A pandemia da Covid-19 promoveu um salto evolutivo na educação superior brasileira. Conceitos que estavam sendo debatidos há alguns anos, como o hibridismo, amadureceram e se consolidaram a ponto de se tornar tema de discussão e estruturação no Conselho Nacional de Educação (CNE). O assunto foi tema do seminário virtual “Os quadrantes híbridos da educação superior brasileira”, promovido pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), nesta terça-feira (09), via YouTube.
Segundo a presidente do CNE, Maria Helena Guimarães de Castro, até janeiro será apresentado ao Ministério da Educação (MEC), uma resolução orientando instituições de ensino básico e superior para as adaptações necessárias de implementação das pedagogias ativas mediadas por tecnologia. “Temos uma versão preliminar com capítulos dedicados à educação básica e outro à educação superior. A ideia é aprovarmos até o mês de janeiro o conceito de que a educação híbrida ou aprendizagem híbrida não é modalidade não é modalidade”, explicou.
Maria Helena também detalhou o que considera ser a percepção adequada da educação híbrida mediada por tecnologia. “A educação híbrida veio para ficar. Não se trata de regular como uma modalidade do MEC, que deverá obedecer x% presencial ou x% híbrido”, e completou, “a educação híbrida não é considerada modalidade em nenhum lugar do mundo. O que temos é um debate em andamento na União Europeia sobre o tema”.
Preocupada em colaborar e dar suporte às instituições de ensino superior (IES), a ABMES elaborou o conceito inovador dos quadrantes híbridos, um conjunto de novos modelos de ensino beneficiados pela redução da resistência de alunos e professores ao uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Por isso, além do seminário virtual, foi lançado um e-book sobre o assunto assinado pelo diretor presidente da ABMES, Celso Niskier. A publicação pode ser acessada gratuitamente aqui. “A ABMES acredita que no pós-pandemia o modelo dos quadrantes híbridos responderá melhor ao momento, uma vez que permite não só um melhor entendimento das possibilidades didático-pedagógicas, mas também é simples de entender e é fácil de ser adotado pelas IES”, afirmou Niskier.
Os detalhes de cada uma das abordagens foram apresentados pelo pró-reitor de planejamento e desenvolvimento da UniFOA, Max Damas. De forma didática, o modelo híbrido proposto considera dois eixos: espaço (presencial ou virtual) e tempo (síncrono ou assíncrono). Ambos resultam em quatro quadrantes de possibilidades didático-pedagógicas: atividades presenciais e síncronas (PS), atividades virtuais e síncronas (VS), atividades presenciais e assíncronas (PA) e atividades virtuais e assíncronas (VA).
“Em cada um deles há um leque de possibilidades de ferramentas e abordagens, assim como há habilidades a serem desenvolvidas tanto por professores quanto pelos alunos”, detalhou Damas. Ele também apresentou passo a passo de um exemplo para o curso de Nutrição como forma de ilustrar na prática como os quadrantes se aplicam.
Aprofundando ainda mais o tema, o consultor de educação a distância da Hoper Educação, João Vianney, expôs um histórico do hibridismo no Brasil. “Hibridismo já está regulamentado no Brasil, flexibilizando e personalizando a aprendizagem desde o fim da década de 1990”. Segundo ele, o grande desafio é mudar a mentalidade da gestão educacional brasileira e se adaptar ao que é realidade dos jovens. A vida dos jovens já é híbrida e o desafio é para nós, os adultos, nos adaptar à nova realidade que já existe. O MEC, que é o "adulto dos adultos" tem mais dificuldade ainda. Se for colocar em um grau de dificuldade de implementação, posso dizer que a maior delas está nas velhas cabeças que regem a educação brasileira.
Para assistir ao seminário na íntegra, acesse aqui.