidades, podem deixar de estudar.

“Estamos em uma nação continental, com características muito diferentes em cada região. A ABMES representa cerca de 2.500 instituições, o que dá cerca de cinco milhões de estudantes. Cada uma delas está gerenciando a situação conforme a autonomia acadêmica que tem”, analisa o diretor executivo da ABMES, Sólon Caldas

Cenário
Para entender o cenário, a instituição realizou a pesquisa entre abril e junho, apurando e identicando as demandas dos alunos matriculados e daqueles com intenção de começar o ciclo universitário. “O que encontramos foi 94% dos estudantes matriculados desejando continuar os estudos, mesmo sob o risco de desistência em função das consequências no emprego e na renda provocadas pela emergência sanitária”.

Segundo ele, 70% dos ouvidos pagaram as mensalidades de maio em dia ou ainda dentro do mês vigente. Por outro lado, houve um aumento de 75% em maio, em comparação com abril, daqueles que ainda não haviam feito o pagamento e não sabiam quando poderiam quitá-lo. “Esse grupo representou 14% dos entrevistados no 5º mês do ano”.

Sonho adiado
A universitária Jeyzza Andrade Tito, de 25 anos e moradora do Areia Branca, em Santos, sabe o quanto a pandemia tem atrapalhado o sonho de conquistar o diploma do Ensino Superior. Ela perdeu o emprego e teve que trancar a matrícula do curso de Ciências Biológicas.

 “Não conseguimos conversa em relação a desconto. Informaram que a mensalidade de abril poderia ser parcelada no cartão, o que viraria uma bola de neve. Antes da pandemia, eu trabalhava e logo que começou a quarentena fui dispensada. Fiquei sem renda para manter a faculdade. Tranquei a matrícula em maio e quei devendo dois meses”. A esperança dela é que o cenário econômico melhore e consiga voltar às aulas em 2021.

Movimentos estudantis têm se mobilizado para garantir a redução de mensalidades neste momento de pandemia. O Centro dos Estudantes de Santos e Região (CES) atua no sentido de fazer com que as universidades abram suas planilhas e tenham transparência nas informações das contas e custos, deixando claro as possibilidades de atendimento às demandas dos estudantes.

“Eu co triste porque já comecei um curso, vi que não era o que eu queria, saí e voltei. Aí, quando acerto na escolha da faculdade, acaba acontecendo isso. É uma frustração. Essa pandemia tirou a esperança de muitos estudantes que estavam na faculdade ou mesmo que estavam planejando ingressar nela”, desabafa Jeyzza.

A palavra das instituições
A Reportagem entrou em contato com diversas instituições de Ensino Superior da região. Por meio de notas, todas armam estar em constante conversa com os estudantes, analisando caso a caso. Além disso, elas já se estruturam para um possível retorno das atividades, respeitando um protocolo do Estado com várias exigências, como distanciamento entre os alunos e uso de máscaras.

A Universidade São Judas diz tratar "cada solicitação nanceira de forma individual" e com seus canais de comunicação à disposição dos alunos. De acordo com a instituição, com a suspensão das aulas presenciais, não houve diminuição de custos, e sim um incremento decorrente do uso de tecnologia. “As atividades por meio de recursos digitais não minimizam os demais custos e investimentos para o dia a dia”. Por isso, os valores das mensalidades foram mantidos, mas há programas e medidas a alunos com diculdades nanceiras.

A Esamc optou por instituir um pacote de benefícios nanceiros que incluiu a possibilidade de diluição das mensalidades vigentes no semestre seguinte, sem aplicação de juros. No retorno das atividades, arma que o maior desao será garantir medidas como distanciamento social e rodízio de alunos, por exemplo. “De qualquer forma, em virtude da pandemia, todos estão livres para tomar decisões acerca da vontade de frequentar ou não os campi, mesmo com posição favorável do Ministério da Saúde e do Estado sobre a volta do ensino presencial”.

Desde o começo da pandemia, a Unisanta criou canais de atendimento e comitês para análise de questões acadêmicas e nanceiras. Além do parcelamento de mensalidades, foram disponibilizadas linhas de crédito. Um comitê também analisa a volta das atividades presenciais. "Estamos empenhados para que o retorno das aulas seja feito com segurança”.

A Unoeste criou o Núcleo de Apoio ao Estudante para cuidar dos assuntos voltados aos alunos, incluindo diculdades nanceiras. Preparando-se para o retorno, a instituição está planejando capacitações e treinamentos aos docentes, além de um protocolo de biossegurança. "Os professores que pertencem ao grupo de risco continuarão em home oce".

Por sua vez, a Unimes arma que aproveita as férias escolares para organizar as ações para o retorno presencial gradual, vericando as necessidades de infraestrutura e seguindo as normas da Vigilância Sanitária.

A Unaerp percebeu um aumento no cancelamento de matrículas, mas diz que, desde o início da pandemia, analisa os casos dos alunos, criando um canal de atendimento remoto para essa demanda. A instituição arma que iniciou o planejamento das readequações das instalações às novas normas de segurança e está organizando cronogramas para aulas práticas adiadas do primeiro semestre.