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Desafios do Ensino Superior no Brasil são discutidos em Congresso

16/06/2012 | Por: O Jornal de Hoje | 1385

Mais de 300 reitores, pró-reitores, diretores e representantes de universidades e faculdades de todo o País estão reunidos em Natal participando do V Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, que tem como tema principal os Desafios do Ensino Superior no Brasil. O evento, promovido pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, está sendo realizado desde a última quinta-feira no Hotel Serhs e vai ser encerrado neste sábado.

Segundo o presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Abib Salim Cury, o maior problema enfrentado pela educação do País é a deficiência no ensino básico. “Basicamente temos que fechar um espaço grande entre o ensino básico e o superior. Este é o grande gargalo que precisa ser resolvido, porque senão não teremos bons alunos. Há um alto índice de evasão nas universidades particulares formado por pessoas que chegam à universidade e como não estão preparados, vão embora, desistem. Outro ponto importante é o  financiamento estudantil. Acredito que o País não acordou para o financiamento, que é um investimento na educação”.

O palestrante Marcos Formiga, professor da Universidade de Brasília, destacou que o fórum abordará o futuro da educação a partir do conhecimento da realidade educacional no mundo e no País. “Em se tratando do Brasil os problemas são sérios e repetitivos. Conseguimos fazer o desenvolvimento da economia e não da educação. A nossa tese é inverter a pirâmide, levando a qualidade do que é feito numa pós-graduação para o ensino básico, um trabalho que duraria até 25 anos. Para isso é necessário mudar a mentalidade dos dirigentes, do Governo e também fazer com que a sociedade cobre essas mudanças”.

Já o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Divonzir Arthur Gusso, frisou que a diversidade e diversificação da economia brasileira trazem reflexos na educação e o País tem que saber como se posicionar. “Hoje são seis milhões de alunos no ensino superior e cerca de 800 mil vão para o mercado por ano, mas a grande maioria opta por cursos que não tem grande evolução no mercado. Estudos recentes apontam que estas pessoas estão ocupando o mesmo cargo de quando ainda estavam no ensino médio ou tiveram uma pequena melhora. Desta forma, elas não se tornam profissionais qualificados, mesmo com nível superior”.

Ainda segundo o pesquisador do IPEA a solução é resolver o problema na base educacional e reestruturar os cursos, visando também à diminuição da evasão. Ele ainda reforça que dentro da evolução da educação brasileira há pontos muito positivos. A formação brasileira de cientistas é uma das melhores do mundo, fruto de um bom trabalho na área de pós-graduação. Costumo dizer que o telhado está bom, mas o alicerce é que está ruim”.

Gilson Mendes, diretor geral de duas faculdades no Espírito Santo, elegeu os contatos e troca de experiências como o ponto alto do congresso. “Aqui podemos trocar experiências. Mas defendo que o congresso deve ser a cada dois anos (hoje é anual), porque poderíamos implantas nas nossas instituições novas metodologias e colher os resultados para debatê-los. Tenho certeza que a grande maioria dos meus colegas sairá daqui com a certeza de que o maior problema na educação é a base. Não podemos transferir os problemas do ensino básico para o ensino superior. O MEC é que tem que resolver”.