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Os desafios da formação profissional

08/03/2023 | Por: Portal da Indústria | 1146

Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), feito em 2022, jogou luz sobre uma grande barreira para o desenvolvimento do Brasil: a falta de mão de obra qualificada. Segundo o estudo, até 2025 precisaremos formar 9,6 milhões de trabalhadores apenas para atender ao setor industrial. O desafio é grande, mas não impossível, como indicam as estatísticas educacionais mais recentes.

O último Censo da Educação Básica mostra que, no ano passado, houve um salto nas matrículas da educação profissional de nível médio. Saímos de 1,8 milhão, em 2021, para 2,1 milhões de estudantes em 2022. Há que se destacar, ainda, a inclusão da formação profissional no currículo do Novo Ensino Médio, com seus itinerários formativos.

Sem passar por uma mudança tão significativa, a educação superior também tem apresentado resultados positivos. De acordo com o último Censo da Educação Superior, as matrículas nessa modalidade cresceram 86% entre 2011 e 2021, impulsionadas sobretudo pela educação a distância (EAD), em que a expansão atingiu a marca de 375,5%.

É interessante notar que, pelo perfil da EAD (estudantes mais velhos e que já trabalham), ela tem atendido pessoas que buscam uma atualização na sua área ou, até mesmo, uma nova profissão. Essa realidade vai ao encontro de outro alerta feito pela CNI: o de que 79% das pessoas (ou 7,6 milhões daquelas 9,6 milhões citadas inicialmente) precisam de formação continuada, ou seja, atualização.

Há, portanto, um cenário otimista sendo desenhado. Os brasileiros estão mais abertos à formação profissional tanto no nível médio quanto no superior. Esse movimento orgânico da sociedade não tem sido suficiente, contudo, para resolver a equação complexa que envolve ocupação das vagas disponíveis, redução do Custo Brasil, arrefecimento do desemprego e melhor qualidade de vida para a nossa população.

Também não tem sido suficiente para suprir os profissionais formados em cursos de bacharelado e licenciatura. Precisamos de políticas públicas e de currículos escolares e acadêmicos que dialoguem com as demandas de um mercado de trabalho em constante transformação e aumentem a empregabilidade dos brasileiros.

As instituições particulares de educação superior, responsáveis por 76,9% das matrículas de graduação, estão cientes desse cenário e empenhadas em mudá-lo, mas uma evolução mais significativa passa pela revisão da atual regulação: o que já é assunto para outro artigo…

*Celso Niskier é Diretor-presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)