“A reflexão que nos separa de um país desenvolvido e justo ainda é grande. Para isso, precisamos investir na educação como um todo, pois, essa construção deságua na formação superior no Brasil”, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho, durante o seminário realizado em 8 de agosto na sede Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em Brasília/DF. O evento debateu a posição do governo sobre o novo Fies 2018, bem como discutiu a educação superior nos últimos 35 anos – trajetória, desafios e perspectivas.
O seminário foi dividido em dois momentos. O primeiro discutiu a trajetória do ensino superior e contou com a presença de Mendonça Filho e dos membros da Academia Brasileira de Letras (ABL) Arnaldo Niskier, Marcos Vilaça e Merval Pereira. A mesa foi coordenada pelo diretor presidente da ABMES, Janguiê Diniz.
O segundo momento, sobre o Novo Fies, teve a participação do secretário de Educação Superior (SESu/MEC), Paulo Barone; do consultor jurídico da ABMES, José Roberto Covac; do diretor de Políticas e Programas de Graduação (SESu/MEC), Vicente de Paula; e dos vice-presidentes da ABMES Celso Niskier e Débora Guerra.
“O futuro da educação deve estar voltado para o investimento no tripé ensino, pesquisa e extensão. A ABMES congrega as muitas entidades, representando-as nas várias instâncias governamentais e não governamentais”, afirmou Arnaldo Niskier.
Para a ABMES, a pavimentação desse cenário tem sido prioridade. "Temos atuado na construção efetiva de materiais, na pesquisa e em produção de conhecimento. Atuando fortemente junto aos órgãos governamentais, garantindo, assim, os direitos e as conquistas de nossos associados. A ABMES é a voz do setor”, disse Janguiê Diniz.
Durante o debate foram levantadas questões em torno das novas tecnologias na educação, os avanços das politicas públicas e o fomento do acesso ao ensino superior particular. Nesse contexto, Merval Pereira ressaltou a importância destas tecnologias para a educação. "Elas permitem que o país dê saltos adiante, e isso é uma maneira de termos otimismo. Infelizmente, a educação nunca foi prioridade em nosso país. Temos que focar, inclusive, em políticas que viabilizem a educação permanente”, disse.
"Não acredito em uma educação distante da cultura. Esse contexto cultural deve estar presente no campo do ensino, as tradições nacionais, as regionalidades, em respeito ao sentimento de universalidade, pois somos um país de muitas diferenças", pontuou Marcos Vilaça.
Fies 2018
No segundo momento do seminário, a discussão girou em torno do novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Para Paulo Barone, “não conseguimos abordar todas as inconsistências de nossa política brasileira. O Ministério da Educação é bem importante, mas essa emenda é apresentada pela Presidência da República. E no momento precisamos de ajuste fiscal no país e de suficiência de recurso. Ainda assim, mantivemos a extensão a distância. Mantivemos acesso à pós-graduação. Mas, temos prioridade em atender certo grupo de estudantes”.
“Atualmente, 76% dos alunos estão no ensino particular e na Constituição está previsto a gratuidade e o aceso ao ensino público. Precisamos de ousadia na gestão pública para mudar esse cenário. O Novo Fies não contempla o aspecto social, apenas o quesito financeiro. Sob nossa ótica, o Estado deve educar o seu povo. O programa está bom, mas temos essa crítica. Não há como responsabilizar as instituições pelo não pagamento do Fies”, ressaltou Janguiê Diniz.
Na oportunidade foram enaltecidos os 35 anos de fundação da ABMES, que tem desenvolvido ações na área acadêmica e no âmbito político. No setor acadêmico, a Associação elabora estudos sistemáticos sobre temas relacionados ao segmento privado e tem capilaridade significativa, representando mais de duas mil entidades, além de estar atenta às principais discussões do setor.