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Morre Oscar Niemeyer, o poeta do concreto

06/12/2012 | Por: ABMES | 1587

“O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida.” As belas e sábias palavras foram retiradas do texto Poema das Curvas, de Oscar Niemeyer, que agora encontra novas curvas nas nuvens do céu. O arquiteto faleceu na noite da quarta-feira, 5 de dezembro, aos 104 anos, no Rio de Janeiro. Referência mundial em arquitetura, o poeta do concreto, como era chamado, projetou Brasília e inúmeras obras Brasil afora.

Niemeyer nasceu em 15 de dezembro 1907, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Foi casado durante 75 anos com Annita Baldo, que faleceu em 2001. O casal tinha uma única filha, Anna Maria, que morreu esse ano. Em 2004, Niemeyer casou-se com sua então secretária, Vera Lúcia Cabreira, com quem vivia até hoje.

Carreira

Em 1934, aos 27 anos, Oscar Niemeyer tornou-se engenheiro arquiteto. Seu primeiro projeto individual foi construído em 1938, a Obra do Berço, sede de uma instituição filantrópica de assistência social a bebês. Em 1960, executou o seu projeto mais famoso: a nova capital federal. Ao lado de Lúcio Costa e Juscelino Kubitschek, Niemeyer inovou e desenhou a cidade em forma de avião. Com monumentos cheios de curvas, Brasília é mundialmente conhecida por sua arquitetura revolucionária.

Acadêmico

Niemeyer foi fundador da Universidade de Brasília (UnB) ao lado de Darcy Ribeiro e de Anísio Teixeira. Foi coordenador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB. Mas por causa da ditadura, em 1965 se exilou voluntariamente na Europa por 15 anos. Em Paris, montou escritório e promoveu importantes inovações arquitetônicas. De volta ao Brasil em 1980, o arquiteto nunca parou de trabalhar. Em sua última internação, os médicos diziam que ele ainda trabalhava “os seus rabiscos”. Agora, rabisque o céu, Niemeyer.

Íntegra do Poema das Curvas


“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro no curso sinuoso dos nossos rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.”