A Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com o Instituto Expertise Educação e o Instituto PHD Educacional, está realizando uma pesquisa que visa estabelecer as bases para um plano de ação em apoio às Pequenas e Médias Instituições de Ensino Superior (PMIES), que compõem a maioria do quadro de associados da entidade, em razão de sua importância para o segmento de ensino superior particular.
A pesquisa permitirá o aprofundamento de estudos sobre temas tais como: normas legais, processo de expansão, competição as turbulências do sistema educacional, políticas governamentais, modelos e estratégias de gestão. Realizará ainda pesquisa de campo cujo questionário será extremamente eficaz para o levantamento de informações de altíssima qualidade para municiar as PMIES na construção de seus projetos institucionais. Os resultados da pesquisa serão enviados às IES participantes por meio de recortes específicos, que lhes permitirão realizar análises e diagnósticos de seu interesse.
As PMIES exercem relevante papel na democratização do conhecimento, principalmente na interiorização do ensino superior no país. Um levantamento realizado, em 2011, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) concluiu que as PMIES representam 71,17% do total de instituições particulares. Desde 2002, o setor teve crescimento de aproximadamente 50%. Quase metade dessas instituições está localizada na região sudeste, com 46% das matrículas em cursos presenciais de todo o país.
A importância das PMIES não se dá, apenas, pelas regiões onde atuam ou pela quantidade de alunos, mas também por contribuir efetivamente para o desenvolvimento local. Nesse contexto, “é preciso reconhecer que as PMIES além de contribuírem para a formação de recursos humanos, melhoram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) local, empregam professores e outros profissionais e movimentam o comércio da região”, ressalta Rodrigo Capelato, diretor do Sindicato das Entidades de Mantenedoras de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp).
De acordo com o presidente da ABMES, Gabriel Mario Rodrigues, “a participação das PMIES na pesquisa legitima o projeto que a Associação pretende coletivamente construir e implementar”.
Desafios das PMIES
A permanência das PMIES no sistema educacional representa um dos grandes desafios do segmento particular de ensino. Além de enfrentar problemas de natureza acadêmica, de gestão e de ordem financeira, elas ainda têm de lidar com um mercado competitivo, sobretudo, com as grandes instituições que têm facilidade em captar recursos financeiros. Sabe-se que as PMIES enfrentam grandes dificuldades em conseguir financiamento estudantil ou linhas de crédito bancário.
Na opinião do professor Édson Franco, diretor administrativo da Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa), o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) e a exigência do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) também são grandes gargalos para as PMIES. Franco destaca que “o processo avaliativo vigente ignora as diferenças inerentes entre grandes e pequenos estabelecimentos educacionais, exigindo condições similares a todos”, conclui.
De acordo com a diretora acadêmica da ABMES, Cecília Horta, essas instituições deveriam receber uma avaliação de qualidade condizente com suas especificidades. "São instituições que estão atentas às demandas locais e regionais e desempenham importante papel social: levam aos lugares mais remotos do país (onde a carência da população e a baixa rentabilidade não atraem a fixação de grandes grupos e o Poder Público não está ou está precariamente presente) a oportunidade do conhecimento".
Diante da importância das PMIES no cenário educacional em nosso País, a ABMES promove frequentes seminários e debates que têm como foco subsidiá-las na busca da sustentabilidade no sistema em meio a tantos desafios.
“A ABMES acredita nos projetos sérios e consistentes das PMIES e reafirma, com grande convicção, a sua crença na possibilidade de colaborar no processo de descoberta de caminhos que garantem a sua sustentabilidade no sistema educacional brasileiro”, conclui Horta.
