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Seminário ABMES – Inep e educadores debatem retrato do ensino superior brasileiro

08/12/2011 | Por: ABMES | 1847

Após passar por mudanças estruturais nos últimos dois anos, o Censo da Educação Superior representa hoje a principal ferramenta do Ministério da Educação para obtenção do retrato das instituições de ensino superior (IES). Com o objetivo de analisar o último relatório, o Censo 2010, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) em 7 de novembro, bem como avaliar melhorias a serem trazidas para o diagnóstico, representantes do Inep e do setor educacional particular estiveram presentes no seminário “Censo da Educação Superior 2010 – análise crítica dos resultados para a tomada de decisões estratégicas”, promovido na última terça-feira (6/12) pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

O encontro contou com a presença de Christyne Carvalho da Silva, coordenadora de Planejamento do Censo da Educação Superior no Inep; Renan Carlos Dourado, técnico da Coordenação de Controle de Qualidade e Indicadores da Educação Superior, também do instituto, e Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). O presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues coordenou a mesa de discussões.

Não somente para o MEC, os dados do Censo se tornam um importante parâmetro para que as instituições de ensino superior possam planejar suas gestões educacionais e investimentos. “Para a elaboração do Censo, é feito anualmente um sistema único e amplo de coleta, para aproveitar informações vindas de professores e alunos. O objetivo é conhecer de perto cursos, docentes e universitários”, explicou Christyne Carvalho. “O levantamento poderá viabilizar o diagnóstico atual da educação superior, bem como subsídios para cálculo dos indicadores da educação superior, como CPC e IGC”, informou.

Os dados do Censo buscam compreender o ensino superior de forma sistêmica e direcionada. “Quando um mesmo estudante ou professor está ligado a mais de uma instituição ou curso, os vínculos são analisados de forma isolada. O objetivo é que, com o passar do tempo, consigamos identificar cada vez melhor quem é esse indivíduo”, apontou Christyne. “Outros dados específicos que já são levantados pelo Ministério do Trabalho ou IBGE, como situação socioeconômica dos estudantes, não são o foco do Censo, uma vez que não é seu objetivo analisar um mesmo dado duas vezes”, esclareceu.

Desmembrando o Censo

De acordo com os especialistas do Inep, as informações censitárias coletadas pelo MEC buscam conhecer de perto os números relacionados ao ensino superior em quatro âmbitos: IES (pela análise de informações relacionadas a funcionários técnico-administrativos, dados financeiros e biblioteca); curso (vagas, inscritos em processo seletivo, condições de acessibilidade para pessoas com deficiência, laboratórios); alunos (dados cadastrais, situação de vínculo a curso, forma de ingresso/seleção, programa de reserva de vagas, financiamento estudantil, apoio social, formação complementar) e professores (dados cadastrais, escolaridade, situação do docente na IES, regime de trabalho, docente substituto, atuação do docente, cursos de atuação do docente).

Mudanças

A coordenadora de Planejamento do Censo, Christyne Carvalho, afirmou que novas mudanças no sistema de obtenção de dados devem ocorrer em 2011 para garantir maior integração com outros dados do MEC. A partir do próximo processo, com início previsto para fevereiro de 2012, será solicitado às instituições que informem CPF de alunos.

Renan Carlos, técnico do Inep, explicou o procedimento: “Com o cadastro individualizado, poderemos acompanhar de perto a evolução dos universitários, compreender quando esse aluno deixou um curso, se voltou anos depois ou se mudou de graduação”, afirmou. Segundo o especialista, esse processo poderá facilitar, inclusive, a obtenção de diagnósticos de evasão, uma preocupação constante dos educadores de ensino superior que buscam traçar estratégias para a qualidade de ensino e retenção de alunos.

Para Christyne, esse será o maior desafio do Inep para 2012, quando será dado início ao Censo 2011, “porque sabemos que as instituições têm dificuldade em obter esse documento do aluno, sobretudo as públicas, que enfrentam alguns obstáculos para gerenciar essas informações”, assinalou.

A avaliação passou por mudanças importantes de 2009 para cá. “Em 2009, começamos a fazer a coleta individualizada de alunos, não apenas por amostragem”, lembrou Christyne. “Na edição de 2010, houve a integração com o cadastro e-Mec, e em seguida, integração com o Enade”, contou. Ela acrescentou ainda: “futuramente, estudaremos a possibilidade de integrar nosso sistema com a base de dados da Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior], para compreender ainda mais a evolução acadêmica de cada indivíduo”.

