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Governo e empresas discutem novos modelos de ensino superior

09/11/2021 | Por: Valor Econômico | 3689

Grupos privados de ensino superior e o governo estão discutindo a criação de novos modelos de aprendizagem que, em sua maioria, giram em torno de cursos híbridos, que mesclam aulas presenciais e on-line.

O Conselho Nacional de Educação (CNE), autarquia ligada ao Ministério da Educação MEC), está formulando uma resolução que regulamenta um modelo pedagógico baseado em projetos, ou seja, as aulas são orientadas por aulas práticas, com uso de tecnologia. Um exemplo: alunos de uma universidade brasileira e de uma instituição de ensino americana, cada qual assistindo aulas presencialmente em suas respectivas escolas, estudam um caso real de mercado juntos, com a ajuda de videoconferências.

Há chances dessa resolução sair do papel ainda neste ano. “Essa resolução vem na esteira dos efeitos da pandemia e é para ampliar as opções pedagógicas que temos hoje”, disse Luiz Roberto Curi, autor do projeto, conselheiro e ex-presidente do CNE. Segundo dados de 2019, o país tem cerca de 6,5 milhões de alunos no ensino superior privado.

Nesse cenário em que a autarquia discute o tema, a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), entidade representante das faculdades privadas, apresentou ao CNE uma proposta de criação de quatro modalidades de aprendizagem: presencial síncrona (aulas e atividades práticas realizadas presencialmente com todos os alunos juntos), presencial assíncrona (atividades práticas presenciais, sendo que os alunos podem realizá-las em momentos distintos), virtual síncrona (aulas e atividades on-line ministradas em tempo real) e virtual assíncrona (aulas gravadas e outras atividades virtuais).

“Essa ideia do quadrante [das quatro modalidades de aprendizado] tem relação com o nosso projeto de criar uma resolução para uma metodologia pedagógica mediada por TI [tecnologia da informação] que amplia o aprendizado por competência”, disse o conselheiro do CNE.

As empresas defendem um modelo de operação mais flexível. “São quase dois anos de pandemia, é muito tempo. As pessoas mudaram suas vidas, trocaram de emprego, de cidade. Os alunos querem continuar estudando, mas se não houver uma flexibilização no modelo, há risco de evasão, do aluno trocar de faculdade”, disse Celso Niskier, presidente da ABMES.

A entidade também está pleiteando acabar com a exigência de credenciamentos distintos para ensino presencial e a distância e com isso permitir que as faculdades possam oferecer ambas as modalidades de aprendizado.

Atualmente, no Brasil, há cursos presenciais e a distância (EAD) - modalidade que mais cresce desde a crise do Fies. A legislação permite que até 40% do conteúdo dos cursos presenciais seja ministrado a distância e até 30% da graduação on-line podem ser aplicados presencialmente, mas segundo especialistas essa distribuição não é o suficiente para atender as atuais demandas. “Essa distribuição de conteúdos por modalidade ainda é o formato pedagógico antigo”, disse Curi. Em vários outros países, é comum que parte dos alunos e professores de uma mesma turma esteja fisicamente na faculdade e outros participem da aula de forma remota. A

ABMES também está pedindo junto ao CNE a prorrogação por mais 12 meses do prazo para que as faculdades possam ministrar aulas remotas. Esse prazo termina no dia 31 de dezembro. Apenas 39% das mantenedoras de instituições de ensino têm autorização para ofertar cursos a distância. “As instituições de ensino fizeram investimentos altos em equipamentos, softwares para dar aulas a distância e agora o prazo vai terminar, mas nem todos os alunos vão voltar para o 100% presencial”, disse Niskier.

Curi disse que há possibilidades desse prazo ser estendido porque a legislação deixa em aberto que o retorno ao presencial seja efetivado conforme a melhora da pandemia.


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