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Ensino superior particular saiu à frente na última década com mais de 4 milhões de matrículas

14/12/2011 | Por: ABMES | 1815

O Censo da Educação Superior, aplicado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) em instituições de ensino superior (IES) particulares e públicas, configura a principal ferramenta do Ministério da Educação para obtenção de um retrato sobre a formação dos brasileiros. Alguns especialistas alertam que os dados do Censo não devem ser analisados – principalmente por instituições e gestores educacionais interessados em aprimorar o ensino – de forma superficial, como apresentada pelo ministério, uma vez que serve de parâmetro para que universidades e faculdades possam planejar suas ações e investimentos.

O relatório do Censo 2010, divulgado em 7 de novembro, demonstra que o ensino superior brasileiro cresceu em vários sentidos. Novos cursos, aumento do número de ingressantes e concluintes são índices que podem significar que a educação superior brasileira está avançando. Rodrigo Capelato, diretor executivo do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), explica que esse tipo de resumo macro é limitado. “Quando a análise afirma que o ensino superior vai super bem, temos que tomar certo cuidado para descobrir o porquê. Se olharmos por dentro, vemos que o ensino presencial não cresceu muito em comparação às modalidades a distância e tecnológica”, defendeu o educador durante as apresentações do Seminário ABMES “Censo da Educação Superior 2010 – análise crítica dos resultados para a tomada de decisões estratégicas”, realizado no dia 6 de dezembro.

Um dos dados desmembrados por Capelato diz respeito ao grande crescimento do ensino a distância, comentado pela primeira vez no relatório de 2010. “A evolução de matrículas sempre foi apresentada levando em conta os dados dos cursos presenciais. O que podemos observar com a inserção das novas informações é que o crescimento dos presenciais é bem mais tímido”, explica. De 2003 a 2010, os cursos presenciais cresceram 31%. Quando se avalia esse mesmo período somando-se as vagas dos cursos à distância e tecnológicos, o crescimento chega a 63%.

Fazendo um recorte apenas nos cursos presenciais, podemos ver que instituições públicas e privadas passaram por um longo período de estagnação até 1997, com número linear de matrículas por ano. Logo após e até 2003, o ensino superior particular saiu à frente, passando por sua maior fase de expansão, registando 13,55% de crescimento no número de matrículas em um intervalo de seis anos. “É então que se começa a perder fôlego, a partir de 2003. O ritmo de crescimento desacelerou e vem se mantendo estável”, comenta Capelato. Nos últimos 13 anos, o setor particular quase triplicou o número de matrículas, atualmente mais de 4 milhões, enquanto o setor público dobrou, correspondendo a 1,4 milhão em 2010.

Em busca do perfil do universitário: cruzando dados

Quem são os responsáveis pelo crescimento do ensino superior? Em alguns pontos, o Censo ajuda a compreender quem é o principal personagem dentro da sala de aula – ao indicar, por exemplo, maior incidência de universitários do sexo feminino, entre 19 e 24 anos. Mas quando se pensa em dados socioeconômicos que poderiam avaliar o perfil específico desse estudante, o Censo ainda se limita às barreiras dos registros acadêmicos.

Buscando traçar uma visão mais ampla desse cenário, um dos dados levantados pelo Semesp correlacionou informações da Síntese de Indicadores Sociais de 2009, levantamento feito pelo IBGE. “Quando avaliamos o crescimento da população, que possui de 11 a 14 anos de estudo, por faixa de renda, colocado do lado a faixa de crescimento das matrículas nas IES, vemos que as curvas são exatamente as mesmas, para os indivíduos das classes C e D”, demonstra Rodrigo Capelato. Segundo ele, o cruzamento comprova que o crescimento do ensino vem se dando quase que exclusivamente por meio da inclusão dessas classes no ensino superior. “Compreender dados desse tipo nos traz uma ferramenta mais completa. Torna-se um desafio conhecer esse público para saber o que ofertar”, defende o professor.

Outra avaliação importante diz respeito ao perfil do estudante em busca de formação pela educação a distância. “O aluno que busca o EaD tem um perfil diferenciado. São indivíduos mais velhos, predominantemente do sexo feminino, a maioria com idades entre 25 a 39 anos”, afirma Capelato. Conforme o especialista, ao se avaliar censos do IBGE, pode-se dizer que esse contingente é de mais de 20 milhões de pessoas. “Se pensarmos em um número tão grande de adultos, que têm o ensino médio completo e que estão prontos para ingressar no ensino superior, abre-se à nossa frente uma grande oportunidade”, diz. “Hoje, não chegamos a um milhão de alunos matriculados no EaD [foram 930 mil matrículas em 2010]. Se investíssemos em apenas 20%, já seriam mais de 4 milhões de pessoas estudando”, ressalta.

Para ele, um grande empecilho para o crescimento do número de estudantes pode estar na ampliação da regulação feita pelo MEC nos últimos dois anos. “Se não houver crescimento dessa oferta, não há como atender a demanda. A regulação do MEC corta vagas nos cursos a distância e, consequentemente, o ingressos. Estamos perdendo uma grande chance de promover a inclusão nesse âmbito”, afirma.

Sindata: compreendendo as instituições particulares

Outra oportunidade para o cruzamento eficiente de dados nas instituições é a utilização de sistemas desenvolvidos exclusivamente para o setor, como o Sindata, desenvolvido pelo Semesp em complementação e apoio ao Censo levantado pelo MEC. O Sindata (Sistema de Informações do Ensino Superior Particular) é uma ferramenta de gestão desenvolvida para as instituições particulares de ensino superior. O objetivo do sistema é receber e disseminar informações dos mantenedores das IES para criar uma base de dados sólida sobre o panorama da educação superior.

“Muitas das informações recolhidas das instituições podem facilitar essa análise aprofundada, possibilitando o desenvolvimento de ações específicas para melhoria do ensino e oferta de serviços”, explicou Rodrigo Capelato. O Sindata está em constante atualização participativa: as instituições interessadas em ter acesso aos balanços nacionais também contribuem abastecendo o sistema com dados provenientes de instituição. Saiba mais sobre o Sindata.

Os documentos apresentados, bem como os arquivos de áudio e vídeo do seminário sobre os resultados do Censo, estão disponíveis no portal da ABMES. 


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