A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) promoveu no dia 07 de maio um painel que teve por tema Educação Brasileira no Século XXI: Papel e Compromisso do Setor Particular de Ensino. Palestraram no evento três ícones da educação brasileira: o presidente da entidade, Gabriel Mario Rodrigues, e os ex-presidentes Candido Mendes e Édson Raymundo Franco. Eles discorreram sobre as tendências, desafios e perspectiva que envolvem o ensino superior no novo século. A mesa foi mediada por Carmen Luiza da Silva, vice-presidente da Associação.
Como uma das tendências de ensino para o século XXI, o professor Candido Mendes refletiu sobre o aumento de ingressos de pessoas da terceira idade na educação superior. Mendes ressalta que esse público representa, hoje, 2,6% do corpo discente e que as instituições precisam estar preparadas para lidar com essa nova realidade. Ele observa que a terceira idade busca cada vez mais informação para se manter atualizada.
Já como um dos grandes desafios, Cândido chama atenção para a falta de preparo por parte dos professores em despertar nos jovens o interesse em educar a memória. “Os docentes do século XXI não estão se dando conta de que a memória é algo que se define na universidade, a partir de uma formação. Hoje cada vez mais a memória é algo que o ‘Google’ diz, satura e elimina. O Google não é capaz de selecionar o que é ou não relevante”, acrescenta.
O especialista definiu essa geração como “geração do Google”, que lê pouco e conhece cada vez menos sobre a própria história. “Hoje me espantam as novas gerações, que não sabem sobre o passado do nosso país. Cada vez menos sabem quem foi Zumbi. Cada vez menos sabem sobre a nossa formação afro. E me impressiona ainda mais o fato de muitas pessoas não saberem quem foi Juscelino Kubitscheck. Esse fenômeno é inquietante. A nova geração tem lembrança, mas não tem memória”.
Outra tendência da atualidade é ensino a distância, que cresce continuamente e que, de acordo com o professor Édson Franco, certamente vai ganhar cada vez mais espaço. “A escola do século XXI leva sua mensagem aos alunos sem exigir deslocamento de professores, numa diferença completa do passado”, lembra.
Para Franco, se antes a tecnologia exigia que o aluno ficasse preso ao computador [PC], hoje o tablet possibilita o aprendizado em qualquer lugar. Ele considera que “o ensino a distância exige significativa responsabilidade por parte do aprendiz”. Franco alerta o setor particular para que se prepare para o novo século, focando na qualidade de ensino. “O desafio maior será capacitar os docentes e pesquisadores para o novo mundo que está chegando”.
O presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues, fechou o painel sobre a educação brasileira no século XXI lembrando que a revolução digital vai forçar uma transformação no cenário da educação nos próximos anos. Ele ressalta que vivemos em uma sociedade de mudança – dinâmica, instável e evolutiva. E apontou: “Num mundo como este, a única certeza estável é a certeza de que tudo vai mudar”.
Nesse contexto, Gabriel alerta para a necessidade de se adaptar e não esperar para ver o que vai acontecer, sob o risco de se tornar obsoleto. O presidente da ABMES lembra ainda que a competição agora não é só no Brasil ou mesmo no Mercosul, mas global. “Com a globalização, a escola deixou de ser da sua rua, deixou de ser do seu bairro, deixou de ser da sua cidade. A instituição é do mundo”, destaca.
Gabriel finalizou sua participação ressaltando que a educação é fundamental para o desenvolvimento do país e que as pessoas já perceberam que por meio dela é possível melhorar o nível econômico e social da população.
Nas considerações finais, a coordenadora da mesa, Carmen Luiza, concluiu as instituições precisam educar com foco na autonomia. “Se não houver autonomia, reflexão, crítica e conhecimento que fundamente o conteúdo, não existe formação. Educação é produto de primeira necessidade”, aponta.

