Nos últimos 10 anos, o número de alunos com necessidades especiais que ingressaram no ensino superior cresceu 933%. Ao todo são 26.663 alunos especiais, e, deste total, aproximadamente 14 mil estão nas IES particulares.
O processo de inclusão das pessoas com necessidades especiais, em termos de educação, de modo geral, apresenta avanços significativos no Brasil. No entanto, quando se faz um recorte desse contexto para o Ensino Superior público ou privado, observa-se que há pouca discussão sobre o tema. Esse foi o motivo que levou a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) a promover, no dia 1º de outubro, o seminário Acessibilidade da Educação Superior: impactos na avaliação.
O encontro reuniu especialistas que expuseram a necessidade de ampliar o conhecimento sobre o termo “acessibilidade” e debatê-lo com profissionais da área de educação a fim de capacitá-los para uma transformação dos sistemas em meios inclusivos, que não tenham mecanismos de seleção ou discriminação.
De acordo com Soraia Napoleão, professora titular do Departamento de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o aumento no número de matrículas evidencia que esta população está chegando à educação superior e movimentando a prática acadêmica na universidade.
A professora faz questão de reforçar que, para diminuir as desigualdades historicamente acumuladas e garantir a igualdade de oportunidades aos grupos discriminados e segregados, “é fundamental lidar com as diferenças de toda a ordem e buscar caminhos para o ingresso e permanência destes alunos no segmento”.
De acordo com Denise de Oliveira Alves, consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud/Inep), “é preciso preparar a instituição para receber e incluir, com eficácia, o aluno que precisa de um aprendizado especial e, assim, desenvolver uma educação heterogênea”. A coordenadora ressalta que a temática deve ser compreendida em seu amplo espectro – atitudinal, física, digital, pedagógica, curricular e metodológica.
Acessibilidade na educação superior: impactos na avaliação
Suzana Schwerz Funghetto, coordenadora-geral da Avaliação dos cursos de Graduação e Instituições de Ensino Superior (Inep/MEC), discorreu, durante o seminário, sobre os impactos da acessibilidade na avaliação das instituições de ensino superior. Ela explica que todo processo de inclusão educacional tem início com a inserção no Plano de Desenvolvimento da Instituição (PDI) e no Projeto Pedagógico dos Cursos (PPC). “É no PPC que estará a concepção subjacente aos processos avaliativos, metodológicos e a organização do trabalho pedagógico como um todo, o que justifica a importância de que esse contemple como eixo estruturante o respeito as diferenças e a diversidade humana”, esclareceu.
De acordo com Funghetto, as ações com foco na implementação da inclusão devem ter caráter transversal e articular a tríade “ensino, pesquisa e extensão” no desenvolvimento das ações e programas previstos.
Para o ano de 2014, Funghetto anunciou a publicação da obra Referenciais de acessibilidade na educação superior e a avaliação in loco do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), e disse que haverá treinamento específico para aperfeiçoar o trabalho de avaliadores quanto às questões que permitem a acessibilidade.
Os slides apresentados pelas especialistas durante o seminário Acessibilidade da Educação Superior: impactos na avaliação já estão disponíveis para visualização.
O evento foi transmitido, ao vivo, para todo o Brasil, pela ABMES TV e no auditório, na sede da ABMES, estiveram presente gestores de IES de todo o país.
Fique por dentro
Todos os meses a ABMES realiza seminários para garantir que seu corpo de associados se mantenha informado dos principais temas e oportunidades do ensino superior. As vagas são limitadas e preenchidas rapidamente. Portanto, ao ser informado sobre os eventos da Associação, antecipe-se e garanta sua vaga. Os eventos são gratuitos para associados.
