Detalhe

Para aumentar vagas de ensino técnico, MEC flexibiliza oferta nas universidades privadas

06/05/2022 | Por: O Globo | 1516

Uma portaria publicada na última segunda-feira flexibilizou a oferta de ensino técnico pelas universidades privadas. A partir de agora, as instituições não precisarão mais de autorização dos conselhos estaduais de educação, processo que poderia demorar até dois anos. O aval será dado pelo próprio Ministério da Educação. O anuncio da mudança foi feio pelo titular da pasta, Victor Godoy Veiga, durante o Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (CBESP).

— A habilitação dessas instituições vai trazer mais desenvolvimento para educação tecnológica do pais, pela capilaridade e qualidade que elas possuem — afirmou Veiga.

O número de matrículas do ensino técnico brasileiro está praticamente estagnado no patamar de 1,8 milhões de estudantes desde 2015 (passou de 1,82 milhões naquele ano para 1,89 milhões em 2021), o que é um problema na avaliação do diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e secretário executivo do Fórum, Celso Niskier.

— O jovem quer uma formação mais rápida para acessar o mercado de trabalho. Na área de tecnologia da informação, por exemplo, há uma demanda de quase 400 mil vagas para os próximos anos e apenas um terço disso de alunos formados para ocupá-los. Se não houver uma ampliação da oferta, não vamos conseguir atender isso — afirma. — Esse é um caminho mais rápido das instituições oferecerem os cursos técnicos já que muitas já tem a capacidade instalada para as graduações. Isso vai acelerar muito a oferta de curso técnico no país.

Para oferecer os cursos técnicos, as universidades precisam ter conceito acima de 3 (numa escala de 1 a 5) no Índice Geral de Cursos ou Conceito Institucional; atuação em curso de graduação em área de conhecimento correlata à do curso técnico; e Conceito Preliminar de Curso ou Conceito de Curso acima de 4 (também numa escala de 1 a 5). Essa medida, com regras muito similares, já havia sido instituída na oferta de vagas das universidades privadas no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

— Esses parâmetros garantem que o curso já comece com certo nível de qualidade — diz.

A mudança facilita especialmente a ampliação dos cursos técnicos à distância. Antes da portaria, a universidade precisava pedir autorização para cada conselho estadual onde teria estudante. Na nova regra, só precisam da aprovação do MEC. As universidades agora aguardam a publicação de um edital com os procedimentos que deverão tomar para liberar os cursos e começarem a ofertar as vagas.

— Os cursos têm suas características. Aqueles que precisam de habilidades motoras, podem ser semipresenciais, em que as aulas teóricas são realizadas de forma on-line e a prática no presencial — afirmou Niskier.

Segundo ele, o Brasil hoje tem 10 mil polos de universidades privadas. Se metade delas oferecerem cem vagas, são 500 mil somadas, um crescimento de 25% das matrículas no ensino técnico brasileiro, estimou Niskier. Ele também aponta que, com isso, as instituições vão poder se articular com escolas particulares ou até com redes estaduais para oferecer o itinerário técnico do novo ensino médio, um dos gargalhos de oferta do modelo.

— As instituições usam uma capacidade ociosa de oferta que não estão utilizando. E, como setor, estamos vendo uma demanda de cursos mais rápidos, de até um ano — explica.


Conteúdo Relacionado

Notícias

CBESP apresenta 10 propostas para o desenvolvimento do ensino superior brasileiro

O documento traz dez propostas para o desenvolvimento do ensino superior brasileiro.

MEC facilita abertura de cursos técnicos pelas universidades privadas

Aval dependerá apenas do ministério para abrir vagas online em vários polos; setor prevê atender demanda do novo ensino médio

Brasil deve atingir meta de matrículas no ensino superior apenas em 2040

Um dos objetivos da meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE) é colocar 33% da população entre 18 e 24 anos no ensino superior até 2024

Meta do PNE de ter 33% dos jovens na faculdade será alcançada com 16 anos de atraso, diz estudo

O levantamento feito pela consultoria Educa Insights e a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) foi divulgado nesta sexta (6) durante o XIV Congresso Brasileiro de Educação Superior Particular, em Florianópolis

Ensino superior privado projeta atraso de 16 anos para atingir meta de jovens nas faculdades

Plano Nacional de Educação previa 33% dos brasileiros de 18 a 24 anos na universidade até 2024; setor defende mudança no Fies, com cobrança somente após o estudante conseguir emprego

No ritmo da última década, meta do PNE para ensino superior será atingida em 2040, diz estudo

No pior cenário, país atingiria estagnação em 2033 e pode nunca conseguir ter 33% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade

Número de alunos em cursos técnicos pode crescer 25% com oferta em faculdades privadas

Em 2019, havia cerca de 1,8 milhão de alunos matriculados nessa modalidade de curso, que tem duração de um ano

CBESP: Experiências internacionais inspiram participantes no segundo dia

Cases de sucesso no exterior foram apresentados em uma manhã de grandes aprendizados disruptivos

CBESP: Experiências nacionais de criatividade e inovação marcam presença no segundo dia

Cases de sucesso no Brasil adotam metodologias disruptivas, valorizam a formação integral do aluno e atendem às demandas do mercado de trabalho

Editora

Revista Estudos nº 45

Criada em 1982, a Revista Estudos, de conteúdo temático, tem como objetivo reunir trabalhos sobre grandes temas educacionais, elaborados por profissionais reconhecidos nacionalmente, como subsídio ao aprofundamento de debates e de reflexões das instituições de ensino superior. A edição de nº 45 aborda a criatividade e inovação na construção da educação superior pós-pandemia.