O sistema público de ensino não atende a demanda de alunos em busca de formação. Atualmente, menos de 13% das instituições de ensino superior (IES) são públicas. Por consequência, grande parte das vagas tem sido destinada para alunos oriundos do ensino médio particular, que puderam investir em alto nível de estudos, preparo e treinamento para enfrentar  os vestibulares mais concorridos do país.

Para os estudantes de baixíssima renda, restam poucas alternativas para garantir o ingresso no ensino superior sem o apoio de programas e bolsas de estudo. Dessa forma, uma parcela significativa acaba por abrir mão do investimento. “O lugar desse aluno na rede pública deveria ser garantido por lei”, defendeu o professor Antonio Carbonari Netto, presidente do Conselho Administrativo da Anhanguera Educacional, e diretor técnico da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), durante o seminário “Lucro e qualidade acadêmica são compatíveis na Educação Superior?”. O evento foi promovido pela ABMES em Brasília, no último dia 9 de novembro.

 “A universidade particular cada vez mais demonstra seu interesse em absorver esse aluno porque, entre outros motivos, ele foi deixado de lado pelo Estado.” Para o gestor educacional, uma solução que garantiria maior espaço para quem depende da educação pública seria criar um teto salarial per capita para os ingressantes. “Se as autoridades educacionais estivessem interessadas, limitariam em cinco salários mínimos o poder aquisitivo de quem vai para as federais”, afirmou. “Isso diminuiria o número de pessoas que podem pagar por serviços particulares ocupando vagas de quem deveria ter preferência nos investimentos do Governo Federal”, disse.

Para Carbonari, o estabelecimento de um teto salarial funcionaria da mesma forma com que são aprovados os ingressos de alunos de baixa renda no Programa Universidade para Todos (ProUni). Para concorrer a uma bolsa de estudos nas faculdades particulares por meio da nota acumulada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o estudante inscrito no ProUni precisa comprovar que a renda familiar é de até um salário mínimo e meio per capita, para bolsas de estudo integrais, ou até três salários mínimos per capita, para concorrer a uma bolsa parcial de 50%.

O encontro contou ainda com a participação do presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues, que abriu as discussões; Nival Nunes de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Educação em Engenharia e ex-reitor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ); Átila Simões, vice-reitor do Centro Universitário UNA, de Minas Gerais; e Eduardo Alcalay, presidente do Grupo Estácio.

Debates mensais na ABMES

 Os Seminários da ABMES são realizados mensalmente, trazendo temas de relevância para profissionais do ensino superior particular e público do país. Na edição novembro, especialistas e educadores promoveram o debate sobre a relação entre lucro e qualidade de ensino nas das instituições particulares. O material apresentado durante as exposições, bem como os arquivos de áudio e vídeo, podem ser conferidos no portal da ABMES (www.abmes.org.br).

O próximo Seminário abordará  o tema "Censo da Educação Superior 2010 – análise  crítica dos resultados para a tomada de decisões estratégicas" e contará com a participação de Carlos Eduardo Moreno Sampaio, diretor de Estatísticas Educacionais do Inep/MEC, e Rodrigo Capelato, diretor Executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). 

O evento ocorrerá no dia 6 de dezembro, às 9 horas , no Auditório Victorio Lanza da ABMES. Acompanhe a divulgação do evento e a abertura de inscrições pelo site www.abmes.org.br.

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