Apesar do período pandêmico, o investimento na formação superior continua sendo muito importante para a empregabilidade. De acordo com a 1º edição do "Indicador ABMES/Symplicity de Empregabilidade (IASE)", divulgada nesta terça-feira (19) em um seminário on-line no canal do YouTube da Associação, 69% dos egressos do ensino superior estão empregados após até um ano da colação de grau. A taxa de ocupação é a mesma para os recém-formados, independe da modalidade do curso – seja presencial ou a distância – e a remuneração média geral é de R$ 3,8 mil.
O levantamento inédito foi realizado a partir da parceria da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) e a Symplicity, empresa de solução de software de empregabilidade e engajamento estudantil. O indicador também contou com a colaboração do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e 10 instituições particulares de ensino superior. A abordagem foi inspirada na metodologia da associação internacional NACE, um dos principais instrumentos de coleta e avaliação da situação profissional de egressos nos Estados Unidos.
A partir dos resultados identificados, as IES podem aprimorar seus currículos acadêmicos e os órgãos governamentais, como o Inep e o Ministério da Educação (MEC), podem direcionar melhor as políticas públicas da educação superior. Essa medição possibilita que as instituições acompanhem e tenham dados da efetividade da inserção profissional e do impacto social de sua atuação, de forma a identificar e agir nos pontos de oportunidade.
“Este relatório foi apresentado ao presidente do Inep, Danilo Dupas, à secretária de Regulação e Supervisão do Ensino Superior do MEC, Diana Guimarães Azin, e vai ser apresentado ao ministro da Educação, Victor Godoy Veiga, como uma contribuição do setor para que se discuta de fato o impacto que as instituições possuem na vida e na renda dos estudantes e aqui temos boas notícias para compartilhar”, anunciou o diretor presidente da ABMES, Celso Niskier.
Este é um estudo inédito e uma das formas mais efetivas de acompanhar números objetivos de resultados dos egressos. Concluído este piloto, o indicador passará a ser institucionalizado e realizado anualmente, expandindo a quantidade de instituições participantes e robustez da amostra e consolidando o padrão nacional de indicador de empregabilidade.
Gabriel Custodio, gerente regional Brasil da Symplicity Corporation comentou os próximos passos. “O que a gente quer mesmo é consolidar este estudo como um padrão nacional, como os Estados Unidos e a Irlanda têm, para chegar em taxas de conhecimento sobre nossos egressos ao patamar de 60%, 70%. É uma jornada que começou com essa edição”, afirmou.
O cientista digital da Inteli, Mauricio Garcia, comentou a relevância da iniciativa apresentada. “A análise da empregabilidade é uma fatia muito importante da área acadêmica porque traz os dados para o centro do debate. Todo gestor acadêmico que trabalha em uma instituição de ensino precisa trazer dados para a rotina”, afirmou.
Resultados promissores
Coube ao consultor estratégico da Symplicity Corporation, Paulo Antonelli, apresentar os principais resultados do projeto piloto que deu origem ao levantamento. O 1º Indicador ABMES/Symplicity de Empregabilidade (IASE) avaliou a colocação profissional de quase 2 mil egressos que colaram grau entre meados de 2020 e meados de 2021, ou seja, no momento mais crítico para ocupação profissional no decorrer da pandemia da Covid-19. Ainda assim, 48,82% dos formados estavam em ocupações formais, 10,86% trabalhando como autônomos ou profissionais liberais, 2,77% como empresários e apenas 2,82% estavam na informalidade.
Entre os bacharéis e tecnólogos, o aproveitamento no mercado de trabalho foi mais significativo, de 70% e 69%, respectivamente. Em contrapartida, os profissionais que fizeram licenciatura alcançaram índice de 61%. Aqueles que estão empregados na área de formação tiveram melhores resultados na ocupação de vagas profissionais: 81% entre quem fez bacharelado, 69% entre os licenciados. Contudo, entre os tecnólogos, o percentual foi de 51%.
A pesquisa também levou em consideração a remuneração dos recém-formados. A média salarial geral foi de R$ 3.799,29, sendo R$ 3.972,52 no grupo de bacharéis, R$ 3.709,48, entre os tecnólogos e R$ 2.392,86 entre os licenciados. O valor médio se eleva quando a ocupação é na área de formação e chega a R$ 3.805,53.
Áreas de trabalho mais promissoras
O IASE apontou ainda as áreas com maior empregabilidade, conforme a área de graduação dos egressos pesquisados. Os profissionais na área de TI estão no topo da lista, com 82% que declararam estar trabalhando (Figura 2), 77% deles na área de graduação. Nas Engenharias, 77% estão contribuindo ao mercado de trabalho, 93% trabalhando na área. Entre os profissionais de Saúde também há um salto: 72% está empregado, 85% atuando na área de formação.
Merecem destaque, entre as áreas apuradas, os recém-formados em Direito, campo em que 53% estão no mercado de trabalho e 63% na própria área. Mais da metade dos egressos em Negócios, Comunicação e Educação também garantiram ocupação para que foram preparados nas instituições de ensino superior.
Os investimentos em tecnologia e a continuidade das atividades no setor de construção civil são apontados como impulsionadores da maior oferta de vagas em TI e Engenharias, bem como na média salarial dos egressos, R$ 5.268,75 e R$ 4.476,94, respectivamente. A retomada das atividades do Turismo garantiu maior remuneração para os formados na área de Hospitalidade (R$ 4.550,00) e o aumento na demanda por profissionais de Saúde garantiu salários iniciais médios de R$ 3.912,62.
Indicador ABMES/Symplicity de Empregabilidade (IASE)
A 1º edição do Indicador ABMES/Symplicity de Empregabilidade (IASE) foi elaborada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Symplicity - líder global em soluções de software de empregabilidade e engajamento estudantil. O estudo tem como objetivo formatar uma maneira padronizada de acompanhar os resultados de egressos e implantar indicadores de empregabilidades de relevância nacional, baseado em modelos já maduros aplicados em países que se destacam no tema, como EUA e Irlanda, com as adaptações necessárias para adequação ao cenário nacional.
Foram coletados dados de 1.989 egressos de graduação que colaram grau entre 31 de julho de 2020 e 30 de junho de 2021 de 10 instituições privadas de ensino superior de todas as regiões do País. O período de apuração foi de 26 de novembro de 2021 e 18 de maio de 2022. O levantamento de informações primárias foi realizado por essas instituições, seguindo o modelo de questionário quantitativo, acordado entre os participantes do Grupo de Trabalho criado pela parceria que teve o apoio do Inep. Os resultados incluem referências, como: o tipo de colocação profissional, média salarial e educação continuada.