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Educadores e administradores: há espaço para ambos na gestão do ensino superior particular

16/11/2011 | Por: ABMES | 1561

É possível unir interesses corporativos, administrativos e educacionais dentro de uma instituição de ensino superior (IES), aliando áreas distintas de atuação entre seus diretores? Há quem defenda que a cadeira do gestor educacional deve estar reservada apenas àquele que dedicou anos à educação. Por outro lado, é cada vez mais comum que instituições procurem investir em especialistas em administração e finanças para gerenciamento no âmbito acadêmico.

O que poderia representar um grande desafio para a gestão educacional mostra-se como um possível caminho para o sucesso das administrações participativas, que apostam na especialização e na otimização de processos de forma integrada. Estas e outras alternativas foram discutidas durante o seminário “Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?”, promovido pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em Brasília, no último dia 9 de novembro.

O presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues, abriu as discussões. O encontro contou com a presença de Nival Nunes de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia e ex-reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); Átila Simões, vice-reitor do Centro Universitário UNA, de Minas Gerais; Eduardo Alcalay, presidente do Grupo Estácio; e Antônio Carbonari Netto, presidente do Conselho Administrativo da Anhanguera Educacional.

Diálogo dentro da fábrica de ideias

Levados a questionar os papéis dos especialistas em educação e daqueles advindos de outras áreas externas à da administração nas IES, especialistas convidados pela ABMES defenderam que há espaço para diversos formatos de gestão, desde que essas respeitem a essência da gestão democrática e sustentável. “Conhecer de perto o ambiente educacional será fundamental, mas isso não mais impede a participação de diferenciados profissionais dentro da gestão acadêmica”, analisou Antônio Carbonari Netto.

Por um lado, defende-se que a academia, em sua essência, não pode ser comparada a um sistema de produção em série, como o de uma indústria. Em contrapartida, ela também é formada por uma estrutura complexa, sujeita a inúmeras variáveis, que não deve ter sua rotina afetada por imprevistos ou outros problemas que empeçam seu funcionamento, como a falta de estrutura para gerenciamento de finanças, crises internas, capitação de novos parceiros e investidores, além de novos clientes – como em qualquer outra empresa. “Hoje, as instituições necessitam, em primeiro lugar, de um gestor que pense de forma a fazer com que o lucro sobreviva junto com a qualidade”, afirmou Carbonari.

Para o presidente da ABMES e mediador da discussão, Gabriel Mario Rodrigues, “em tese, os interesses de cada profissional serão diferentes e cada um deve lidar com o que lhe é de competência. Porém, o objetivo é saber como confrontar essas duas realidades. Como isso será possível na prática é a questão principal”, apontou.

Já Eduardo Alcalay ponderou que “o presidente de uma empresa que vem da área financeira possui a mesma filosofia de respeito às prioridades que teria um presidente que vem da área acadêmica”, afirmou. “A qualidade é alimentada pelo lucro, que em contrapartida, tornará possível o investimento em maior qualidade. Os interesses são os mesmos, em ambas as visões”, explicou.

Para ele, o essencial dentro de uma instituição não será valorizar apenas os formatos de gestão – sejam eles familiares, tradicionais ou formado por complexos sistemas corporativos. “Nós temos que construir empresas que se perpetuem, independentemente das pessoas que hoje constituem uma instituição de ensino superior. Se tudo for balanceado, de forma coerente, qualquer modelo pode funcionar. O problema é o excesso de poder”, defendeu Alcalay.

Para Carbonari, a principal aposta dentro das IES é investir no amplo preparo para os profissionais especializados em educação. “Confio na academia profissionalizada mais do que a empresa educacional. Isso não quer dizer que não precisemos de especialistas, da área de finanças, por exemplo. Mas é essencial que esses conheçam o ambiente educacional, para pensar de forma compatível ao universo das IES. Precisamos dar respostas em escalas que o profissional da gestão pode não saber responder por si só, sem a vivência dentro da academia”, analisou.

Outro ponto importante para o sucesso de qualquer formato de administração é o compromisso com a gestão democrática. É o que afirma Antônio Carbonari: “os conselhos de administração exercem grande papel, estando ao lado da diretoria executiva. Uma vez que há deturpação do conselho, há deturpação do executivo. Então haverá espaço para benefícios de pessoas em detrimento dos interesses da instituição. Um conselho bem articulado por comitês tem grande chance de apoiar o futuro da administração, pessoas que possam compor a administração de forma diversificada e especializada.”

O material apresentado durante as exposições, bem como os arquivos de áudio e vídeo, podem ser conferidos no portal da ABMES (www.abmes.org.br).

 

Programe-se

O próximo Seminário ABMES abordará os resultados do Censo da Educação Superior e será realizado em 6 de dezembro, pela manhã. Acompanhe a divulgação do evento e a abertura de inscrições pelo portal da ABMES.


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Áudios

Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (I)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Presidente da ABENGE e ex-reitor da UERJ, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011

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Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (II)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Vice-reitor do Centro Universitário UNA, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011.

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Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (III)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Presidente do Grupo Estácio, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011

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Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (IV)

Data:08/11/2011

Descrição:Exposição do Presidente do Conselho de Administração da Anhanguera Educacional, durante o seminário da ABMES de 08 de novembro de 2011.

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Áudio: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (Debate)

Data:08/11/2011

Descrição:Debate realizado após o seminário "Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?", de 08 de novembro de 2011

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Vídeos

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (I)

Exposição do presidente da Abenge e ex-reitor da UERJ, Nival Nunes, durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (III)

Exposição do presidente do Grupo Estácio, Eduardo Alcalay , durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (V)

Debate realizado após as exposições do seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (II)

Exposição do vice-reitor do Centro Universitário UNA, Átila Simões, durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior? (IV)

Exposição do presidente do Conselho de Administração da Anhanguera, Antonio Carbonari Netto, durante o seminário da ABMES de 8 de novembro de 2011

Eventos

Seminário ABMES: Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?

A ABMES reunirá no dia 8 de novembro, às 14h30, em Brasília/DF, especialistas para debater a temática lucro versus qualidade no âmbito da prestação de serviço pelas instituições de ensino superior. O evento é gratuito para associado, mediante inscrição prévia.

08/11/2011