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Gabriel Mario Rodrigues fala sobre as expectativas para os próximos anos frente à ABMES

08/05/2013 | Por: ABMES | 1971

A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) elegeu nesta terça-feira, 7 de maio, a nova diretoria responsável por sua gestão no triênio 2013/2016. Pelo quarto mandato consecutivo, Gabriel Mario Rodrigues é eleito presidente da ABMES.

Os três primeiros mandatos de Gabriel consolidou a entidade como a voz do ensino superior particular, apostando na articulação e na elaboração de propostas que garantem a contínua melhoria da educação superior. Durante esses anos, a Associação contribuiu para que as mantenedoras se tornassem aptas a enfrentar os novos desafios do cenário educacional no século XXI.

Entre as prioridades da quarta gestão de Gabriel está o desafio de contribuir com o contínuo fortalecimento do ensino superior particular e proporcionar às pequenas e médias instituições de ensino estratégias de gestão para que elas possam se manter no segmento.

Essa importante demanda não faz parte, apenas, de sua função enquanto presidente da Associação. Gabriel tem uma vida dedicada à educação deste país. Sua participação no ensino superior brasileiro se solidificou há exatos 42 anos, quando criou, em 1971, pela Faculdade Anhembi Morumbi, o primeiro curso de Turismo do Brasil.

Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura Mackenzie e grande estudioso das estratégias de Comunicação Empresarial, o presidente reeleito da ABMES assumiu recentemente a presidência do Conselho Administrativo da Anhanguera.

Com a sua vasta experiência no setor acadêmico e empresarial, Gabriel passou a liderar ações que visam oferecer subsídios aos gestores do segmento particular o apoio necessário para a a conquista da sustentabilidade das Instituições de Ensino Superior (IES).

Em entrevista à ABMES, o presidente reeleito fala sobre suas expectativas para a nova gestão. Confira.

 

1-    Professor Gabriel, como o senhor se sente ao assumir o quarto mandato como presidente da ABMES?

Eu me sinto transportando o legado dos dois presidentes que me precederam. Esse legado construímos juntos, ao lutarmos pelo desenvolvimento da educação brasileira. Foi um trabalho que começou aos poucos e ao longo do tempo foi se aprimorando. Hoje a ABMES presta relevante serviço ao setor, a atestar pelo relatório de ações realizadas no último triênio.
 

2-    Qual é a avaliação que o senhor faz das suas gestões anteriores?

Penso que é uma continuidade do trabalho dos presidentes que me antecederam. Claro que em todos os anos temos desafios diferentes com o Ministério da Educação e propósitos diferentes. Nos últimos anos, o grande alvo dos nossos trabalhos foi a questão da regulação do ensino superior feita pelo MEC. Sobretudo no sentido de preservar o que já foi conquistado e fazer o Estado entender a representatividade e a importância do ensino superior para educação.
 

3- Qual será o foco da sua nova gestão?

Pretendo continuar as ações que dizem respeito à valorização das instituições, cuidar da imagem do setor e garantir  que o Estado perceba cada vez mais a nossa representatividade. Essa gestão será focada nas ações de comunicação e na sustentabilidade das Pequenas e Médias Instituições de Ensino Superior - PMIES.
 

4- Como o senhor pretende dar voz às PMIES?

O sentido de uma associação é defender o direito de todos os seus associados. No quadro presente, as pequenas instituições têm problemas dentro do processo de regulação feito pelo Estado que não obedeceu a Lei dos Sinaes [Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior]. Essa lei estabeleceu a sistemática da avaliação brasileira. Um princípio importante dessa lei é que o Estado deveria saber discernir entre as instituições segundo a sua tipologia e a sua regionalidade, defendendo as especificidades de cada uma. Pelo sistema de avaliação isso não é obedecido e as PMIES são obrigadas a cumprir regras exigíveis para uma universidade e não uma faculdade. 
 

5- Professor, fale um pouco sobre sua experiência no cenário educacional e a sua análise sobre o ensino superior particular.

Nas nossas atividades, a gente tenta passar as experiências de uma vivência de 42 anos de ensino educacional, de quem venceu por ter trilhado caminhos diferentes da maioria das pessoas, sempre atento às mudanças e às percepções do mercado. Como no ensino superior tudo é mais ou menos igual e o sistema é difícil de ser mudado, quem apareceu é quem teve iniciativas, como no meu caso, que ofereci cursos diferentes. Não é fácil. Porque as realidades são diferentes. Eu aprendi participando de atividades associativas e no relacionamento com os pares. No mundo, tudo mudou. De dez anos para cá houve uma revolução. A internet proporcionou uma mudança radical em todos os setores, menos no setor educacional. Ele está preso no conhecimento antigo e as pessoas são difíceis de mudar. O ensino presencial e o online em breve vão se unir. Você não vai precisar ir todos os dias à escola porque o que o professor vai falar já está na internet. A tecnologia vai mudar completamente o tipo de aula que estávamos habituados e a forma de transmitir conhecimento. O setor vai ter que se adaptar.
 

6- E quais são as perspectivas para os próximos anos em relação ao setor? 

Uma tendência é a consolidação das instituições. Elas estão se juntando para poderem em escala e em menor custo oferecer uma gama maior de serviços. Isso está acontecendo há pelo menos cinco anos e a tendência são os grandes grupos educacionais. Por outro lado, as PMIES sempre sobreviverão, se compreenderem e interagirem junto ao mercado onde elas estão inseridas. As IES precisam entender que a principal atividade das instituições é a educação e não o ensino superior. Há uma gama de serviços que podem ser prestados pela instituição, não só o nível superior. Educação é nível médio, fundamental, cursos livres, ensino para concursos, ensino técnico.
 

7- Recentemente a ABMES realizou um seminário voltado para as pequenas e médias instituições de ensino superior. Muito se falou da importância dessas IES, sobretudo, por sua atuação no interior do país. De que forma o senhor pretende articular as ações da ABMES para ajudar essas instituições a se manterem no cenário educacional?

A grande questão é conseguir que o Estado conheça os problemas das PMIES e depois os de ordem do próprio negócio. Como sequência desse seminário realizado, a ABMES encomendou uma pesquisa para avaliarmos mais precisamente as próximas ações. Mas por exemplo, eu vejo que a tendência hoje é o compartilhamento de tudo que se faz pra que os custos sejam menores. Só que não adianta apenas eu achar que vamos criar um sistema de compras unido. Ter uma central de compras facilita, mas na pesquisa é que a gente vai saber o que as IES pensam.
 

8- Em relação às avaliações do MEC, como a nova gestão da ABMES se posicionará para contribuir com o aprimoramento do processo?

Nós não queremos flexibilização. O que queremos é que se cumpra a lei, o que o Ministério da Educação não tem feito. O MEC usa de artifícios para avaliar as instituições de ensino superior particulares porque não tem estrutura para fazer o trabalho da forma como a lei determina. Vamos brigar, debater e fazer as autoridades entenderem que esse modelo de avaliação aplicado não está correto. 
 

9- O senhor tem construído uma sólida história durante todos esses anos de atuação no setor. Qual o legado que o senhor pretende deixar para ABMES e para a educação brasileira?

Cada presidente no transcurso do seu cargo deixa um legado para toda a sociedade. Especialmente para ABMES, penso em criar um prêmio para valorizar projetos empreendedores universitários que possam se tornar negócios. É uma espécie de incubadora. É uma ideia que estudo que será a minha marca, caso eu consiga viabilizar esse projeto. 

 

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