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Enade: cursos de graduação na área de Administração Pública tiveram pior resultado entre os analisados em 2018

04/10/2019 | Por: O Globo | 4567
Foto: Reprodução/ O Globo

O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) avaliou que 16% dos cursos analisados em 2018 não agregaram ao estudante o desenvolvimento esperado. Este dado é apontado pelo Índice de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD). Para chegar ao IDD, o MEC realiza um cálculo que leva em consideração o desempenho do estudante no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no Enade. No Conceito Enade, a avaliação também apontou que 65% dos cursos analisados oferecidos por universidades federais atingiram, em 2018, os melhores resultados. O pior desempenho foi na área de Administração Pública. Nela, 53,4% dos cursos avaliados ficaram com os menores números do Conceito Enade (1 e 2).

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério da Educação (MEC). No total, foram avaliados 8.821 cursos — sendo 1.275 (14%) públicos e 7.546 (86%) privados — de bacharelado e de superiores tecnológicos.

Em 2018, os cursos avaliados foram os bacharelados de Administração, Administração Pública, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Design, Direito, Jornalismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda, Relações Internacionais, Secretariado Executivo, Serviço Social, Teologia e Turismo.

Já os superiores tecnológicos que passaram pelo Enade foram Comércio Exterior, Design de Interiores, Design de Moda, Design Gráfico, Gastronomia, Gestão Comercial, Gestão da Qualidade, Gestão de Recursos Humanos, Gestão Financeira, Gestão Pública, Logística, Marketing e Processos Gerenciais.

Participaram 462.242 concluintes em todos os estados brasileiros. Juntando os cursos das universidades públicas e privadas, a área que teve mais cursos com o Conceito Enade 5, o máximo possível, foi Secretário Executivo, com 10,3%. O tecnológico de Design de Interiores foi o pior, com apenas 2,2%.

Conceito Enade
O índice, que também incorpora o perfil socioeconômico do estudante, varia de 1 a 5. As notas 1 e 2 significam que o curso não levou o aluno, com a formação que tinha no início, ao patamar esperado. Da nota 3 em diante, os cursos conseguiram levar o estudante até o patamar projetado ou mais.

A avaliação é realizada todo ano, com diferentes cursos. Em 2019, o Enade será aplicado no dia 24 de novembro. Passarão pelo testo alunos de cursos como Agronomia, Engenharias, Medicina, Nutrição, Odontologia, entre outras.

A prova é composta por uma parte relativa à formação geral, com 30 questões e outra com 10 questões que diz respeito a conteúdos específicos. Parte das perguntas é de múltipla escolha e outra parte dissertativa.

Quase 65% dos cursos analisados de universidades federais atingiram, em 2018, os melhores índices do Conceito Enade (4 e 5) entre os concluintes. Esse número chega a apenas 20,9% nas universidades privadas, combinando aquelas com e sem fins lucrativos.

O Conceito Enade de um curso não significa que é bom ou ruim, mas que é melhor ou pior do que os outros avaliados.

ABMES promete propostas
Após a divulgação do resultado, a Associação Brasileiras de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) divulgou uma nota na qual o diretor presidente Celso Niskier afirma que o desempenho das universidades privadas tem relação com dois fatores. O primeiro é o perfil dos alunos.

"Historicamente, sabemos que estão nas universidades públicas um grupo maior de alunos com melhor condição econômica, que tiveram oportunidades de estudo mais qualificado, e, com isso, obtiveram resultados superiores no ENEM. Perfil bem diferente dos alunos das IES privadas, em sua maioria oriundos das escolas públicas", afirma Niskier na nota.

Além disso, a associação também questiona a metodologia do Enade. Um deles é "o fato do aluno não ter incentivo para fazer a prova com dedicação, pois a nota não entra no histórico escolar". Niskier ainda defende que é preciso "novo modelo de avaliação, que considere as diferenças regionais e econômicas entre alunos e instituições, e que dê incentivo para que os alunos façam a prova com dedicação".

Por isso, a associação pretende apresentar um estudo com novas formas de avaliação. "O objetivo final deve ser melhorar a qualidade da educação como um todo e que todas as partes (MEC, alunos e IES) se vejam envolvidas no processo, para que a avaliação realmente mostre um panorama dos pontos a serem aprimorados, já que defendemos o crescimento do setor, com qualidade", finaliza a nota.


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