Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), divulgada nesta terça-feira, mostra que caso a tendência de crescimento nas matrículas no ensino superior continue a mesma, em 2023 o número de ingressantes por meio da educação à distância (EAD) nas universidades particulares será maior que o daqueles que entram para cursos presenciais.
De acordo com o estudo, a projeção é que em 2023 haja 2.276.774 matrículas novas de ensino superior na educação à distância, o correspondente a 51% do total, enquanto que os cursos presenciais das instituições particulares registrarão 1.993.319 ingressantes. Os últimos dados do Censo da Educação Superior 2016, divulgados no ano passado pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que nas instituições privadas o número de alunos que entraram em cursos presenciais naquele ano era 1.637.461, enquanto que 818.691 ingressaram na educação à distância.
— É uma boa notícia, signfica a ampliação do acesso ao ensino superior. Determinadas faixas da população que não tinham essa oportunidade, seja porque são mais velhos e não queriam voltar a estudar da forma tradicional, ou porque são trabalhadores que não têm disponibilidade de voltar a ser aluno por tempo integral, agora voltaram a estudar. A educação à distância também tem alcance expandido em regiões do país que não tinham acesso— afirma Celso Niskier, vice-presidente da ABMES, que explica que o crescimento da modalidade se deve também ao declínio nos contratos do Fies, que financiavam a entrada no ensino presencial.
As informações divulgadas pelo Censo no ano passado já evidenciavam a importância da educação à distância para manter o crescimento de matrículas no ensino superior privado. Na época, o Censo apontou que o índice de novos alunos nessa modalidade aumentou 297,3% em uma década, considerando instituições públicas e privadas. Esse crescimento fez com que a participação desta modalidade no percentual de novos alunos saltasse de 10,8% em 2006 para 28,2% em 2016.
Os dados mostram que a maioria das pessoas que escolhem a educação à distância têm em média de 31 a 40 anos, trabalham e são casadas. Essa modalidade também é mais popular entre as mulheres, que representam 62% dos que escolhem a EAD.
MOTIVOS PARA NÃO ADERIR À EAD
O estudo da ABMES analisou ainda outros aspectos sobre a educação superior à distância, como a disponibilidade das pessoas para se inscreverem em um curso como esse e o que leva à rejeição à EAD. Nesse sentido, foram ouvidas 1.012 pessoas de 18 a 50 anos de idade das classes A, B, C, D e E.
As entrevistas foram feitas nas cinco regiões do país, a maior parte delas com pessoas que já concluíram o ensino médio e têm interesse em cursar uma universidade nos próximos anos. No total, foram 756 pessoas nesse perfil e outras 256 que já estão na universidade.
A pesquisa identificou, por exemplo, que quando os entrevistados são informados de que o curso oferece toda a parte prática presencialmente, a resistência a fazer educação à distância se torna muito pequena. Segundo o estudo, 93% dos participantes ingressariam nessa modalidade se a parte prática fosse ministrada presencialmente.
Aqueles que ainda assim não fariam o curso à distância apontam como motivos principais a ideia de que essa modalidade não é bem avaliada no mercado e o receio de que a universidade não ofereça suporte para tirar dúvidas de imediato.