Detalhe

ABMES debate oportunidades para aliar lucro e qualidade no ensino superior

10/11/2011 | Por: ABMES | 2131

O sucesso econômico do setor particular de ensino superior pode estar aliado à qualidade dos serviços prestados pelas instituições, sem ser necessário optar por um caminho em detrimento do outro. Esta foi uma das temáticas apresentadas nesta terça-feira (9/11) durante o seminário “Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?”, promovido pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em Brasília.

Acadêmicos e especialistas se reuniram para debater sobre o futuro das entidades particulares do Brasil, destacando a preocupação das instituições de ensino superior (IES) para a obtenção planejada de rendimentos que poderão garantir, em contrapartida, melhores ferramentas de ensino, pesquisa e extensão dentro dos cursos.

O presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues, abriu as discussões. O encontro contou com a presença de Nival Nunes de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia e ex-reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); Átila Simões, vice-reitor do Centro Universitário UNA, de Minas Gerais; Eduardo Alcalay, presidente do Grupo Estácio; e Antônio Carbonari Netto, presidente do Conselho Administrativo da Anhanguera Educacional.

Hoje, o setor particular representa 88% das IES brasileiras, de acordo com dados do Censo da Educação Superior, divulgados esta semana pelo Ministério da Educação. Para essas entidades, torna-se fundamental, ao adotar o sistema de mercado, reafirmar o comprometimento com a qualidade do serviço prestado, de forma a minimizar discussões ideológicas inseridas na sociedade sobre a finalidade do lucro.

“Existe a sensação de que, ao se discutir o lucro e a qualidade de ensino, a ideologia mata o equilíbrio que há entre os dois conceitos”, afirmou Átila Simões. “O desafio dos atores no ensino superior é justamente buscar esse equilíbrio, fazendo com que, a partir do crescimento do lucro e do investimento feito pelos alunos, cresçam também os recursos para melhorar o próprio ensino”, completou.

Nival Nunes de Almeida afirmou que o desafio é constante para gestores da educação. “Temos que atender bem esse estudante, atrair talentos e capacitar docentes, mas sabendo lidar com uma organização educacional que, às vezes, tem um olhar mercantil, muito financista. É uma preocupação que busco ter”, ponderou.

Para Eduardo Alcalay, o foco em resultados das instituições educacionais não se limita aos lucros. “Não devemos nos prender aos superávits ou déficits. Os resultados também são aqueles que vêm para o ganho acadêmico, como o investimento em melhor estrutura, em melhores profissionais e em ferramentas para o aluno, o que resultará inevitavelmente em melhores avaliações para a instituição que soube investir. Isso também é resultado”, ressaltou. “Temos de lembrar que o lucro não mata a qualidade. Ele é mera consequência a qualquer empreendedor que consegue atender bem seu destinatário final”, afirmou.

O professor acredita que a questão deve se desprender de “rótulos”, a fim de desmistificar a conotação negativa usada por alguns especialistas ao se falar em lucro. “Superávit, lucro, rendimento final. Tudo isso significa a mesma coisa. Não se pode discutir rótulos sem lembrar que qualquer instituição precisa ser auto-sustentável”, defendeu.

Qualidade e lucro justo

Um dos pontos levantados durante o seminário diz respeito aos interesses por trás do lucro e o significado de qualidade. Antônio Carbonari Netto acredita que é responsabilidade do gestor educacional pensar como os dois conceitos se encontrarão de forma uníssona. “O investimento que se faz na educação a partir do lucro arrecadado ao fim de cada mês pode, sem dúvidas, ser aplicado para que se obtenham melhores indicadores de avaliação do ensino. Claro que não posso cobrar do aluno, na carta que envio para sua casa, um valor extra para manutenção de bons professores, para garantir extensão ou boas instalações. Ele quer ter o serviço pronto. Cabe a nós saber como aplicar o lucro final”, explica.

O educador defendeu que o conceito de qualidade também deve ser questionado. “Qualidade é uma questão de usabilidade. Enquanto a Europa convive com uma taxa de desemprego maior que 20%, acredito que nós aqui no Brasil estamos sabendo aplicar melhor nossa educação com nossos 6% de desemprego”, comparou.

A mesma ideia de usabilidade, na visão de Eduardo Alcalay, pode ser aplicada ao se questionar o que é o lucro justo? Segundo ele, “o lucro será justo se for sustentável. Não adianta uma instituição reduzir o lucro e, em contrapartida, perder alunos e cortar serviços. Dessa forma, arrecadar menos não é justo, pois a qualidade se perde. Lucro e qualidade podem trabalhar juntos, sempre”, concluiu.

O material apresentado durante as exposições, bem como os arquivos de áudio e vídeo, podem ser conferidos no portal da ABMES (www.abmes.org.br). 


Conteúdo Relacionado

Áudios

Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (I)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Presidente da ABENGE e ex-reitor da UERJ, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011

Download

Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (II)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Vice-reitor do Centro Universitário UNA, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011.

Download

Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (III)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Presidente do Grupo Estácio, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011

Download

Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (IV)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Presidente do Conselho de Administração da Anhanguera Educacional, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011.

Download

Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (Debate)

Data:08/11/2011

Descrição:Debate realizado após o seminário "Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?", de 08 de novembro de 2011

Download

Vídeos

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (I)

Exposição do presidente da Abenge e ex-reitor da UERJ, Nival Nunes, durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (III)

Exposição do presidente do Grupo Estácio, Eduardo Alcalay , durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (V)

Debate realizado após as exposições do seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (II)

Exposição do vice-reitor do Centro Universitário UNA, Átila Simões, durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (IV)

Exposição do presidente do Conselho de Administração da Anhanguera, Antonio Carbonari Netto, durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Eventos

Seminário ABMES: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?

A ABMES reunirá no dia 8 de novembro, às 14h30, em Brasília/DF, especialistas para debater a temática lucro versus qualidade no âmbito da prestação de serviço pelas instituições de ensino superior. O evento é gratuito para associado, mediante inscrição prévia.

08/11/2011