Obstáculos

O técnico do Inep, Renan Carlos, reconheceu que ainda há obstáculos para a melhor aplicação do Censo nas instituições. “Em um universo de 6,5 milhões de alunos, a tentativa de controlar incoerências no Censo são feitas, mesmo sabendo que erros podem ocorrer. Para evitar problemas, fazemos cruzamento com outros bancos de dados”, comentou.

Christyne afirma que “ainda existe a dificuldade de sistematizar banco de dados em instituições públicas. Nas faculdades menores, é possível fazer cadastro manual. Nas maiores, é tudo feito em migração de dados. Eventualmente, encontramos problemas e inconsistências. Um bom exemplo foi quando identificamos um curso formado por pessoas falecidas”, exemplificou.

Sindata

Gabriel Mario Rodrigues, presidente da ABMES, ressaltou que a disponibilização de dados às instituições é essencial para a busca de soluções para a educação e investimentos no setor privado. “Esse tipo de informação precisa ser apurada e depurada de forma a nos apoiar, como educadores e gestores, a planejar ações educacionais”, afirma. “Para suprir necessidades às carências específicas do setor privado, sistemas desenvolvidos exclusivamente para o setor particular já foram criados, como o Sindata, desenvolvido pelo Semesp em complementação e apoio ao Censo levantado pelo MEC”, anunciou.

O Sindata (Sistema de Informações do Ensino Superior Particular) é uma ferramenta de gestão desenvolvida pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo para as instituições particulares de ensino superior. O objetivo do sistema é receber e disseminar informações dos mantenedores das IES para criar uma base de dados sólida sobre o panorama da educação superior particular. O Sindata está em constante atualização participativa: as instituições interessadas em ter acesso aos balanços nacionais também contribuem abastecendo o sistema com dados provenientes de instituição.

Crescimento do ensino à distância X Corte de vagas

Entre 2009 e 2010, houve considerável crescimento do número de matriculados nas instituições, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. “Um dos setores que mais cresceu foi o de educação à distância (EAD). No início de 2001, o número de matriculados e concluintes nesta modalidade era praticamente nulo. Nos Censos de 2009 e 2010, é possível observar que houve uma estabilização, chegando a quase 15% o número de matrículas”, explica Renan Carlos. “Esperamos que esse número possa crescer ainda mais, mas não temos pressa. Queremos que cresça com qualidade, a fim de evitar a criação de centenas de novos cursos sem bom padrão educacional”, completou.

No entanto, a regulação do ensino superior feita pelo MEC – que, a partir dos indicadores de ensino superior, reduz o número de vagas em instituições que obtiveram notas baixas – preocupa educadores que enxergam no ensino à distância uma oportunidade de investimento. “O público dos cursos noturno e EADs é formado por pessoas mais velhas e é uma oportunidade para quem trabalha ou não pode estudar antes”, comentou Rodrigo Capelato, do Semesp. A faixa etária média dos universitários em EAD é de 33 anos, enquanto nos cursos presenciais é de 24 anos.

“Regulação do MEC fecha a oferta de vagas nos cursos à distância, e consequentemente o ingressos. Enquanto o número de novos cursos só cresceu, de 370 em 2007 para 930 em 2010, o número de ingressantes é decrescente”, analisou. “É um público de mais de 20 milhões de pessoas, com ensino médio completo e que estão fora da universidade. É uma grande oportunidade de inclusão nesse âmbito, mas o MEC tem que liberar a oferta.”

Acompanhe

O material apresentado durante as exposições, bem como os arquivos de áudio e vídeo, podem ser conferidos no portal da ABMES (www.abmes.org.br).


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Áudios

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Áudio: Censo da Educação Superior 2010 (II)

Data:06/12/2011

Descrição:Exposição do Técnico da Coordenação de Controle de Qualidade e Indicadores da Educação Superior (Inep/MEC), Renan Carlos Dourado, durante o seminário da ABMES de 06 de dezembro de 2011

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Áudio: Censo da Educação Superior 2010 (III)

Data:06/12/2011

Descrição:Exposição do Diretor Executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, durante o seminário da ABMES de 06 de dezembro de 2011

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Áudio: Censo da Educação Superior 2010 (Debate)

Data:06/12/2011

Descrição:Debate realizado após o seminário "Censo da Educação Superior 2010: análise crítica dos resultados para a tomada de decisões estratégicas", de 06 de dezembro de 2011

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