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Diretor da ABMES fala sobre fusão entre a Kroton e Anhanguera

24/04/2013 | Por: Santos Jr. Consultoria | 1356

Dr. Sólon, a fusão entre Kroton e Anhanguera cria a maior empresa de educação em valor de mercado do mundo. O senhor acredita que este evento trará ao Brasil uma nova relação com investidores internacionais?

Um fator que inicialmente precisa ser destacado é que, no mundo de negócios de hoje, não existem mais grandes organizações pertencentes a uma pessoa ou a famílias. As empresas para crescerem precisam de recursos financeiros que são disponibilizados por fundos de investimentos constituídos pela poupança de pessoas ou de grupos associativos. No Brasil, não é tão expressivo como nos EUA ou na Europa, onde os indivíduos, em busca de uma aposentadoria complementar, investem no mercado de ações para garantirem seu futuro. Os fundos de pensões possibilitam a aposentadoria de seus participantes com investimentos de longo prazo.

Essa fusão que a mídia assinalou como a criação da maior empresa de educação do mundo, nada mais é que uma estratégia da Kroton e da Anhanguera de se unirem e juntarem suas experiências, talentos e estruturas, para aprimorarem seu desempenho e alcançarem melhores resultados tanto do ponto de vista econômico como educacional. Sem dúvida os olhares dos investidores internacionais se voltarão para o Brasil, o que é interessante para todas as atividades e para seu crescimento. Quanto mais investimento, nacional ou internacional, melhor para o desenvolvimento do país. Da nova instituição exige-se que as questões de transparência e qualidade de ensino fiquem mais definidas porque a própria sociedade vai cobrar e exigir com mais ímpeto. O importante é garantir que ela corresponda às expectativas do seu público alvo, que são os alunos, em termo de qualidade nos cursos e instalações.

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Na sua avaliação, é possível que esta fusão traga algum desequilíbrio para a livre concorrência em nosso mercado?

Na minha percepção, não. As duas empresas já eram grandes. É uma soma natural de estruturas de trabalho na busca de maior qualificação. Haja visto que cada uma já atuava antes em diversos estados brasileiros. Agora, elas se consolidam para poder oferecer melhor gama e qualidade de serviços. Em termos de mercado há ainda muito a crescer e nos próximos 10 anos para ser uma nação desenvolvida o Brasil precisará dobrar o número de seus universitários. Acredito que há ainda muita oportunidade para todos. O que vai ser necessário é a diversificação da oferta de cursos e de instituições onde cada uma possa, pela sua diferenciação, mudar o sistema, que ainda é muito igual e sem novas oportunidades para quem deseja cursar uma escola superior.

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A presidência do Conselho Administrativo combinado das duas empresas será exercida pelo Prof. Gabriel Rodrigues, também presidente da ABMES e reconhecido pela sua postura plural e de defesa do setor. O senhor entende que a presidência da nova companhia pode trazer reflexos na relação da entidade com as outras IES, principalmente de pequeno porte?

A ABMES é uma associação que congrega todas as mantenedoras de ensino superior, independente do seu porte. Gabriel Mario Rodrigues não foi escolhido por acaso para ser o presidente do conselho administrativo da maior empresa do ramo educacional do mundo. Ele foi escolhido por sua experiência acadêmica e pela sua forma de administrar. De forma alguma ele se valeria do cargo que tem para prejudicar alguma instituição. Pelo contrário, penso que o professor, por ser uma personalidade com grande respeito dentro do sistema educacional, utilizará seu reconhecimento e a representatividade em prol da sustentabilidade das pequenas instituições e para o desenvolvimento do ensino superior.

A Associação sempre priorizou a defesa dos interesses comuns do setor particular de ensino superior. No passado, antes dessa fusão, o professor Gabriel já tinha uma participação na Anhanguera e era sócio da Anhembi Morumbi, que hoje é da Laureate, e isso nunca interferiu nas relações da ABMES com seus associados.

A sustentabilidade das Pequenas e Médias Instituições de Ensino Superior (PMIES) é uma bandeira não só da ABMES como também do professor Gabriel. Estamos prevendo para este ano ações concretas tanto em nível de execução quanto em nível de políticas públicas pautadas na sustentabilidade dessas instituições, que estão distribuídas pelo Brasil. Recentemente realizamos um seminário com o objetivo de traçar o perfil dessas IES e assim obtermos subsídios para a realização de um estudo que vai auxiliar a sustentabilidade dessas PMIES no cenário educacional.

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Na relação com os órgãos reguladores, a força econômica da nova companhia poderá permitir que o setor tenha maior força política para trazer à pauta temas de interesse?

É função do governo regular as instituições. O MEC não faz diferenciação entre tamanhos de instituições e essa fusão não interfere no tratamento regulatório do Ministério. Concordando ou não com o sistema de avaliação vigente, todas as normas legais deverão ser obedecidas e quem não tem nota 3 terá problemas.

Quanto a isso, o setor educacional particular já conseguiu construir uma parceria com o MEC, por meio de grupos de trabalhos e câmaras temáticas para tratar de variados assuntos que fazem parte do processo regulatório. E isso vai ter continuidade. O setor particular não faz questão e nem quer benesses do governo. Nós fazemos questão de sermos avaliados e regulados dentro dos parâmetros da Lei, dentro das regras do SINAES, e assim oferecermos aos nossos alunos um padrão de qualidade que lhes proporcione condições de ocupar as melhores postos de trabalho nas grandes empresas nacionais e multinacionais.