Além da qualidade frágil do ensino, o mau desempenho de 30% dos cursos no Enade, segundo especialistas, revela a dificuldade do Ministério da Educação (MEC) em regular as instituições de ensino superior no País. Entre as soluções apontadas, está a criação de uma agência autônoma responsável pela avaliação, ideia já prevista em projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados desde 2012.
Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília Gilberto Lacerda, os dados negativos não surpreendem. "A realidade é provavelmente bem pior". Para ele, seria necessário que o MEC fosse menos centralizador na regulação e avaliação dos cursos. "Talvez a agência reguladora atuasse com mais empenho".
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo Ocimar Alavarse destaca que, na regulação do ensino superior, a atuação do MEC é mais solitária. "Diferentemente da educação básica, não há tanta articulação com Estados e municípios", afirma.
O Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior, proposto pelo Executivo no projeto de lei, assumiria as funções da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior, do MEC.
Exame contestado. Para o diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Solón Caldas, a forma de aplicação do Enade prejudica a avaliação. "O estudante que faz a prova não tem comprometimento com o resultado", reclama. Segundo ele, a nota da prova deveria constar no histórico escolar, o que serviria de motivação para ir bem no teste. Outro problema, acredita, são os boicotes de alunos ao exame.
O problema da proposta de incluir a nota no histórico é que ela não se aplicaria a todos. "O Enade é por amostragem, não daria para colocar o resultado de todos", explica Alavarse.
