Levantamento da consultoria Educa Insights e da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) mostra que a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de ter 33% dos brasileiros de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior, prevista para ser alcançada em 2024, só será atingida em 2040, ou seja, com 16 anos de atraso.
O estudo foi divulgado nesta sexta-feira (6) durante o XIV Congresso Brasileiro de Educação Superior Particular, em Florianópolis.
Considerando os números absolutos, seria preciso matricular mais 3,2 milhões de alunos até 2024. Atualmente, há cerca de 8,6 milhões de alunos matriculados no ensino superior, sendo 6,7 milhões nas faculdades privadas.
Segundo Sólon Caldas, diretor-executivo da entidade, esse atraso é devido à redução na oferta de financiamento estudantil. Quase 80% dos alunos matriculados no ensino superior estudam em faculdades privadas.
“Essa projeção de ter 33% dos jovens de 18 a 24 na faculdade foi feita em 2014, num cenário de ampla oferta de Fies”, disse.
Em 2015, o governo concedeu cerca de 730 mil contratos de financiamento estudantil e no ano passado foram apenas 47 mil contratos assinados.
Essa projeção levou em consideração um crescimento médio anual de 3,1%, entre 2010 e 2020.
O diretor pondera que o cenário poderia ser ainda pior e que só atingiram os atuais percentuais devido ao crescimento do ensino à distância nos últimos anos, em especial, durante a pandemia, quando todas as aulas foram ministradas de forma remota. Nos últimos dez anos, o volume de matrículas no segmento presencial caiu 13%, enquanto no EAD, houve crescimento de 428%, segundo Caldas.
O diretor da Abmes critica a política do governo em torno do Fies que em sua visão é muito baseado em questões fiscais e não em interesses sociais.
“O orçamento do Fies foi reduzido em 35% de R$ 8 bilhões para R$ 5 bilhões com o argumento de que as vagas do programa não são preenchidas. Há, por um lado, oferta de vagas não preenchidas e, do outro lado, uma demanda enorme de estudantes precisando do financiamento, mas governo não adequa o programa para atender uma base maior de alunos”, disse o diretor da Abmes.
Um dos pleitos do setor para abarcar um maior volume no Fies é que a nota obtida no Enem seja reduzida dos atuais 450 pontos para 400 pontos. Um dos maiores empecilhos para que estudantes com renda até 1,5 salário mínimo consigam o crédito estudantil do governo é que eles obtenham essa pontuação no exame, no entanto, como a maior parte vem de escolas públicas com baixo rendimento acadêmico é comum que esses jovens não consigam os 450 pontos.