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Ayres Britto faz conferência durante entrega de prêmio da ABMES

05/12/2012 | Por: ABMES | 2955

O ministro Carlos Augusto Ayres Britto esteve na sede da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) na terça-feira, 4 de dezembro, para receber o Prêmio Milton Santos de Educação Superior. Ele foi agraciado na categoria “Personalidade destaque na sociedade civil”. Após a solenidade de entrega dos troféus, o ministro brindou a plateia com uma conferência sobre o tema “Educação na Constituição”.

O jurista, conciliador e progressista, e também poeta, fez uma reflexão filosófica sobre o art. 205 da Constituição – que estabelece os objetivos da Educação – tendo como referência básica o ser humano considerado na sua totalidade. E questionou: “Por onde começar a formação plena da pessoa humana? Como buscar um ensino emancipatório comprometido com o novo? Como sair do lugar comum?”. Para o ministro, as respostas estão em todas as coisas; o que falta são as perguntas. Ayres Britto ponderou ainda que o atual modelo de educação é antigo e ultrapassado. “Este conceito está cheio de formol, e formol se parece muito com formal”, brincou.

Durante a sua fala, o ministro abordou questões importantes, como o exercício da cidadania, a qualificação para o trabalho, a coexistência das instituições públicas e particulares. Citou filósofos e poetas, e dentre estes, por mais de uma vez, o poeta Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.  Para o ministro, navegar é seguro, certo e predeterminado; viver é incerto e perigoso. “Pessoas de sentimento vivem perigosamente porque personalizam as coisas”, pontuou.

Para além da Ação Penal 470 (“Mensalão”), Ayres Britto destacou a importância do Poder Judiciário “que se afirma e tem gerado decisões que infletem sobre toda a cultura nacional” – a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias, o piso salarial dos professores, o reconhecimento da união estável de homossexuais, a liberdade de imprensa e a demarcação integral e contínua da área indígena Raposa Serra do Sol. No que se refere a esta questão, o jurista lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a saída dos não índios da área, de 1,7 milhão de hectares, na fronteira do estado de Roraima com a Guiana e a Venezuela e destacou: “os índios são sensitivos e pertencem àquela terra. Para eles, a terra é viva e carrega a tradição dos ancestrais que viveram nela”.

Ao concluir, Ayres Britto arrancou risos da plateia com o oximoro: “quem não monta bem no estribo dos cinco sentidos, perde o bonde do sexto”. O senador Cristovam Buarque, que também estava presente, completou: “quem não se abre para o sexto sentido, não consegue usar os cinco que tem”.

O presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues destacou a cultura de Ayres Britto. “A cada frase sua, a cada pensamento exposto, faz com que a gente reflita sobre nossos caminhos”, afirmou. Ao final do evento, os participantes demonstraram o carinho e admiração pelo ministro e parabenizaram a ABMES por ter promovido o encontro a seus associados.

Prêmio Milton Santos de Educação Superior

Ao lado do ministro Ayres Britto, receberam o troféu da 5ª edição do prêmio o senador Cristovam Buarque e os professores Janguiê Diniz e Jouberto Uchôa. Saiba mais sobre o prêmio, o patrono e os vencedores no site miltonsantos.abmes.org.br.


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Áudios

Áudio: Prêmio Milton Santos de Educação Superior (Conferência)

Data:04/12/2012

Descrição:Conferência do Ministro Carlos Augusto Ayres Britto sobre o tema "Educação na Constituição"

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